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Polícia

Quadrilhas de Minas Gerais e Bahia atacam fazendas no Estado


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Quadrilhas especializadas em atacar propriedades rurais têm tirado o sono de fazendeiros do Estado. Segundo a Polícia Civil, bandidos de Minas Gerais e Bahia, além de criminosos da região da Grande Vitória, agem na calada da noite, furtando ou matando bois e vacas para vender a carne do animal, ilegalmente.

Quando os animais são roubados, o crime é cometido em uma ação rápida, onde ninguém consegue perceber. Um caminhão é estacionado perto das propriedades e os animais são embarcados vivos e em grandes quantidades.

“São quadrilhas organizadas que agem em outros estados. O furto cometido por esses criminosos não é de um, dois bois, são de 40, 50 cabeças de gado. Eles emitem guias de transporte de animal falsas e conseguem viajar com o gado”, explica o titular da Delegacia de Montanha, que responde pelos municípios de Ponto Belo, Mucurici e Pinheiros, delegado Leonardo Ávila.

Imagem ilustrativa da imagem Quadrilhas de Minas Gerais e Bahia atacam fazendas no Estado
|  Foto: Divulgação

O delegado explicou que as organizações optam por não vender os animais para receptadores do Espírito Santo, justamente para não serem identificados.

“Se o gado for levado para perto, ele tem o registro no couro e as pessoas vão observar e saber de quem são os bois. Para dificultar a identificação e a localização desses animais, eles estão sendo transportados para locais mais longes do Estado”, explicou.

Além das quadrilhas interestaduais que são organizadas, Ávila explica que também existem os furtos cometidos por criminosos que chegam a matar os animais ainda no pasto.

“Esse tipo de crime, não é tão organizado. É aquele onde o gado está no pasto, os suspeitos matam um ou dois bois e lá mesmo já descarna. O que presta é levado. Infelizmente esse tipo de furto acontece no Estado inteiro”, afirmou o delegado que frisou ter intensificado as investigações a fim de localizar todos os suspeitos.

O pecuarista Sérgio Lube, de 47 anos é uma das vítimas desse tipo de crime. Só em sua propriedade, na localidade de Formate, Viana, os ladrões levaram cinco animais.

“No último caso, este mês, os bandidos atiraram nos animais, tiraram o couro e só deixaram patas e cabeças. Acredito que estão fazendo isso para vender a carne para algum açougue clandestino”.

Churrasco e prejuízo de R$ 30 mil

O fazendeiro Josias Cerutti, de 64 anos, teve pelo menos 16 cabeças de gado furtadas em uma propriedade de Guarapari. O prejuízo calculado por ele, até agora, já passa de R$ 30 mil. Os crimes acontecem já há alguns meses.

Imagem ilustrativa da imagem Quadrilhas de Minas Gerais e Bahia atacam fazendas no Estado
O fazendeiro Josias Cerutti, de 64 anos, teve pelo menos 16 cabeças de gado furtadas em uma propriedade de Guarapari. |  Foto: Roberta Bourguignon

A vítima cria os animais com a ajuda da esposa Valdirene da Silva Santos, 40, e disse que não sabe mais o que fazer para impedir os ataques.

Alguns animais são sacrificados na propriedade da família e outros levados em um caminhão pelos bandidos.

Ele acredita que a carne dos animais estão sendo vendidas pelos criminosos. “Os moradores disseram a maioria da carne é vendida de porta em porta por esses bandidos ”, disse.

Segurança armado para evitar crimes

Além de retirar seus animais de pastos próximos às rodovias e estradas para que os animais não sejam atacados pelas quadrilhas que roubam e matam animais nas fazendas do Estado, fazendeiros garantem que vão se unir para contratar seguranças armados e proteger os locais.

O pecuarista Sérgio Lube, de 47 anos, que teve um prejuízo avaliado em pelo menos R$ 20 mil com o abate animais em sua propriedade, que fica em Viana, afirma que não vê outro jeito, a não ser a contratação de seguranças.

“A pecuária é muito importante para a economia do País e do Estado. Então, se esses roubos continuarem acontecendo, não sei qual será o nosso futuro. Por isso, o jeito é a gente se unir e contratar seguranças”, desabafou o fazendeiro.

O gerente Rogério Santos, de 44 anos, administrador de uma fazenda do mesmo município que foi atacada, também não enxerga outra forma prevenção contra os criminosos que não seja contratar guardas noturnos.

“Eu não consigo ficar durante a noite por conta do monitoramento do rebanho. Não tem outra forma de inibir esses bandidos a não ser a contratação de seguranças. A gente se sente até impotente num momento desses”, disse.

Com um prejuízo de pelo menos R$ 8 mil, após perder uma de suas vacas, e trabalhando quase a vida inteira para manter sua propriedade, Jonyr de Souza, de 88 anos, falou do sentimento que tem ao ser se tornar vítima das quadrilhas especializadas em roubo de gado.

“Eu tenho 88 anos e não paro de trabalhar para poder manter o que tenho. Aí, vem uma pessoa e destrói nossos sonhos, levando nossos animais, que muitas vezes, levamos anos para juntar”, lamenta.

O pecuarista afirmou que não consegue mais deitar sossegado para dormir. Com medo de ter mais um de seus animais sacrificados e furtados, ele diz não ter paz.

“Não dá para ficar tranquilo. É claro que a gente confia no trabalho da polícia, mas se não fizerem nada, vou entrar junto com meus colegas e pagar um segurança para monitorar o gado à noite”.

Investigação

A Polícia Civil informou que apura todos os casos registrados. Ela orienta que as vítimas registrem os casos em qualquer delegacia, munidas de todo material que comprove a ação criminosa.

Fiscalização no comércio

Questionadas sobre as denúncias feitas por fazendeiros e moradores de algumas cidades da Grande Vitória sobre a existência de um mercado ilegal de carnes, as prefeituras disseram que realizam fiscalizações periodicamente.

A Prefeitura de Santa Leopoldina afirma que a fiscalização ocorre nos comércios do município.

Em Guarapari, os açougues, supermercados e outros comércios, são fiscalizados pela Vigilância Sanitária do município, já as apurações sobre o abate clandestino é realizada em parceria com o Serviço de Inspeção Municipal e o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf).

Já em Cariacica, o monitoramento fica por conta do Idaf e a investigação por conta da polícia.

No município de Viana, a prefeitura disse que “realiza fiscalizações regularmente junto ao comércio local”.

Crime

O somatório total para os crimes que envolvem furto, abate de gado e comercialização ilegal de carne pode chegar a 10 anos de prisão.

O advogado criminalista Flávio Fabiano, explica que depende das ações cometidas. “Você tem vários crimes em uma prática como essa. Furto de boi, infração sanitária e quadrilha. Mas quando se tem ciência de que os alimentos estão impróprios para consumo e, mesmo assim, são colocados para comercialização, podemos estar diante de um ilícito de pandemia”.

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