X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Política

Partidos vão ficar livres de devolver R$ 40 milhões

PEC da Anistia, que prevê o maior perdão por irregularidades eleitorais da história, avançou e deve ser aprovada no Congresso


Ouvir

Escute essa reportagem

Imagem ilustrativa da imagem Partidos vão ficar livres de devolver R$ 40 milhões
Palácio do Congresso Nacional na Esplanada dos Ministérios em Brasília |  Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Partidos políticos no País poderão deixar de ter devolver mais de R$ 40 milhões aos cofres públicos por gastos irregulares com verba pública. 

Isso porque tramita no Congresso a  “PEC da Anistia”, uma Proposta de Emenda à Constituição que pretende perdoar todas as irregularidades ocorridas nas contas dos partidos desde 2015. 

“A ideia é basicamente socorrer partidos, de diferentes tamanhos e espectros, que cometeram crimes eleitorais. Na prática, assegura aos partidos que as ilegalidades cometidas não sofrerão punição”, explica o cientista político Vinicius Zuccolotto.

Leia mais notícias de Política aqui

Um exemplo que receberia anistia  seria o descumprimento da regra que determina que pelo menos 30% dos recursos do partido devem ser destinados a candidatos negros e mulheres.

“A anistia proposta  é um prêmio à má gestão dos partidos que apostaram na impunidade, que não cumpriram as regras estabelecidas na lei. É uma vergonha que vai incentivar o descumprimento das normas nos próximos anos”, diz o advogado especialista em Direito Eleitoral, Marcelo Nunes.

A proposta já foi aprovada no Senado e pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal e conta com a assinatura de e 184 deputados, dentre esses o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), e integrantes da oposição, como o bolsonarista Zé Trovão (PL-SC).

O valor de R$ 40 milhões se refere ao julgamento das contas dos partidos referentes ao ano de  2017, finalizado pelo Tribunal Superior Eleitoral  (TSE) recentemente. 

O TSE  cobrou a devolução do valor aos cofres públicos pelos partidos por irregularidades nas contas daquele ano.  O PT, por exemplo, teria de devolver R$ 23,6 milhões. Já o  PL teria de devolver  R$ 4,7 milhões.

Um caso emblemático é o do Pros, que foi condenado a devolver R$ 2,4 milhões. Na lista de irregularidades listadas está a compra de quatro toneladas de carne e a construção de uma piscina, supostamente em benefício do então presidente da sigla Eurípedes Jr. e teriam como destino um restaurante de uma ex-companheira do então presidente.   

O partido afirmou, porém, que as compras  eram para a cozinha montada pela legenda para atender funcionários, dirigentes e convidados. 

Ministro cobra explicações da Câmara sobre a proposta

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso solicitou à Câmara Federal explicações sobre a tramitação da chamada “PEC da Anistia”. 

O pedido ocorre após o ministro ser sorteado como relator de uma ação da deputada  Sâmia Bomfim (Psol/SP), que tem como objetivo impedir a tramitação da PEC. 

O prazo para que o Legislativo se manifeste com as informações solicitadas é de 10 dias. Em sua ação, Samia Bonfim alega que a proposta viola a isonomia política de gênero e raça. 

Ela cita ainda que, na eleição de 2022, foram eleitas apenas 91 mulheres entre os 513 vagas para deputados federais. Nem 18% do total. E apenas 26% dos parlamentares se autodeclaram negros.

Dirigentes negros do Psol também assinaram, junto aos do PT, PSB, PCdoB, PDT, MDB, PV, PSDB e Pros, uma manifestação contra a PEC da Anistia, afirmando que a mesma abre espaço para uma banalização e descumprimento dessas medidas.

Entenda

O que é a PEC?

 O texto proíbe qualquer punição a ilegalidades cometidas até a sua promulgação (incluindo o desrespeito ao repasse mínimo de verbas a mulheres e negros nas eleições), além de permitir a volta do financiamento empresarial para quitação de dívidas anteriores a 2015.

Quem defende a anistia?

A PEC 9/2023 é assinada por 184 deputados, incluindo os líderes do governo, José Guimarães (PT-CE), e da oposição, Carlos Jordy (PL-RJ). O texto leva a assinatura de 13 partidos e federações. 

Inclui cota para negros e mulheres?

Sim. O primeiro artigo da PEC estende para a disputa de outubro de 2022 a anistia aos partidos que não cumpriram a cota mínima de repasse de recursos a mulheres e negros.

Se aprovada, a proposta consolida a total impunidade ao descumprimento generalizado dessas cotas, que entraram em vigor vagarosamente ao longo do tempo com o objetivo de estimular a participação de mulheres e negros na política.

Em abril de 2022, o Congresso já havia aprovado e promulgado uma PEC anistiando as legendas pelo não cumprimento das cotas nas eleições anteriores. Motivada pela impunidade ou não, o fato é que partidos têm reiteradamente descumprido essas cotas. 

Falhas dos partidos serão ignoradas com a anistia?

Sim. Uma vez aprovada a PEC, ficariam praticamente inócuas as análises pela Justiça Eleitoral das contas dos partidos relativas à aplicação do dinheiro público no seu dia a dia e nas eleições. 

Um exemplo é a prestação de contas dos partidos no exercício de 2017, concluída recentemente pelo  Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que determinou a devolução de um total de R$ 40 milhões, por irregularidades. Com a anistia aprovada, esse valor não seria pago. 

Há um longo histórico de má utilização de dinheiro público pelas legendas e de uso para gastos de luxo, como compra de helicópteros, imóveis, carros de mais de R$ 100 mil, além de vultosos gastos em restaurantes.

Doações empresariais

A PEC permite que  partidos voltem a receber dinheiro empresarial  “para quitar dívidas com fornecedores contraídas ou assumidas até agosto de 2015”, época em que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu o financiamento de empresas a partidos e candidatos.

Afrouxamento comum

Nas minirreformas eleitorais aprovadas pelo Congresso no ano anterior a cada eleição, tem sido comum o afrouxamento de regras e da fiscalização, o que inclui em determinados momentos perdão aos que descumprem a lei. Porém,  até agora, nada foi aprovado com a magnitude que da atual proposta de anistia.

 Justificativa oficial

A justificativa do texto  não faz menção à anistia geral das prestações de contas partidárias e diz que o perdão ao não cumprimento das cotas também em 2022 visa “preservar a estabilidade das eleições e garantir segurança jurídica” em decorrência, entre outros pontos, de uma suposta dúvida sobre a abrangência da regra (se nacional ou regional).

Fonte: Folha de São Paulo.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: