Vereadores de Guarapari esvaziam sessão pela 3ª vez
Os vereadores de Guarapari decidiram, pela terceira vez consecutiva, esvaziar o plenário da Câmara. Sem quórum de no mínimo nove parlamentares, o presidente declarou encerrada a sessão, na tarde desta quinta-feira (12).
O fato se deu mais uma vez em protesto à decisão do juiz Gustavo Marçal da Silva e Silva, em determinar o retorno imediato do vereador Dito Xaréu (SD), que foi cassado por quebra de decoro parlamentar pela Câmara.
Em seu discurso, no início da sessão, o vereador Gilmar Pinheiro (PSDB) convidou os parlamentares que votaram pela cassação do vereador Dito a deixarem o espaço.
"Continuamos em um protesto. Um protesto não contra o vereador, mas contra a decisão da Justiça. Acredito que os poderes são harmônicos e independentes", disse Gilmar.
O assunto foi tema do discurso do deputado estadual Rafael Favatto (Patriotas), durante a sessão na Assembleia Legislativa do Estado, na última quarta-feira.
Favatto disse que a Justiça está atuando dentro do Poder Legislativo Municipal com relação à cassação do vereador Dito, o que estaria gerando uma instabilidade política na cidade. "Quero fazer um apelo à Justiça, para que resolva esse problema e deixe a Câmara julgar", enfatizou o deputado.
Líder do prefeito de Guarapari na Câmara, o vereador Wendel Lima (PTB), disse que respeita os colegas, mas acredita que o protesto possa acontecer em outro lugar, já que projetos importantes estão deixando de ser votados.
"Não sou favorável a este tipo de manifesto. Se alguém não concorda com a decisão da Justiça, que vá ao fórum conversar e saber o que aconteceu. O que não é justo, é penalizar a população de Guarapari. Temos projetos importantes para serem votados, como o abono dos servidores municipais, o processo seletivo de merendeiras e cozinheiras para a educação poder funcionar em 2020 e precisamos debater sobre o ordenamento do verão de Guarapari. E tudo isso está paralisado na Casa de Leis, porque há três sessões a pauta está congelada", disse Wendel.
Uma sessão extraordinária foi agendada para amanhã, com o intuito de votar o abono, mas alguns parlamentares declaram que, com a presença do vereador Dito, a sessão pode ser derrubada mais uma vez.
"Infelizmente, a sessão corre o risco de ficar sem quórum mais uma vez, pois o nosso protesto vai continuar", completou o vereador Gilmar.
O vereador Dito Xaréu, que foi cassado por suposto recebimento de propina para aprovação de uma lei, preferiu não se manifestar. Ele nega irregularidades.
su. Cassação foi decidida por 12 votos a favor
O vereador Dito Xaréu (SD) foi investigado devido aos áudios que vazaram do aplicativo de mensagens, que apresentavam partes de um diálogo entre o vereador e empresários negociando a aprovação da Lei Municipal de Eventos.
Doze dos 17 vereadores votaram pela cassação do parlamentar. Três vereadores optaram por abster do voto e uma vereadora deixou a sessão minutos antes da votação começar.
Nos áudios investigados, o vereador diz que "vai dar tudo certo, eu preciso que faça aquele 50% para poder batizar os meninos aqui, beleza? É seis, seis mil".
Em outro áudio, o vereador diz: "Então, é seis agora para protocolar e o homem vai vetar, com certeza. Derrubando o veto são mais seis, entendeu? Fala com eles aí, vou tirar foto e mandar para você, para poder já correr atrás desses seis. Para os meninos até quinta-feira na próxima sessão".
Durante sua defesa na sessão que votava a cassação, Dito repetiu que não pode garantir que os áudios são de sua autoria, e que a voz dos áudios é apenas parecida com a dele.
"Eu estou com a minha consciência tranquila e enquanto houver razões, eu não vou desistir", comentou o vereador em seu discurso.
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