400 mil crianças acima do peso viram desafio para pais e médicos
Pesquisa revela que pelo menos 400 mil pessoas com idade até 5 anos sofrem consequências do sobrepeso no País
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Doenças cardiovasculares, diabetes, depressão, câncer. A obesidade é um fator de risco para várias doenças.
Segundo dados divulgados no Cenário da Infância e Adolescência no Brasil no ano passado, cerca de 400 mil crianças, até 5 anos, estavam com peso elevado para a idade. O cenário tem virado um desafio para pais e médicos no Estado.
Para o médico Rodrigo Aboudib, pediatra e integrante da diretoria da Sociedade Espírito-Santense de Pediatria, a obesidade está se transformando em uma pandemia.
“É um desafio real. Temos uma necessidade de mudança de cultura. É preciso retirar a criança e a família de frente das telas, estimular o exercício físico e as brincadeiras ao ar livre, investir numa alimentação saudável. Mas tudo isso requer tempo, disposição e uma decisão de mudar”.
Um dos problemas, explica a endocrinopediatra Poliana Guarçoni, é que as famílias estão sobrecarregadas e ocupadas. “A vida é muito corrida e acaba que as pessoas ficam com pouco tempo. A criança mesmo tem várias atividades”.
Além disso, ela explica, há dificuldade de acesso para o diagnóstico e tratamento. “Às vezes por causa de falta de informação dos profissionais de saúde. Na maioria dos locais, por exemplo, não existe centro de referência no assunto. Muitos pais também desconhecem os perigos da obesidade e os problemas que causa no futuro. Desconhecer que o filho tem obesidade também acontece. Tem momentos que é uma obesidade severa e chamam de sobrepeso”.
A desigualdade econômica também pesa, acrescenta a médica. “Classes que são menos favorecidas economicamente estão ganhando mais peso porque alimentos ultraprocessados, hipercalóricos, são mais baratos do que alimentos saudáveis”, destaca.
Transformação
Davi Noia Pontual, 9 anos, anda de patinete, come fruta e faz taekwondo. Sua rotina nem sempre foi essa.
“Quando ele estava com seis anos começou a ficar muito gordinho. Isso me assustou”, conta sua mãe, a empresária Laryssa Pontual. A solução foi colocar o filho para fazer taekwondo no Centro Cegam.
“A luta o transformou em outra criança. Eu também fui ajustando a alimentação. Toda noite, após a janta, ele queria um biscoito, troquei por uma fruta. Hoje está muito melhor”, comemora.

Projeção
A projeção é preocupante, reforça a endocrinologista infantil Roberta Portugal. “Até 2035, metade das crianças e adolescentes brasileiros pode estar com sobrepeso ou obesidade”.
Poliana alerta que a obesidade tem altas chances de persistir na vida adulta, pois crianças com obesidade têm cerca de 5 a 10 vezes mais chances de se tornarem adultos obesos quando comparadas com crianças que estão dentro do peso adequado.
Quando os pais devem se preocupar?
É importante monitorar regularmente o crescimento e desenvolvimento da criança através de parâmetros como peso, altura e índice de massa corporal (IMC) para idade.
Consultas semestrais ou anuais ao nutricionista ou pediatra podem ajudar a identificar alterações significativas.
Saiba Mais
Consequências da obesidade na infância
- Doenças e complicações cardiovasculares, endócrinas, renais e ortopédicas.
- Problemas de pele, psicológicos, respiratórios, reprodutivos e gastrointestinais.
- Aumento no risco de vários tipos de câncer.
- Crianças com obesidade têm grande probabilidade de se tornarem adultos obesos e também correm maior risco de desenvolver doenças não transmissíveis na idade adulta, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
- Estigmas relacionados ao peso com comprometimento da frequência escolar, da empregabilidade e de salário na vida adulta.
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