Jack Rocha: “Turismo é a saída do Estado para reforma tributária”
Outra alternativa para o Estado citada pela subcoordenadora da bancada é a recuperação do polo de confecção capixaba
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A deputada federal e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) no Espírito Santo, Jack Rocha, está em seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados.
Em 10 meses exercendo as funções parlamentares, Jack defendeu, em entrevista para A Tribuna, que o turismo pode ser uma saída para o Espírito Santo em caso de prejuízo com a reforma tributária.
A Tribuna – Deputada, qual é o balanço de seus 10 primeiros meses de mandato?
Jack Rocha – É algo desafiador, eu digo que até a montagem do mandato, eu como presidente do partido, comecei a atuar antes mesmo de tomar posse, por conta da PEC da Transição.
Garantimos com que uma parte do orçamento fosse recuperado para as políticas públicas, que fazem diretamente uma mudança na vida das pessoas, como foi a PEC do Bolsa Família.
Participei das reuniões da bancada, fiz um processo de articulação de escuta, porque isso impactaria todos os outros meios de posicionamento, não só meu, mas da bancada do PT na Câmara.
Eu fui convidada a compor a vice-liderança do partido e isso traz muita responsabilidade, porque requer que a gente tenha uma rotina muito intensa, desde o dia que a gente chega em Brasília e aí até conseguir algum tempo para voltar ao Estado e fazer as discussões locais. Foi um início desafiador.
Como a senhora tem participado dessa sinergia entre os governos federal e estadual?
O diálogo com governos de base fica mais fácil, mas não é automático, é preciso ter vontade política e energia. Desde o primeiro momento em que eu estive com a bancada, sendo a única mulher, precisei ter ainda mais jogo de cintura. Não só para ocupar espaço, mas mostrar que estamos ali para fazer um trabalho para o Estado.
Numa dessas conversas, até pela configuração do governo e criação de ministérios, fiquei como coordenadora adjunta da bancada, então os processos de começar a dialogar sobre o desenvolvimento do Estado não são só uma questão de discutir verba, mas sim posicionamento político sobre temas que estão sendo votados.
Meu papel está sendo de diálogo com os deputados e o governo sobre o que é importante para o Estado.
É só ver o esforço dos ministros vindo aqui, foram vários. Acho que nunca conseguimos sintetizar tão bem a vontade do governo federal de ser parceiro do Espírito Santo.
Como tem sido sua atuação a respeito da possibilidade de o Estado ter prejuízo com a reforma tributária?
O caminho que eu vejo tem a ver com a recuperação do nosso polo de confecção. Queremos esse tipo de investimentos, com máquinas mais modernas, em parceria com o setor da indústria. Outra possibilidade é fortalecer nossas relações quando falamos do ponto de vista econômico. O que isso teria a ver com o Estado? Fortalecimento de exportação dos nossos produtos. Somos um dos maiores produtores de café, mamão, banana, abacaxi, mármore e precisamos entrar na disputa internacional.
O turismo é uma estratégia de saída, mas temos vocação muito grande se a gente conseguir organizar esse novo momento de diálogo econômico do Brasil com o mundo. Um dos nossos principais parceiros é a China. Nós não podemos ver o Estado só como porto que entrega as mercadorias, mas como um local estratégico, no debate de reorganização e reindustrialização do Sudeste.
Foram anunciadas possíveis mudanças no saque-aniversário do FGTS. O que a senhora pensa sobre isso?
Não é algo que o governo pretende mexer. A gente não pode deixar de olhar para aquele aposentado que recebe benefício e até pouco tempo estava recebendo só 30% ou 40% de seu salário porque foi permitido fazer empréstimo consignado de qualquer maneira e ela vive com menos de 40% do que ela poderia receber.
Para estimular as pessoas a consumirem, o governo tem feito o Desenrola, por exemplo, que é uma ingestão de recurso na economia. Mexer no saque não é algo nem ventilado no governo.
Como o PT se prepara para as eleições municipais de 2024?
O partido está se organizando, estamos no nosso calendário interno. Estamos fazendo a renovação das direções municipais. Até pouco tempo, estávamos diante da minirreforma, que poderia mudar muitas regras em comparação às últimas eleições. Agora existem todos os indicativos de que não vai ser votada no Senado. Nosso papel agora é de organização.
Quais serão as vantagens para o Estado com o novo PAC do governo?
Tem muitas obras importantes. Além das de logística, mais conhecidas do governo do Estado, o novo PAC vai congregar ações voltadas para áreas de revitalização de patrimônio histórico, que é muito importante para a gente.
Nós não somos um Estado consumidor, mas produtor, precisamos buscar saídas, como já citei o caso do turismo. Temos um Estado muito bonito, cada região tem algo muito bom a oferecer de atrativo.
Teremos o complexo hospitalar em São Mateus. Também as ferrovias, BR-101, BR-259, Contorno do Mestre Álvaro e Aeroporto de Cachoeiro, que é realidade a ser concretizada. Serão R$ 75,9 bilhões para o Estado nesses quatro anos.
Como foi a viagem da comitiva do Presidente à ONU e os painéis dos quais a senhora participou?
O projeto de lei de igualdade salarial foi citado pelo Presidente lá. Passa a fronteira do Brasil. Temos feito esse trabalho porque significa olhar uma economia que as mulheres participem. Não faz sentido a gente ter legislação que desde 1940 já apontava para isso, mas que de certa forma, não era cumprida na prática, porque não havia instrumento de regulamentação.
O convite da ONU surgiu em dois sentidos: da própria ministra Cida Gonçalves (Mulheres) e também a partir da Universidade de Columbia. Estivemos também na sede da ONU cumprindo esses compromissos diplomáticos
Deputada, tem alguma previsão da visita do presidente Lula ao Estado?
Eu tenho certeza de que os capixabas querem o Lula no Estado. Tem cerca de 950 casas em Linhares para serem entregues, 430 em Sooretama, 537 em Aracruz, além do Contorno do Mestre Álvaro. Ou seja, o investimento federal está chegando ao Espírito Santo.
O que não falta é oportunidade de o Presidente vir. Falamos para ele isso. Ele chegou a falar que vem, inclusive para comer moqueca. Ele fala que moqueca é só aqui.
O presidente passou por uma cirurgia e agora ele deve se recuperar. Talvez para o fim do ano. Ainda queremos trazer além dele, os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Cida Gonçalves (Mulheres).
Quem é
Deputada e presidente do PT estadual
Jackeline Rocha, ou Jack Rocha, como gosta de ser chamada, é deputada federal pelo PT, além de ser presidente do partido no Espírito Santo.
Ela está exercendo o mandato na Câmara Federal pela primeira vez. Foi eleita em 2022 com 51.317 votos.
Jack também é subcoordenadora da bancada capixaba no Congresso. Em 2020, foi candidata a vice-prefeita do então candidato João Coser (PT) para a Prefeitura de Vitória, ficando na ocasião em 2º lugar.
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