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Polícia

Máfia dos “investimentos” rouba até R$ 15 milhões de empresários no ES

No golpe da triangulação, vigarista fica de olho em anúncios na internet


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Imagem ilustrativa da imagem Máfia dos “investimentos” rouba até R$ 15 milhões de empresários no ES
O motorista Ronei Oliveira percebeu o golpe ao ficar sabendo do preço pelo qual seu carro estava anunciado |  Foto: Leone Iglesias/AT

Basta um anúncio em páginas de venda para que um golpista arme um esquema conhecido como Golpe da Triangulação. A ação, que é crime de estelionato, é antiga e conhecida, o que não impede que novas vítimas caiam na trapaça. 

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Segundo o titular da Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa), no Estado, há casos cujo prejuízo chega a R$ 121 mil.

A fraude consiste em uma pessoa que se passa por comprador e vendedor ao mesmo tempo, mas para pessoas diferentes. 

O caso aconteceu com o motorista de Uber, Ronei Oliveira, de 56 anos. Ele, que mora em Cariacica, anunciou o carro em uma plataforma de vendas on-line. No dia seguinte, o criminoso deu início à artimanha.

Bem articulado e com uma história que poderia ser verdade, o golpista se apresentou como empresário. “Ele disse que tinha uma sociedade que foi desfeita, o carro era para pagar uma dívida com o sócio, mas eu não podia dizer que o carro era meu, ele insistiu nesse ponto, eu não podia dizer nada”, conta Oliveira.

Quando o encontro para avaliar o carro aconteceu, o dono do veículo e o comprador descobriram o esquema criminoso. “O tal sócio não era sócio coisa nenhuma, o cara anunciou meu carro nas redes sociais por R$ 14 mil. Ele ia enganar nós dois”.

Imagem ilustrativa da imagem Máfia dos “investimentos” rouba até R$ 15 milhões de empresários no ES
Economia Máfia em investimentos e vendas na internet rouba até 15 mil de vítimas Na foto Ronei Oliveira Foto: Leone Iglesias |  Foto: Leone Iglesias/AT

Conforme o motorista de Uber relata, o valor do carro foi fundamental para descobrir a verdade. “O senhor perguntou se o preço estava certo, quando ele disse R$ 14 mil, eu avisei que era R$ 27.900 e aí ligamos uma coisa na outra. Ele me mostrou que o meu carro estava sendo anunciado em outro lugar”. 

Douglas Vieira é o delegado à frente da Defa e afirma que esse esquema foi observado no Espírito Santo há alguns anos, mas apesar de ser conhecido, o golpe ainda faz vítimas. “O esquema entra no sistema como crime de estelionato, então não consigo dizer qual número de vítimas, mas posso afirmar que é alto”.

Para o delegado, para cada produto existe o preço real, que nos casos de automóveis, tem como referência a Tabela Fipe. 

“Um carro com valor muito abaixo do mercado é o primeiro sinal de um possível golpe. Depois, na hora do pagamento, se a transferência estiver em nome de outra pessoa, é o momento de encerrar  a negociação”, orienta o delegado.

Palavra do delegado

"É o velho ditado: quando a esmola é demais, o santo desconfia. Se a promessa for de um ganho que ninguém mais oferece, há um indício de fraude. Golpes antigos ainda fazem vítimas". Douglas Vieira, delegado titular da Defa.

Imagem ilustrativa da imagem Máfia dos “investimentos” rouba até R$ 15 milhões de empresários no ES
Titular da Defa, delegado Douglas Viera. |  Foto: Divulgação

PARA NÃO CAIR EM CILADA

Dicas para se prevenir 

- Com relação a investimentos e outras promessas de cunho financeiro, se a empresa não é cadastrada nos órgãos reguladores, há um indício de possível fraude. No site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou do Banco Central é possível consultar nomes e CNPJs.

Golpe da venda on-line

Na Justiça 

- Depois que o golpe acontece, muitas vítimas tentam recuperar os prejuízos judicialmente.

A favor do vendedor 

- Na maioria das vezes, quando o comprador faz o  pagamento do valor para a conta informada pelo golpista, a Justiça entende que a transação é nula – sem validade – o que permite a retomada do bem e o cancelamento da venda. De modo que o vendedor é favorecido e sai sem prejuízo.

Imagem ilustrativa da imagem Máfia dos “investimentos” rouba até R$ 15 milhões de empresários no ES
Pix acabou se tornando uma ferramenta para realização de vários golpes |  Foto: Divulgação

A favor do comprador

- No entanto, outros casos podem ser julgados a favor de quem comprou o bem.

- Ao intermediar uma venda, o golpista faz duas vítimas, sendo uma o vendedor oficial e o comprador, que de boa-fé realiza a compra do bem anunciado.

- Nos casos em que o comprador é favorecido, a Justiça entende  que o vendedor não adotou as cautelas devidas para realizar a transação e o comprador, terceiro de boa-fé que pagou o preço, não pode ser prejudicado, ou seja, o vendedor fica com o prejuízo e “perde o bem”, porque a compra é considerada válida e o objeto fica com aquele que comprou. 

Prejuízo dividido 

- Nos casos em que o vendedor não transfere e entrega o veículo ao comprador, a Justiça costuma decidir pela  divisão do prejuízo entre o vendedor e comprador.

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Juiz toma decisão: jurisprudência |  Foto: Leone Iglesias/AT

Dicas do delegado 

- Douglas Vieira, titular da Defa, orienta que compras, sobretudo as realizadas na internet, sejam sempre com o próprio comprador ou vendedor. 

- Verificar a regularidade da documentação do veículo e do proprietário, inclusive seus dados bancários. 

- Realizar o pagamento somente na conta do proprietário do veículo.

- A Delegacia Online (Deon) é um canal direto do cidadão com a Polícia Civil, pelo qual é possível fazer o boletim de ocorrência (BO) via internet para determinados tipos de ocorrência. Menos para os casos de:  homicídio, estupro, sequestro, furto e roubo de veículo. No link: https://delegaciaonline.sesp.es.gov.br/deon/xhtml/solicitarregistroocorrencia.jsf 

Fonte: Especialistas e fontes citadas.

ANÁLISE 

“O que faz uma pessoa rica e educada cometer um crime?”

“O indivíduo por trás de um crime é inserido em um contexto social, econômico, afetivo e pessoal. E assim como suas experiências na vida são pessoais, as aspirações também. 

O que faz uma pessoa rica e educada cometer um crime? Ouço esse questionamento com frequência e logo vem a indagação: 'São sociopatas?', respondo que talvez. 

Talvez haja alguma espécie de prazer vil em articular um plano, algo que denota elevada expertise, e a partir dele, extrair proveito de alguém. Nasce, em desequilíbrio, um sentimento prazeroso de superioridade.”

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