Médico acusado de matar miss tem júri adiado após Justiça aceitar recurso
A defesa do médico alegou que pediu a inclusão nos autos de mídias contendo imagens de videomonitoramento
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O julgamento do médico Celso Luís Ramos Sampaio, acusado de matar a companheira, a pedagoga e miss pomerana Rayane Luiza Berger, terá o júri adiado após o Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (TJES) deferir recurso apresentado pela defesa do réu. O crime aconteceu em 2015, na zona rural de Santa Maria de Jetibá, Região Serrana do Estado, e Rayane tinha 23 anos na época.
A defesa do médico alegou que pediu à 1ª Vara Criminal de Vitória a inclusão nos autos de mídias contendo imagens de videomonitoramento, pedido que foi negado pela Justiça de primeiro grau. Entretanto, a defesa recorreu ao TJES, que acolheu o pedido, sob alegação de que o julgamento perante o Tribunal Popular do Júri “poderia ensejar indevido cerceamento de defesa, podendo ocasionar prejuízos ainda maiores ao caso concreto, com a eventual ocorrência de nulidade do julgamento”.
O julgamento estava marcado para começar nesta quinta-feira (13), às 08 horas, na nova sede do Fórum Criminal de Vitória, localizado na Avenida Fernando Ferrari.Por questões de segurança, a defesa do acusado pediu a transferência do julgamento para a capital capixaba. Anteriormente, ele estava marcado para acontecer em Santa Maria de Jetibá, onde o crime teve grande repercussão.
Celso Luís responde por homicídio qualificado (por motivo fútil, com recurso que dificultou a defesa da vítima e em situação de violência doméstica — feminicídio).
"Arrancaram um pedaço de mim", diz mãe da vítima
A mãe de Rayane, Clarice Berger, que aguarda há quase 10 anos pela conclusão do caso, divulgou um vídeo em que clama por justiça e pede pela condenação do acusado.
"Espero que a decisão do júri seja uma decisão verdadeira, que traga a verdade, e que ele seja punido pelo crime que cometeu. Temos que lutar todos juntos para que outras mães não passem pela mesma dor que eu e a minha família estamos passando neste momento", afirmou.
No vídeo, Clarice lembra de como era a filha e fala do sofrimento da família com o crime. "Minha filha, Rayane, era uma pessoa muito alegre, cheia de vida, cheio de amor e sonhos. A partida dela, tão repentina, trouxe uma dor enorme para toda a família. Arrancaram um pedaço de mim".
Relembre o caso
Rayane Berger foi assassinada no dia 6 de junho de 2015, próximo ao distrito de Alto Rio Posmosser, na zona rural de Santa Maria de Jetibá.
Na ocasião, segundo a acusação, Celso Luís dopou a companheira com medicamento de uso controlado e proferiu golpes com objeto contundente, causando ferimentos na nuca da vítima. Em seguida, o réu teria colocado Rayane em um veículo e forjado um acidente automobilístico.
No dia seguinte ao crime, ciclistas avistaram o automóvel em que a vítima estava, submerso num rio ao lado da estrada, e acionaram os Bombeiros Voluntários. O corpo de Rayane foi encontrado no banco do carona, sem cinto de segurança e com ferimentos na região da nuca.
O veículo estava com todas as portas trancadas, sem marcas de frenagem e sem os airbags acionados, o que levantou a hipótese de que não havia sido um acidente. Com isso, as investigações apontaram que o crime foi premeditado e planejado por Celso Luís.
Relacionamento conturbado
O casal tinha um relacionamento conturbado, já haviam separado e reatado diversas vezes, e tinham conhecimento de traições recíprocas. Porém, uma das traições teria sido o motivo de Celso Luís planejar e executar o crime contra Rayane.
Na denúncia, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) também detalha a cronologia dos fatos, a partir das observações de câmeras de segurança e resultados periciais. Acrescenta, ainda, que o réu estava cumprindo pena de 16 anos de reclusão por outro crime (homicídio contra um colega de profissão).
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