Criminosos cobravam mensalidade para empresas de internet e gás atuarem no ES
Operação Conexão Perdida resultou na prisão de onze pessoas, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro
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Onze pessoas foram presas suspeitas de praticarem crimes de extorsão contra empresários no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. As ações aconteceram na última quarta-feira (29) e fazem parte da Operação Conexão Perdida, que reuniu mais de 300 policiais para as buscas nos dois estados. O resultado foi divulgado nesta sexta (31), durante coletiva de imprensa.
O alvo da operação foi a organização criminosa denominada “Terceiro Comando Puro (TCP)", cujos líderes no Espírito Santo passaram a ter como fonte principal de renda a extorsão de empresários de provedores de internet e de serviços de gás e água. Segundos as investigações, essas empresas recebiam ameaças e só podiam atuar em áreas dominadas pela facção caso fizessem pagamento de mensalidade, que variavam de 3 mil reais a até 10 mil reais. Entre os bairros dominados pela facção TCP estão Itararé, Cruzamento e Nova Palestina, em Vitória, e Nova Almeida, na Serra.
Para receber os valores ilícitos, os criminosos utilizavam diversas contas bancárias, inclusive de uma lotérica, e uma espécie de "banco paralelo" (instituição financeira irregular), que funcionava dentro do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. "Só no banco paralelo havia mais de 10 aparelhos celulares, tinham várias máquinas de cartões de crédito e anotações que mostravam todo o esquema de lavagem de dinheiro", detalhou Romualdo Gianordolli Neto, subsecretário de Inteligência da Sesp.
Ao todo os criminosos teriam movimentado de R$ 43 milhões em seis meses. O valor, segundo a polícia, não se refere apenas ao tráfico de drogas do Espírito Santo. "Era um banco paralelo que atendia todo o Complexo da Maré", explicou subsecretário.
As investigações começaram após a prisão de Luan Gomes Faria, em novembro de 2023. Ele, segundo o delegado Alan de Andrade, era o representante do TCP no Espírito Santo e teria trazido o conhecimento criminoso da organização. "Com a prisão de Luan nós conseguimos encontrar elementos que demonstram os comprovantes de depósitos de várias pessoas para uma conta no estado do Rio de Janeiro", disse o coordenador do Centro de Inteligência e Análise Telemática da PCES.
Com o avanço das investigações, a polícia descobriu a existência do banco paralelo. Além das extorsões, o dinheiro reunido na instituição vinha do tráfico de drogas e de armas. Durante as ações, onze pessoas foram presas e dois suspeitos morreram em confrontos com a polícia. Foram apreendidos sete fuzis, três pistolas, duas espingardas e 15 veículos roubados. No Espírito Santo, as ações resultaram na prisão de uma familiar de Luan e também de um empresário que acabou se associando à facção criminosa.
"As facções aproveitam essa presença em determinadas comunidades carentes para deixar a população refém de seus serviços. Nosso objetivo com essa operação é devolver os espaços públicos para a população e devolver também a liberdade de escolha e a liberdade dos empresários de exercer suas atividades sem ser extorquidos pelas facções", destacou o secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Leonardo Damasceno.
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