“Nunca é tarde para ser feliz”, diz mestre em Neuropsicologia
Eduardo Shinyashiki explica como superar as crises e os traumas emocionais
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Quando tudo parece incerto e melancólico, quando os traumas emocionais, as crises de ansiedade, a depressão e as cobranças excessivas ficam cada vez mais evidentes, significa que chegou-se ao fundo do poço? Será que existe uma fórmula para superar tudo isso e encontrar, de fato, a tão desejada felicidade?
Buscando respostas, a reportagem de A Tribuna ouviu o mestre em Neuropsicologia, Eduardo Shinyashiki, que foi categórico em afirmar: “Há solução”.
No Estado, mais de 120 mil já fazem acompanhamento psicológico para resolver problemas emocionais e melhorar a qualidade de vida. Veja a entrevista com o especialista:
A Tribuna – Há uma fórmula para superar traumas?
Eduardo Shinyashiki – Sim. Há solução. Não diria fórmulas prontas, mas possibilidades e soluções. Muitas vezes uma situação traumática nos conduz a perder o significado, o sentido da própria vida no presente.
É possível vencer tudo isso sozinho? Eu vou dizer assim: 'algumas pessoas já fizeram isso sozinhas. Porém, na minha experiência, na maioria das vezes, não'.
O que significa não fazer isso sozinho?
Significa pedir ajuda. Muitas pessoas têm dificuldade de pedir ajuda. Com isso, elas estão abdicando do seu direito de receber o que precisam. É muito importante resgatar a capacidade de sentir e pedir o que necessita e poder assim ter a oportunidade de receber e se dar o que precisa.
Quando não sentimos, não pedimos e não buscamos o que necessitamos, nos sentimos desprotegidos, inseguros, ansiosos e perdidos nas variáveis da vida.
Temos de considerar também o contexto afetivo. Quando uma pessoa sofre um trauma, uma experiência de sofrimento, ela tem uma vivência de desamor. Ela começa a alimentar um sentimento de autodesvalorização, de que, quem ela é não é importante. Nesse momento, o primeiro passo é resgatar o sentimento de valor pessoal, reconquistar a autoestima.
Muitas vezes, a pessoa questiona o seu valor pessoal. Como é possível resgatar o próprio valor? Eu sempre digo: primeiramente preciso me aceitar como eu sou, então é possível a mudança.
Quando reconheço minha própria individualidade e unicidade, quando sinto que minha dignidade é inviolável, mesmo com todas as fraquezas, medos e limitações, quando começo a cuidar do sentimento de autoaceitação, então encontro as forças, energias, motivação e segurança para mudar comportamentos e atitudes que quero transformar e melhorar e curar as feridas.
Autoaceitação significa respeitar sua própria trajetória de vida, suas vivências até então e continuar, crescer e evoluir no seu próprio caminho e poder também se dar aquilo que, de repente, só esperamos receber.
Como assim?
Às vezes eu quero receber um carinho, mas eu não me trato com carinho; às vezes eu quero receber uma palavra de amparo, mas sou o meu pior inimigo, crítico e duro comigo mesmo. Outras vezes preciso receber amor, mas tenho atitudes desamorosas e desrespeitosas comigo mesmo, de exigência e de cobrança de perfeição.
Aos poucos é necessário assumir a autorresponsabilidade em relação ao que é importante e essencial para nós mesmos, retomar a vida nas próprias mãos, fazer escolhas, deixar ir amorosamente e com gratidão o que não é mais necessário atualmente e que se tornou obsoleto e doloroso.
Desta forma, aos poucos, a implacável autocrítica se transforma em respeito e autocompreensão.
Aos poucos, momentos prazerosos começam a ser criados. Por exemplos, existem tantos lugares bonitos, que muitas vezes não percebemos, e onde podemos caminhar e ter uma experiência agradável, prazerosa.
Possibilidades de alegria e bem-estar começam a ser percebidas e, de repente, quase sem nos darmos conta, um sorriso aparece no nosso rosto, uma emoção faz vibrar nosso coração e sentimos a vida dentro de nós. Sentimos que não estamos sós.
É fundamental essa reconciliação consigo mesmo e com nosso passado. Então, quando eu digo, em algum momento do passado alguém me machucou, sofri um trauma, tive uma desilusão amorosa, qual é a lição disso? É que mudando a percepção e a compreensão dos fatos do passado, modificamos o presente e o futuro.
É possível obter a “cura”?
É possível virar a página, renascer para as infinitas possibilidades que a vida nos oferece, respeitando a nós mesmos, tendo autocuidado e amor-próprio. Desta forma, podemos encontrar uma força e uma coragem, muitas vezes desconhecidas, que surgem internamente para poder ajustar o que é necessário, redecidir, reorganizar e recriar decisões, objetivos, ações e relações para caminhar em direção a uma vida feliz e realizada.
Não precisa continuar se aprisionando, se fechando, se punindo. Reaja. Abra as cortinas, deixe entrar a luz e recomece quantas vezes for necessário. Nunca é tarde para ser feliz.
Perfil - Eduardo Shinyashiki
QUEM É
Neuropsicólogo, palestrante internacional, consultor, escritor, especialista em desenvolvimento das competências socioemocionais e especialista em comportamento humano.
FORMAÇÃO
Mestre em Neuropsicologia, especializou-se no estudo dos aspectos emocionais, mentais e físicos do ser humano com profissionais dos EUA, da Europa, América do Sul e Índia.
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