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Política

Bolsonaro diz esperar que Trump ajude a reverter sua inelegibilidade

Em conversa com jornalistas no aeroporto de Brasília, ex-presidente brasileiro, contudo, não detalhou como isso poderia ser feito


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Imagem ilustrativa da imagem Bolsonaro diz esperar que Trump ajude a reverter sua inelegibilidade
Jair Bolsonaro disse que espera que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o ajude com sua inelegibilidade no Brasil |  Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste sábado (18) esperar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ajude com sua inelegibilidade no Brasil. Ele, contudo, não detalhou como isso poderia ser feito.

Bolsonaro falou com jornalistas no aeroporto de Brasília, após deixar Michelle Bolsonaro. A ex-primeira-dama embarcou para a posse do presidente americano, que ocorre na segunda-feira (20).

Em mais de um momento, Bolsonaro se emocionou ao mencionar que não participaria da posse do presidente dos Estados Unidos.

"[Trump] já tem influencia no mundo todo da presença dele. Primeiros-ministros que estão caindo, Hamas fazendo acordo, o [Justin] Trudeau renunciou. No México, grandes apreensões foram feitas. Gostaria de apertar a mão dele, não daria pra conversar", disse.

"Mas, com toda certeza, se ele me convidou, ele tem a certeza que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades politicas, como essas duas minhas que eu tive", completou.

Questionado sobre como isso poderia ser feito, Bolsonaro disse: "Só a presença dele, o que ele quer, só ações. Não vai admitir certas pessoas pelo mundo perseguindo opositores, o que chama de lawfare, que ele sofreu lá. Grande semelhança entre ele e eu. Também sofreu atentado. [...] Não vou dar palpite nem sugestão, ele sabe o que esta acontecendo".

Bolsonaro está impedido de concorrer até 2030 em razão de duas decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) relacionadas a ataques infundados ao sistema eleitoral e ao uso político do 7 de Setembro. Uma reversão dessa situação só seria possível com uma série de decisões improváveis da Justiça.

Na esfera criminal, ele foi indiciado, em novembro passado, por suspeita de envolvimento em uma trama golpista para impedir a posse de Lula.

Legalmente, um outro país não tem qualquer ingerência sobre o sistema jurídico brasileiro.

O ex-presidente disse ainda esperar que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), não coloque o obrigue a usar uma tornozeleira eletrônica para "humilhar de vez". Moraes é relator dos processos que têm Bolsonaro na mira no STF.

"Eu sou preso politico, apesar de estar sem tornozeleira eletrônica. Espero que a sua Excelência não queira colocar em mim, para humilhar de vez, uma tornozeleira eletrônica. Estou sim constrangido. Queria estar acompanhando minha esposa", disse.

Bolsonaro disse ainda que o seu filho deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) havia acertado encontros com chefes de Estado nos Estados Unidos. Como ele não viajará, perdeu as reuniões. O ex-presidente não disse, contudo, com quem elas seriam. Ele disse ainda que há conversas com secretários de Trump, sem mencionar nenhum especificamente.

Antes de embarcar para os Estados Unidos, Michelle disse que seu marido é o maior líder da direita no país e que sofre perseguição.

"Meu marido está sendo perseguido, mas assim como aqueles que Deus envia serão perseguidos, a gente sabe disso. Espero que deus tenha misericórdia da nossa nação, do meu marido. Foi maior líder da direita que elegeu, 'inelegível', mas que elegeu maior número de vereadores e prefeitos. E não seria diferente certo medinho que eles têm do meu marido", disse.

Na sexta-feira (17), o ministro Alexandre de Moraes negou recurso da defesa de Bolsonaro e manteve sua decisão de negar a ele o pedido para reaver o seu passaporte e autorizar sua ida à posse do presidente eleito Donald Trump nos Estados Unidos.

O ministro afirmou que adotou a posição "por seus próprios fundamentos" e encaminhou o caso à PGR (Procuradoria-Geral da República) para uma manifestação, no prazo de cinco dias. Trump, porém, tomará posse na segunda-feira (20).

O pedido inicial de Bolsonaro havia sido negado na quinta-feira (16). O ministro mencionou a existência de risco de fuga do ex-presidente, indiciado em casos como o da trama golpista de 2022.

Moraes justificou que Bolsonaro já se manifestou publicamente a favor da fuga de condenados por crimes e da permanência deles como foragidos no exterior, em especial na Argentina.

Ele também considerou que não foi juntado aos autos nenhum documento que comprovasse a veracidade do convite realizado pelo presidente eleito dos EUA a Bolsonaro.

A defesa de Bolsonaro recorreu da negativa afirmando não haver "qualquer indício" de pretensão do ex-presidente de descumprir a legislação, considerando que ele tem cumprido as medidas cautelares impostas.

Os advogados do ex-presidente justificavam a pertinência da viagem afirmando que a posse do presidente eleito é um "evento de notória magnitude política e simbólica e o convite para comparecer à sua cerimônia encontra-se carregado de significados e implica em diversos aspectos importantes, tais como o reforço de laços e o fortalecimento das relações bilaterais entre os países mediante o diálogo entre dois líderes globais".

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