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Política

Pernambuco presente na mobilização indígena contra marco temporal

Cacique Marquinhos, de Pesqueira, está na caravana que se dirige a Brasília


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Imagem ilustrativa da imagem Pernambuco presente na mobilização indígena contra marco temporal
|  Foto: Agência Brasil/ Marcelo Camargo

Começa nesta segunda-feira (22), em Brasília, o Acampamento Terra Livre (ATL), que neste ano chega em sua 20ª edição. A principal mobilização indígena do país deve reunir milhares de participantes, representando as centenas de etnias indígenas existentes no Brasil.

A expectativa da Articulação Nacional dos Povos Indígenas (Apib), que organiza o encontro, é que este seja o ATL mais participativo da história, superando cerca de 6 mil indígenas do ano passado.

De Pernambuco, um dos representantes será o prefeito de Pesqueira, o cacique Marquinhos, da nação Xukuru. Ele está acompanhando a caravana que segue para Brasília. Segundo dados do IBGE de 2022, o Estado abriga a quarta maior população indígena do País. 

“Vamos acompanhar nossos irmãos, nosso povo. Nosso marco é ancestral. Sempre estivemos aqui. Nossa missão é incessante”, escreveu o prefeito Marquinhos.

Imagem ilustrativa da imagem Pernambuco presente na mobilização indígena contra marco temporal
O cacique Marquinhos, prefeito de Pesqueira, é o principal representante político dos indígenas em Pernambuco. |  Foto: Divulgação

Com o lema "Nosso marco é ancestral, sempre estivemos aqui", a edição de 2024 terá como prioridade justamente a luta contra o marco temporal, tese segundo a qual os povos indígenas somente teriam direito à demarcação de terras que estavam ocupadas por eles na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.

Essa tese já havia sido declarada inconstitucional em julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro do ano passado, mas foi inserida na legislação por meio de um projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional que, em seguida, foi vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O marco foi mantido pelos congressistas, que derrubaram o veto. Agora, a expectativa é que o STF reafirme a inconstitucionalidade da medida.

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O Brasil tem 1.693.535 de pessoas indígenas, o que representa 0,83% do total de habitantes do país, segundo dados do Censo 2022 |  Foto: IBGE/Censo de 2022

O ATL vai de 22 a 26 de abril, com atividades concentradas no Eixo Cultural Ibero-americano. A extensa programação prevê debates, apresentação de relatórios, marchas à Praça dos Três Poderes e atividades políticas no Congresso Nacional, como sessão solene, audiências públicas e reuniões.

Apresentações culturais e exposição de artesanato e arte indígena de todos os biomas brasileiros também estão previstos.

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Estado tem a quarta maior população indígena do País e marca presença em ato de Brasília. Na foto, indígenas do povo Pankararu, de Jataúba |  Foto: Divulgação

O evento também começa dias após o presidente Lula ter assinado a demarcação de duas novas terras indígenas. A retomada das demarcações começou no ano passado, justamente na edição anterior do ATL, quando seis decretos de demarcação foram assinados. De lá pra cá, o governo federal contabilizou 10 demarcações, enquanto a Apib diz ter sido oito.

A expectativa do movimento indígena, no entanto, era que o governo federal tivesse concluído ao menos 14 demarcações de áreas, fruto de processos em fase final.

Violência e saúde mental

Além do combate à lei que criou o marco temporal e a pressão por mais demarcações, o Acampamento Terra Livre deve denunciar uma nova escalada de violência contra indígenas.

De acordo com a Apib, citando levantamento feito pelo Coletivo Proteja, seis lideranças indígenas foram assassinadas no país após a edição da lei que instituiu o marco temporal, entre dezembro de 2023, quando a legislação entrou em vigor, e o início deste ano.

"No mesmo período, também foram mapeados 13 conflitos em territórios localizados em sete estados. Um dos assassinatos foi o da pajé Nega Pataxó, povo Hã-Hã-Hãe, durante ação criminosa da Polícia Militar do Estado da Bahia com o grupo 'Invasão Zero'. A liderança foi assinada na retomada do território Caramuru-Paraguaçu, município de Potiraguá", aponta a entidade indígena.

Outro tema que será abordado no ATL é o suicídio entre indígenas. Segundo a Apib, um estudo feito por pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard (EUA) e do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cidacs/Fiocruz) apontou que a população indígena lidera os índices de sucídio e autolesões no Brasil, mas tem menos hospitalizações.

"Conforme o estudo, isso revela a precariedade no atendimento médico e no suporte à saúde mental para as famílias indígenas. A pesquisa foi feita com dados entre 2011 e 2022 e publicada na revista The Lancet. Com isso, as lideranças demonstram preocupação com a saúde mental dos indígenas, principalmente aqueles que enfrentam invasões em seus territórios e lutam pelos seus direitos", diz a Apib.

Texto produzido Agência Brasil com inclusão de contexto pernambucano produzido por Aline Moura, daTribuna Online

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