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Cidades

“Ter vida espiritual não significa seguir uma religião”


Nem sempre o espiritual é compreendido pelo ser humano. Há quem confunda espiritualidade com religião. Apesar de elas se complementarem, são distintas. Mas o que seria a espiritualidade? Para o doutor em Filosofia e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Marcelo Martins Barreira, a espiritualidade é um valor humano.

Imagem ilustrativa da imagem “Ter vida espiritual não significa seguir uma religião”
|  Foto: Beto Moraes/AT

“Ter vida espiritual não significa seguir uma religião. Até o ateu pode ter espiritualidade. A espiritualidade, como uma dimensão humana, não depende de estar vinculado a uma instituição religiosa”, explicou.
O professor ressalta também que na espiritualidade a pessoa terá uma plenitude de vida. Ele destaca que uma pessoa espiritualizada enfrenta melhor os desafios.

A TRIBUNA - O que é espiritualidade?
Marcelo Martins - Tem um pensador que fala que espiritualidade é viver segundo o espírito. Poderíamos dizer que a espiritualidade é a busca por uma vida plena.

Por exemplo, na tradição católica, um santo, ao mesmo tempo em que é marcado por uma espiritualidade plena, é humanamente pleno. Isso não quer dizer que ele tem menos vida, pelo contrário, ele encontra a plenitude de sua vida vivendo a espiritualidade.

Então todos os religiosos são espiritualizados?
Isso não significa que uma pessoa religiosa, que frequenta uma instituição religiosa, necessariamente tenha essa plenitude de vida. Porque há quem faça até apologia à morte ou possa gostar de um certo sofrimento, como querer alimentar uma certa melancolia.

Na prática, como é definida a religião?
A religião, do ponto de vista sociológico, é uma expressão coletiva em que se pode ter uma compreensão científica e racional do sagrado, um dogma (doutrina), ritual, e um espaço em que possa ter a vivência do sagrado, a partir dos dogmas, e ao mesmo tempo há uma administração desse espaço. Temos também o elemento burocrático eclesiástico.

Preciso seguir uma religião para ser espiritualizado?
Ter vida espiritual não significa seguir uma religião. Até o ateu pode ter espiritualidade. A espiritualidade, como uma dimensão humana, não depende de estar vinculado a uma instituição religiosa. Tem uma expressão que diz 'espiritual, mas não religioso'. Isso, porém, não significa que você não possa ser espiritual sendo religioso.
O fato de alguém ser espiritual ou viver uma espiritualidade sem estar vinculado a uma instituição religiosa, não quer dizer que não se possa viver uma espiritualidade autêntica em uma instituição religiosa. Mas também não quer dizer que uma pessoa vinculada a uma instituição religiosa vivencie uma espiritualidade.

Como viver de modo espiritual?
Nas tradições religiosas uma pessoa que vive uma espiritualidade não é menos humana, mas, sim, é uma referência de humanidade. Viver segundo o espírito é viver sua condição humana em sua plenitude.
Muitas vezes pensamos que nosso limite é pular uma poça d'água de um metro. De repente, um dia, me deparo com uma poça de dois metros e penso que não vou conseguir pular. Mas me esforço e consigo pular. Então percebo que meu limite não é o que eu pensava.

Na espiritualidade, a dimensão de plenitude está sempre para além da capacidade de compreensão de nós mesmos. Ou seja, aquilo que vai fazer com que tenhamos um sentido pleno de nossa vida, para além de uma instituição religiosa.

Há um caminho para a espiritualidade?
É difícil falarmos que existe um único caminho. Na verdade, há vários caminhos. As religiões têm diversos caminhos, às vezes, nela mesma. Por exemplo, na tradição católica há a espiritualidade franciscana, que segue Francisco de Assis. Mesmo na tradição católica, há vários caminhos de vivência da espiritualidade. São todas elas, no caso do catolicismo, um caminho para seguir a Cristo.

A pessoa pode descobrir seu caminho espiritual procurando ver de que forma ela reza, medita ou ora. Podemos dizer que muitas vezes a pessoa não tem orientações muito rígidas. É um caminho em que a pessoa vai se descobrindo. Para quem não tem religião, de uma maneira até laica, as pessoas têm resgatado certas práticas contemplativas, de tradição religiosa, como a meditação, sem a conotação religiosa. Essas práticas trazem, por exemplo, a neurociência e até uma psicologia. Hoje há recursos, sem uma instituição religiosa, que permitem a pessoa ter a espiritualidade dela.

A gente não começa do zero. Primeiro somos influenciados pela nossa família, na relação com outras pessoas, e, dessa forma, vamos traçando o caminho da espiritualidade. As tradições espirituais são calcadas nos valores da humildade, da caridade e da solidariedade.

Todo ser humano é espiritual e faz o bem?
Sim. Todo ser humano é espiritual, isso é um valor humano. Quem faz o mal não está exercendo essa espiritualidade, porque está se fechando no seu egoísmo.A pessoa que faz o mal está perdendo o sentido. Há quem coloque esse sentido de vida nos bens materiais. O sentido da vida tem a ver com a percepção que a pessoa tem do momento presente. A humanidade da pessoa não está no carro que ela pode ter.

A espiritualidade pode melhorar a qualidade de vida?
A ciência médica reconhece o valor da espiritualidade. Eles deixam muito claro: independente se a pessoa acredita em vida eterna, reencarnação ou não acredita em nada, você precisa ter uma espiritualidade, por exemplo, a prática meditativa.

Hoje, a neurociência, que tem uma compreensão da mente humana, mostra a riqueza da prática meditativa. A ciência tem percebido, objetivamente, o valor de a pessoa dar um sentido à sua vida.

Quem é espiritual consegue enfrentar melhor os desafios do que aqueles que não são espirituais. Porque o espiritual tem esperança, ou seja, acredita que a vida tem sentido. Reafirmo: aquilo que te dá plenitude na vida é um caminho de espiritualidade. E dá plenitude porque faz com que a pessoa enfrente os desafios.

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