Caso Clarinha: Mulher em coma há 21 anos pode ser menina sequestrada
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A identidade de uma mulher internada há mais de 20 anos em estado vegetativo, no Hospital da Polícia Militar (HPM), em Vitória, é um mistério para a equipe médica e para a polícia. Clarinha, como foi batizada pelos profissionais que dela cuidam, aparenta ter cerca de 40 anos, mas não tem documentos e nunca foi reconhecida por algum familiar. No entanto, um exame de reconhecimento facial trouxe uma nova pista que pode ajudar a desvendar o caso. A suspeita é de que a paciente pode ser uma menina sequestrada, em Guarapari, nos anos 70.
O Ministério Público do Estado (MPES) atua no caso há anos para tentar identificar Clarinha. Em nota, o órgão ministerial, informou que a última descoberta foi feita com a ajuda de uma equipe de papiloscopistas da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) em atuação no Espírito Santo.
Em meados de 2020, a equipe tomou conhecimento do caso e, em contato com o MPES, obteve autorização para auxiliar na tentativa de identificação da paciente.
O Ministério Público explica que a equipe utilizou o processo de comparação facial, com buscas em bancos de dados de pessoas desaparecidas com características físicas semelhantes às de Clarinha.
"A partir dessas buscas, chegou-se ao caso de uma criança de 1 ano e 9 meses de idade desaparecida em Guarapari, em 1976. Na época dos fatos, a família dela, que é de Minas Gerais, passava férias no Espírito Santo", disse o MPES..
Para a confirmação das semelhanças físicas entre a menina desaparecida e Clarinha, foi solicitada a realização de exame de reconhecimento facial por uma empresa especializada neste trabalho localizada no Paraná. "O exame concluiu haver 'compatibilidade' entre as imagens de Clarinha e a da menina desaparecida em 1976", informou o órgão..
Com esses novos elementos, o Ministério Público solicitou a uma laboratório particular o perfil genético de Clarinha.
O MPES enviou o material genético de Clarinha para a Polícia Civil de Minas Gerais, que mantém arquivado o perfil genético dos pais da criança desaparecida em Guarapari. "O Ministério Público capixaba solicitou a comparação entre os perfis genéticos e, nesse momento, aguarda o resultado dos procedimentos adotados pela Polícia Civil mineira", explicou.
Relembre
A paciente internada em estado vegetativo, conhecida como Clarinha, chegou ao Hospital da Policia Militar, em 2000.
De acordo com relatos de testemunhas, ela estava fugindo de um perseguidor, também não identificado, e correu para o meio de uma avenida movimentada no centro de Vitória, onde foi atropelada por um ônibus.
Levada para o antigo Hospital São Lucas, passou por diversas cirurgias. No entanto, o cérebro foi afetado, impedindo que ela retornasse de um coma profundo.
"Sem documentos e com as digitais desgastadas, buscou-se, em um primeiro momento, encontrar algum conhecido entre as testemunhas do acidente, mas ninguém tinha informações da paciente. Em seguida, Clarinha foi transferida para o HPM, onde continua até hoje, sendo tratada com carinho pelo corpo médico e pelos enfermeiros", explicou o Ministério Público do Estado.
Exames de DNA em pelo menos 18 famílias foram feitos
O órgão passou a atuar no caso a partir de demanda recebida do HPM, que pediu a ajuda ministerial para identificar Clarinha e seus familiares. A procuradora de Justiça Edwirges Dias, que na época atuava como promotora de Justiça Cível de Vitória, expediu ofícios para diversas instituições públicas que integraram uma campanha para saber quem é Clarinha.
Em outro momento, o caso foi encaminhada ao Grupo Especial de Trabalho Social (Getso) do MPES. Coordenado pela promotora de Justiça Arlinda Maria Barros Monjardim, o Getso atuou em diversas frentes, expedindo ofícios, fazendo diligências e cobrando perícias.
O MPES fez a divulgação do caso em veículos de imprensa locais e nacionais, além de pedir ajuda aos outros ministérios públicos, banco de dados de pessoas desaparecidas, delegacias e até a Polícia Federal.
Em 2016, após uma reportagem em rede nacional, 102 famílias procuraram o MPES suspeitando que Clarinha pudesse ser uma familiar desaparecido. Depois de uma investigação dos casos, a história de 22 famílias aparentava algumas semelhanças pelas fotos ou pela similaridade dos dados próximos ao perfil de Clarinha.
Quatro desses casos foram descartados mais a frente por incompatibilidade de informações ou porque os familiares foram encontrados. As famílias restantes foram submetidas a testes de DNA, porém todos tiveram resultado incompatível.
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