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Filmes e Séries

Série "Estado Zero" resgata tema dos refugiados, mas com soluções fúteis


Em primeiro lugar, "Estado Zero" não é uma boa tradução para o título original, "Stateless", que significaria, antes, sem pátria, apátridas, sem-lugar. Quase qualquer outro título, aliás, seria mais apropriado do que "Estado Zero", que parece introduzir algum documentário sobre ideias econômicas neoliberais.

Nada disso: a minissérie nos lembra em seis capítulos de um problema maior, que a pandemia acabou por soterrar: o dos refugiados e, pior, dos campos de refugiados que hoje assolam a Europa, sobretudo, mas não só. Esse é o primeiro eixo da minissérie, o que impõe sua relevância temática geral.

O segundo é o caso real de desaparecimento de uma cidadã australiana nascida na Alemanha. O fato se deu na virada do século, onde se situa a ação da série, embora com nomes trocados. Insatisfeita com os familiares e frustrada com a vida em geral, Sofie Werner (Yvone Strahovski) joga-se nos braços de uma seita suspeitíssima e se dá mal. Ao deixar a seita, Sofie não sabe nem mais quem é, sofre de medo patológico e só quer sair da Austrália. Desarvorada e sem identidade, acaba, ironicamente, recolhida ao campo como imigrante ilegal. Ela constitui o segundo eixo da história

Entre os refugiados, o centro é Ameer (Faissal Bazzi), afegão que tenta introduzir sua família na Austrália a partir do Paquistão e sobre quem desaba uma tempestade de catástrofes, mal-entendidos e baixezas que desaguam no comportamento kafkiano da Imigração australiana.

Aí começam os problemas de "Estado Zero". Colar a história de uma australiana de mente conturbada à de refugiados em situação material desesperadora pode ser até tentador, mas é tarefa delicada. São universos distantes e questões diversas.

Completa o quadro o drama dos agentes do campo. Os centrais são Clare (Asher Keddie), burocrata durona e recém-empossada como gerente do lugar, com a missão de tirá-lo do noticiário. Entre seus subordinados está Sandford (Jai Courtney), que, tendo uma bela família, topa o emprego como guarda no local.

Clare, vai sendo aos poucos consumida pela tarefa amarga de despachar os refugiados de volta a seus países, sejam lá quais forem as consequências. Já Sandford, homem de bom coração, vai se deixando absorver pela violência daquela porta de inferno.

Imagem ilustrativa da imagem Série "Estado Zero" resgata tema dos refugiados, mas com soluções fúteis
Série Estado Zero |  Foto: Reprodução/ YouTube Netflix Brasil

Temos então dois eixos: os de dentro da Austrália e os de fora; um caso coletivo (o dos refugiados) e alguns casos pessoais (australianos). Para fazer disso uma unidade, os responsáveis pela série recorreram ao trivial do cinema contemporâneo: a família.

Num mundo onde todos perdemos referência, resta a família como único ponto de apoio do sujeito. Ela pode ser problemática como a de Sofie, miserável como a de Ameer, quase feliz, como a de Sandford, destruída antes de existir, como a de Clare. Não importa: a família é o centro.

O estratagema banal conduz à reiteração contínua das questões levantadas. Acima de cada personagem paira sempre a relação familiar. Pode-se temê-la, odiá-la, protegê-la, rejeitá-la etc. O fundo é sempre o mesmo.

Com alma de narrativa, a série pelos acontecimentos de forma mais ou menos indiferenciada, dando igual ênfase, não raro, às sequências interessantes e aos momentos banais. Com isso, o essencial e o convencional se confundem e desembocam, invariavelmente, em soluções melodramáticas fúteis.

"Estado Zero", em que Cate Blanchett comparece como cocriadora, corroteirista e quase figurante, poderia se reduzir a quatro capítulos dotados de certa energia, em lugar de seis com frequência chochos.

Mas, sim, os temas da sorte dos refugiados e da violência dos departamentos de Imigração policial justificam sua existência e a atenção que o espectador lhe possa eventualmente dispensar.

ESTADO ZERO
Avaliação: Regular
Quando: disponível no streaming
Onde: Netflix

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