O Centro vive!
Não temo em afirmar que em breve o Centro voltará a ser um bairro cobiçado
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Muito se ouve falar sobre a situação em que o centro de Vitória se encontra: que ele está decante, desvalorizado, que “acabou”. Seria verdadeira esta afirmativa? Argumentos como comércios fechados, moradores de rua espalhados e as ações do poder público, de fato, chamam a atenção para os mais variados problemas.
Diante de tantos questionamentos e tentativas de respostas, é preciso um olhar mais atento. Para tanto, vou explicar por que o Centro vive e quais os motivos que ainda o levarão a ser um bairro desejado pelos capixabas.
O bairro fica localizado em um ponto de rara beleza da capital, tendo de um lado o maciço central e do outro a baía de Vitória, além de estar distante poucos quilômetros de regiões supervalorizadas e com um dos metros quadrados mais caros do Brasil.
Bairros em que escritórios e repartições se multiplicaram nos últimos anos, deslocando o outrora centro nevrálgico da economia de comércio e serviços para a zona norte da cidade.
Para entender um pouco mais, precisamos voltar no tempo. O centro se desenvolveu como principal bairro da cidade. Não temo em afirmar que em breve voltará a ser um bairro cobiçado, tanto que para os mais velhos o bairro ainda é chamado de “cidade”. Nas primeiras décadas do século passado, era o local onde habitava a nata da sociedade, fenômeno que se observou no mercado imobiliário até meados da década de 80, com ícones do mercado imobiliário como o edifício Arnaldo Andrade, um dos últimos a serem edificados com seus superlativos 400 m².
Foi devido ao seu crescimento desordenado, sem um Plano Diretor Urbano (PDU), transporte coletivo eficiente, planejamento de longo prazo e total desrespeito para com a história, que o bairro entrou em decadência e gradativamente repartições, residências e empresas se deslocaram para a zona norte da ilha.
Contudo, mesmo em meio a este cenário, o Centro resistiu. Reafirmo que em breve o local voltará a ser um bairro cobiçado pelos capixabas, e neste momento não dependerá apenas da revitalização cobrada do poder público. Será a iniciativa privada, o mercado imobiliário que vai escrever esta história.
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A região da Cidade Alta, da Gama Rosa, Rua 7, Rua do Vintém, dentre outras, possuem residências de alta qualidade pulsando, com farto comércio de bairro, serviços, ruas vivas, gente nas ruas vivendo a vida, restaurantes e padarias de qualidade. O bairro mudou seu perfil e sua vocação. Para isto, pouca gente se atentou. Este fenômeno aconteceu em outras cidades do Brasil (e do mundo), onde estas áreas decadentes tiveram seu perfil radicalmente transformado.
Para tanto, basta observar que, no Centro, o que está decadente são os antigos prédios comerciais, que deverão, com uma participação mais presente do poder público, ter em seus locais mais empreendimentos residenciais.
Prédios como os edifícios Alves Ribeiro, Moysés e Ada poderiam ser transformados em unidades com apartamentos estúdios, passando por um processo de retrofit e recebendo imóveis de qualidade, por um valor de metro quadrado muito mais barato que os das regiões da zona norte, e muito bem localizados.
Prédios comerciais do lado direto da Jerônimo Monteiro, em sua maioria em estado decrépito, senão de completo abandono, por exemplo, poderiam ser demolidos, dando lugar a novos empreendimentos, com viabilidade comercial tanto para os incorporadores e construtores como para os moradores. É preciso um diálogo entre os setores envolvidos para se chegar a soluções assertivas para transformar a região em um dos melhores e mais bonitos locais da capital.
O Centro vive! E contra a vida, nada é maior.
Renato Avelar é empresário e presidente da Federação de Iatismo.
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