Filho caçula de médico assassinado ficou “abismado” com absolvição do irmão
Julgamento do crime terminou com placar apertado de 4 a 3
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Filho mais jovem do médico cardiologista assassinado, o estudante de nutrição Daniel Paes, 25 anos, foi um dos primeiros a sair, nesta quarta-feira (25), do Fórum de Camaragibe, onde viu o irmão Danilo Paes, 28, ser absolvido da acusação de ter ajudado a mãe a matar o pai (Denirson Paes). Daniel também foi suspeito na época em que o crime ocorreu, mas não foi denunciado.
O Júri Popular inocentou seu irmão por um placar de 4 a 3 no segundo dia de julgamento. O principal motivo da absolvição foi o promotor Leandro Guedes ter se posicionado a favor da réu, alegando haver provas insuficientes para a condenação.
Normalmente, em julgamentos, o promotor representa o Estado na acusação, mas isso não é regra absoluta, segundo outros promotores relataram à reportagem em reserva.
Comparação injusta
Daniel se disse indignado com o fato de o promotor comparar ele com o irmão, ao falar que foi encontrado sangue no quarto de ambos, material impossível de reconhecer por DNA nas investigações.
O estudante contou que prestou depoimento à polícia com quatro páginas e Danilo, “zero (páginas)”. “É muito difícil de acreditar, muito difícil mesmo”, em entrevista à repórter Carol Guibu, do programa Brasil Urgente, da TV Tribuna/Band (canal 4).
Daniel é favorável à condenação do irmão e ressaltou ter confiança nas provas apresentadas pela Polícia Civil, na época. Denirson era médico cardiologista e tinha 54 anos quando foi morto, esquartejado e queimado. Vestígios do seu corpo foram parar no poço da propriedade. Veja tudo que o promotor falou.
Motivação do crime
A motivação do crime teria sido um pedido de divórcio que o pai fez à mãe, Jussara Rodrigues, que já foi condenada por Júri Popular a 19 anos e 8 meses de prisão em regime fechado. Danilo teria ajudado, segundo a assistência da acusação, por ter um comportamento instável.
“A polícia fez um trabalho muito sério. Ninguém sabe o que eu passei, sendo investigado também. Só eu sei o que eu passei, só eu sei o que aguentei pra chegar nesse momento e me deparar com um promotor que não representou o Estado de Pernambuco e a sociedade. A mensagem que fica é impunidade total”, arrematou.
Daniel externou a indignação. “Fiquem abismados, como eu estou”, declarou, acrescentando que não sabe se vai recorrer da decisão do Júri, por questões financeiras.
“Se eu puder, recorrerei, com certeza absoluta, em nome do meu pai, em nome da minha família, em nome da sociedade de Pernambuco”. “O sentimento da família é que, para o Ministério Público, o trabalho da Polícia e nada é a mesma coisa. A mensagem que fica é essa”.
O assistente da acusação, Carlos André Dantas, disse que a posição do promotor fez diferença no resultado do Júri Popular, que absolveu o réu por 4 a 3. Ele afirmou que deve recorrer na segunda instância (formada por desembargadores).
O promotor Leandro Guedes respondeu que não deve satisfações à família. Frisou que seu compromisso era com a Justiça.
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