Mais de 3 mil mulheres vítimas de envenenamento e intoxicação
Levantamento foi feito com base em dados do Ministério da Saúde levando em conta registros de hospitais públicos e particulares
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Lançado na semana passada, o Painel da Violência traz informações sobre agressões sofridas pelas mulheres. Em um dos recortes, um dado chama a atenção: o Espírito Santo registrou 3.032 casos de agressões por envenenamento e intoxicação somente no ano passado.
O Painel, desenvolvido pelo Observatório de Políticas Públicas para Mulheres no Espírito Santo (Observatório MulherES), reúne dados de Norte a Sul do Estado. Em todo o Brasil, no ano passado, foram 88.202 registros de envenenamento e intoxicação.
Pablo Lira, diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), explica que o painel é abastecido com base em dados do Ministério da Saúde, alimentado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
“Esse recorte epidemiológico é importante para monitorar os tipos de agressões, com base em registros de todos os hospitais, públicos e particulares. Esses dados vão contribuir significativamente na elaboração e aprimoramento de políticas públicas voltadas às mulheres”, destacou.
Apesar do Painel da Violência não detalhar quais são as causas de envenenamento e intoxicação, Pablo Lira aponta que há situações, em menor proporção, em que houve a intenção de gerar danos à vítima, bem como casos em que não houve essa vontade.
Para ele, alguns motivos podem estar por trás dessas estatísticas, até mesmo casos extremos, como de agressores que deram veneno para as ex-companheiras com o intuito de matá-las, por não aceitarem o fim do relacionamento.
Ele cita outros exemplos, como reação a produtos químicos durante procedimentos estéticos, medicamentos, e até mesmo para tentativas de suicídios, agrotóxicos de uso doméstico, raticidas (conhecido como chumbinho), além de drogas.
Silvia Hansen, secretária-geral adjunta Ordem dos Advogados do Brasil, seccional capixaba (OAB-ES), ressalta que os casos de envenenamento e intoxicação de mulheres por seus parceiros podem ser motivados por vários fatores.
“O principal é a busca por controle e domínio da relação. Em relacionamentos abusivos, esse tipo de prática certamente representa muitas vezes uma extensão da violência já vivenciada pela mulher”.
Para ela, embora nada justifique essa conduta contra a mulher, este tipo de violência também pode ser realizado com intuito de facilitar o abuso sexual, podendo ser enquadrado como estupro de vulnerável.
Entenda
Painel Violência
Desenvolvido pela equipe do Observatório Mulher ES, o Painel Violência reúne dados de todas as unidades federativas referentes à violência contra a mulher, com base no DATASUS (rede pública e privada), do Ministério da Saúde.
Os números
- No Estado
Agressão por envenenamento/ intoxicação à mulher (2023) : 3.032
Desses:
2 casos de exposição/intoxicação foram por violência (agrotóxicos e raticidas)
- Os números continuam crescendo…
Neste ano foram:
7 casos por medicamentos, agrotóxicos de uso doméstico, raticidas, drogas de abuso, como álcool, tabaco, maconha, cocaína, heroína, crack e outros de janeiro a agosto.
- Internações por envenenamento e intoxicação (2023)
140 pessoas foram internadas
- Números que também continuam crescendo…
2024 88 casos de janeiro a junho
- No Brasil
Agressão por envenenamento/ intoxicação à mulher (2023): 88.202
Fique atento
1- Como suspeitar de intoxicação ou envenenamento?
A primeira conduta a ser tomada é a verificação se realmente houve a intoxicação ou o envenenamento. Uma pessoa, que tenha simplesmente deglutido alguma substância, não estará necessariamente intoxicada.
Algumas substâncias são inócuas e não requerem tratamento. Entretanto, podemos suspeitar de envenenamento ou intoxicação em qualquer pessoa que manifeste os sinais e sintomas.
2- Quais são os sintomas?
Sinais evidentes, na boca ou na pele, de que a vítima tenha mastigado, engolido, aspirado ou estado em contato com substâncias tóxicas, como por exemplo: salivação, aumento ou diminuição das pupilas dos olhos, sudorese excessiva, respiração alterada e inconsciência;
Hálito com odor estranho;
Modificação na coloração dos lábios e interior da boca, dependendo do agente causal;
Dor, sensação de queimação na boca, garganta ou estômago;
Sonolência, confusão mental, torpor ou outras alterações de consciência;
Náuseas e vômitos;
Diarreia;
Lesões cutâneas, queimaduras intensas com limites bem definidos ou bolhas;
Convulsões;
Queda de temperatura, que se mantém abaixo do normal;
Paralisia.
Fonte: Instituto Jones dos Santos Neves, Secretaria da Saúde, Centro de Informação e Assistência Toxicológica e Fiocruz.
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