Consumo de álcool mata 12 pessoas por hora no País
Mortes atribuíveis ao consumo de bebidas alcoólicas já se assemelham aos óbitos causados por AVC, segundo a Fiocruz
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As mortes no País, atribuíveis ao álcool, já se assemelham às mortes por Acidente Vascular Cerebral (AVC), quando comparados os dados de 2019.
Foram 104.115 mortes por AVC, segundo o Portal da Transparência do Registro Civil, enquanto as mortes atribuídas ao álcool tiveram registro de 104.790, uma média de 12 mortes por hora. Os dados fazem parte de um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o consumo de álcool no Brasil.
O levantamento usou como base estimativas de mortes atribuíveis ao álcool feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo que as mortes entre homens – 90.028, ou seja, 86% das mortes – são maiores do que entre mulheres – 14.762 mortes, equivalentes a 14% do total.
Entre os homens, doenças cardiovasculares lideram as mortes atribuíveis ao álcool, com 20.664 mortes. Em seguida, vêm os acidentes e violências (18.565), doenças do aparelho digestivo (15.803) e cânceres (12.970).
Nas mulheres, as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortes atribuíveis ao álcool (5.179), seguida de cânceres (3.867).
A coordenadora do Centro de Informações sobre Álcool e Saúde (Cisa) e doutora em Sociologia, Mariana Thibes, observa que os homens são os que mais praticam uso abusivo de álcool.
“Quando olhamos as estimativas de consumo, são os homens que ainda mais bebem, embora o consumo esteja crescendo entre as mulheres, e eles são os que mais sofrem com as consequências desse uso abusivo”, destaca.
Mariana observa ainda que, segundo o estudo, os homens mais jovens são os mais afetados pelas mortes em acidentes de trânsito e violências, relacionadas ao consumo de álcool – 10.563 mortes entre 15 a 39 anos. Enquanto os homens mais velhos pelas doenças cardiovasculares – 16.049 mortes entre 55 a 80 anos ou mais.
“Tanto as doenças crônicas quanto os acidentes de trânsito e agressões são passíveis de prevenção. Uma doença crônica leva muitos anos para se estabelecer, e ela é muito custosa para o sistema público para ser tratada. Se pararmos para pensar que tudo isso pode ser prevenido, quando conseguimos mudar comportamento na faixa etária jovem, estamos falando, sobretudo, de prevenção e isso é feito com educação”.
Alerta para o aumento do uso entre os adolescentes
Ainda que a venda de álcool seja proibida para menores de 18 anos, o estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o consumo de álcool no Brasil aponta que houve aumento na introdução do consumo entre os adolescentes.
As mortes atribuíveis ao álcool entre a faixa etária de 15 a 19 anos no País já chegam a 773 (658 homens e 115 mulheres). Entre os homens, as maiores prevalências de consumo zero de álcool estão entre os adolescentes (79,3%), o que, para especialistas, pode ser uma “porta de entrada”.
A psicóloga Ana Carolina Souza, especialista em Dependência Química pela Unifesp, faz um alerta.
“Precisamos de conscientização dos pais. Eles devem explicar e ensinar, porque muitas vezes o primeiro golinho de cerveja ou de cachaça é um avô, tio ou o próprio pai quem dá, e acha engraçadinho. Essa cultura deveria ser extinta. Os pais deveriam, na verdade, ensinar aos filhos que o uso do álcool pode ser muito prejudicial”.
De acordo com Ana Carolina, em uma fase secundária, na escola, deveriam existir mais palestras que falem sobre o álcool e outras drogas.
“Deveriam falar sobre os problemas que o uso dessas substâncias faz. Porque beber é bom. Se fosse ruim, ninguém faria uso. O problema é quando esse uso deixa de ser social e se torna um problema na vida da pessoa que usa e das pessoas que a cercam”.
A coordenadora do Centro de Informações sobre Álcool e Saúde (Cisa) e doutora em Sociologia, Mariana Thibes, destaca que, com as redes sociais, o incentivo ao consumo entre os jovens é ainda mais disseminado.
“Há um estudo que mostra que 98% dos retratos do álcool, no TikTok, são positivos. Ou seja, são jovens falando bem do consumo de bebida. Acredito que isso influencia mais os jovens de hoje do que aquilo que veem na televisão”.
FIQUE POR DENTRO
Mortes atribuíveis ao álcool
> 104.790 brasileiros e brasileiras morreram por causas atribuíveis ao consumo de álcool em 2019.
> 12 mortes é a média de óbitos por hora.
Homens
> 90.028 mortes são entre homens, ou seja, 86%.
> Entre os homens, doenças cardiovasculares lideram as mortes atribuíveis ao álcool, com 20.664. Em seguida, vêm os acidentes e violências (18.565), doenças do aparelho digestivo (15.803) e cânceres (12.970).
Mulheres
> 14.762 mortes, o equivalente a 14% do total, são entre mulheres.
> Nas mulheres, as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortes atribuíveis ao álcool (5.179), seguida de cânceres (3.867).
Custo
> Em 2019, estimou-se que as hospitalizações atribuíveis ao consumo de álcool custaram R$ 903,4 milhões ao SUS.
Fonte: Fiocruz.
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