Cirurgia de catarata lidera a lista de espera do SUS
O número de pessoas cegas no País triplicou, saltando de 506,3 mil para 1,577 milhão, no período entre 2010 e 2019. É o que mostra estimativa feita pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, com base no levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com pesquisa do Conselho Federal de Medicina (CFM), a maior demanda atualmente em lista de espera por cirurgias eletivas (que não são de urgência e podem ser aguardadas por um certo período) no Sistema Único de Saúde (SUS) é de catarata, seguida por correção de hérnia, retirada da vesícula, varizes e das amígdalas.
No fim do ano passado, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) estimava que 55 mil pessoas aguardavam por consulta oftalmológica.
Na ocasião, o governador Renato Casagrande anunciou o lançamento de edital para o credenciamento de empresas privadas e instituições sem fins lucrativos que tivessem interesse em realizar as consultas oftalmológicas e neurológicas – cerca de 30 mil consultas.
Segundo a Sesa, de janeiro a novembro do ano passado, foram oferecidos 13.482 procedimentos cirúrgicos de catarata. Até novembro, 1.785 pessoas tinham sido encaminhadas para consulta de oftalmologia em catarata para avaliação da necessidade de realização de procedimento cirúrgico. Deste total, cerca de 1.500 são pacientes com mais de 60 anos.
Cirurgião oftalmológico do Hospital de Olhos de Vitória, César Ronaldo Filho explicou que a catarata é o processo de embaçamento da lente natural que há nos olhos, responsável pelo foco.
“A causa pode variar, mas a mais comum se dá pelo envelhecimento natural do organismo, principalmente pela exposição da lente aos raios ultravioleta”. O cirurgião ressaltou que, a partir do momento em que a doença começa a atrapalhar a qualidade da visão, o único tratamento é a cirurgia.
O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, destacou que, quanto mais madura é a catarata, maiores são os riscos de complicações durante a cirurgia.
Na opinião do médico, a lista de espera do SUS deveria priorizar o procedimento entre portadores de glaucoma. Isso porque, segundo ele, a catarata pode dificultar o controle da pressão intraocular.
Ficou na fila durante um ano
O aposentado Wyldo Caetano, de 89 anos, precisou esperar por um ano até conseguir uma cirurgia de catarata. Ele já havia passado pelo mesmo procedimento cirúrgico há cinco anos.
“Primeiro, foi o olho esquerdo. Depois, comecei a ter dificuldades para enxergar com o olho direito. Um ano atrás, meu médico informou que eu teria de fazer outra cirurgia, ou perderia a visão”, contou.
A partir de então, o aposentado, que é de Cachoeiro de Itapemirim, esperou para que fosse marcada sua cirurgia. Somente um ano depois, conseguiu realizá-la.
“No final do ano passado, me informaram que estava marcada a cirurgia. Apesar da demora, deu tudo certo e estou enxergando bem.”
Mutirão com 28 mil consultas
Um mutirão com 28 mil consultas será realizado no Sul do Estado. Os atendimentos devem começar a ser realizados a partir da próxima semana, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Essa é a primeira etapa do programa Saúde Fácil, que será lançado em Cachoeiro do Itapemirim, pelo governador Renato Casagrande. Os 26 municípios da macrorregião terão atendimentos nas áreas de oftalmologia, otorrinolaringologia, dermatologia, cardiologia, gastroenterologia e ortopedia.
De acordo com o governo, o programa tem o objetivo de zerar a fila de consultas, exames e cirurgias no Estado.
Serão investidos R$ 2,6 milhões na oferta de mais de 87 mil consultas direcionadas às quatro regiões de saúde do Estado (Cachoeiro de Itapemirim, que atende a todo o Sul do Espírito Santo; Cariacica, na Grande Vitória; Colatina, na região Noroeste; e São Mateus, no Norte do Estado).
Investimento
No começo do ano, o Ministério da Saúde anunciou aporte adicional de R$ 250 milhões para 53 cirurgias eletivas, como de catarata, varizes, hérnia, vasectomia e laqueadura, além da cirurgia de artroplastia (quadril e joelho), entre outras com grande demanda reprimida identificada.
Segundo o ministério, o repasse feito ao Espírito Santo é de mais de R$ 4 milhões.
A pasta afirma também que os gestores estaduais e municipais podem contar e se programar para a utilização dos recursos, de acordo com a população per capita de cada estado.
Comentários