OMS alerta para uso de medicamento falsificado
Anvisa detectou três lotes falsificados do remédio conhecido como “caneta emagrecedora” no Brasil recentemente

Um dos medicamentos mais utilizados nos últimos anos para a perda de peso, o Ozempic, conhecido como “caneta emagrecedora”, tem sido falsificado, segundo alerta emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já reconheceu três lotes falsificados: o primeiro identificado em junho de 2023 e o mais recente em janeiro. São eles: LP6F832, MP5C960 e MP5A064, os dois últimos com embalagem em espanhol e concentração de 1 mg, diferente da que consta no remédio original.
O medicamento é fabricado pela Novo Nordisk e, segundo a OMS, o aumento na venda de remédios falsos está relacionado à escassez global dos produtos injetáveis.
O cirurgião digestivo Felipe Mustafa explica que a medicação se tornou amplamente conhecida como medicamento para emagrecimento (indicação fora da bula).
“O acesso facilitou a comercialização do produto, que encareceu e sumiu das farmácias, dificultando a compra pelos pacientes diabéticos, que fazem uso do remédios de forma contínua”.

Presidente da Sociedade de Endocrinologia e Metabologia do Espírito Santo (SBEM-ES), a endocrinologista Priscila Pessanha explica que uma das formas de saber se um medicamento é ou não falsificado é verificando a procedência, adquirindo o remédio em uma farmácia de confiança.
“Em segundo lugar, todo medicamento tem um número de registro no Ministério da Saúde. O número que está na caixa tem de ser igual ao número que está dentro da medicação. Os falsificados não têm isso. Outra forma é que toda medicação tem uma tarja, que quando raspada tem a logo do laboratório”, orienta a médica.

A endocrinologista Sabrina França alerta ainda que é preciso ter atenção aos medicamentos adquiridos pela internet em sites desconhecidos, principalmente se o preço for muito diferente do encontrado no mercado. “A melhor forma de não comprar uma medicação falsificada é comprando em farmácias credenciadas, grandes redes, que são fiscalizadas pela Anvisa”.
O nutrólogo Roger Bongestab afirma que o mais correto seria como acontece em outros países do mundo, que houvesse a retenção de receita na prescrição dos análogos de GLP-1, como Saxenda e Ozempic, remédios vendidos no mercado brasileiro.

Remédio falso pode provocar coma e até levar à morte
O aumento na venda de remédios falsificados pode trazer até mesmo o risco de morte aos pacientes, alertam os médicos.
O nutrólogo Roger Bongestab explica que o uso de remédios falsificados pode levar ao coma, à alterações como intoxicações, anafilaxia e até à morte.
Um dos exemplos de casos com uso de Ozempic falso, de acordo com a endocrinologista Sabrina França, ocorreu na Europa.
“A medicação não continha semaglutida na formulação, que é o Ozempic, mas tinha insulina. Ambos são usados para diabetes, mas a insulina pode provocar hipoglicemia e ser grave, podendo causar até mesmo a morte”.
A endocrinologista Priscila Pessanha reforça que é importante nunca usar uma medicação que tenha uma administração diferente daquela que já foi estudada e publicada para uso. “Isso é indício de falsificação. É usar as medicações nas vias de administração que são aprovadas pela Anvisa e que são produzidas pelo laboratório”.
Fique por dentro
Falsificações
A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta, na última segunda-feira (29), sobre o aumento da falsificação dos remédios Ozempic e Wegovy, fabricados pela Novo Nordisk.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já reconheceu três lotes falsificados.
Lotes no Brasil
O primeiro lote de Ozempic foi identificado em junho de 2023 e o mais recente no último dia 10. Eles são: LP6F832, MP5C960 e MP5A064 -os dois últimos com embalagem em espanhol e concentração de 1 mg, diferente da que consta no medicamento original.
O Wegovy ainda não é vendido no Brasil e tem previsão de chegar às farmácias brasileiras no segundo semestre.
Motivo das falsificações
O comunicado da OMS cita especificamente a escassez global – registrada em 2023 – de produtos indicados para o tratamento do diabetes tipo 2 e utilizados também para a perda de peso, como o semaglutida. A substância é o princípio ativo do Ozempic, caneta de aplicação na pele para controle do apetite.
Orientação
A Anvisa orienta que a população e os profissionais de saúde somente adquiram medicamentos em estabelecimentos devidamente regularizados, sempre na embalagem completa (dentro da caixa) e com nota fiscal.
Em caso de identificação de unidades dos medicamentos com suspeita de falsificação, a população ou os profissionais de saúde não devem utilizar o produto e devem entrar em contato com as empresas detentoras do registro desses produtos, para verificar sua autenticidade.
Além disso, o fato deve ser comunicado imediatamente à Anvisa, preferencialmente por meio do sistema Notivisa (no caso de profissional de saúde) ou por meio do sistema da Ouvidoria, utilizando a plataforma FalaBR (no caso de pacientes).
Compra
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) orienta os pacientes a não comprarem o medicamento em fontes como a internet, onde os preços costumam ser baixos, mas não há como saber se o produto é falso. O ideal, segundo a SBD, é adquirir apenas em farmácias, onde há a garantia da eficácia do medicamento.
Fonte: Anvisa, SBD e pesquisa AT.
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