Suape descarta impacto ambiental e diz que CPRH não confirmou mortes de animais
Segundo o porto, após cinco vistorias, agência não encontrou provas de que a dragagem tenha causado mortes de cavalos-marinhos, peixes ou tartarugas
O Porto de Suape divulgou, nesta terça-feira (4), o resultado de uma nova vistoria realizada pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) na área onde ocorre uma nova dragagem do canal interno.
Segundo o porto, a CPRH descartou qualquer relação entre a obra e supostas mortes de cavalos-marinhos, peixes e tartarugas nas imediações.
De acordo com o Porto, a constatação da agência foi respaldada após cinco minuciosas vistorias realizadas em vários trechos dos Rios Tatuoca, Massangana, além da área portuária onde ocorre a obra.
Ainda segundo o porto, a vistoria foi referendada por escutas realizadas com as associações de pescadores, moradores da região e mergulhadores profissionais do atracadouro.
Diretor do CPRH fala que vistorias foram feitas com dragas paradas e em funcionamento
De acordo com o Porto, as denúncias das supostas mortes de tartarugas e cavalos marinhos, que estão em extinção, não foram confirmadas pela CPRH.
“As denúncias das supostas mortes, não confirmadas, circulam em vídeos de redes sociais, tentando associar tais episódios às obras de dragagem do atracadouro, que teve início em 29 de agosto deste ano, para remoção de mais de 4 milhões de metros cúbicos de sedimentos”.
A última fiscalização ambiental, comandada pela CPRH, aconteceu na última sexta-feira (31), mas eles informaram não ter constatado nenhum problema. A vistoria teria contando com 12 profissionais.
“Nós descartamos que a mortandade tenha relação com a dragagem. Inclusive, fizemos um relatório e encaminhamos ao Ministério Público na última segunda. Não identificamos nada que relacionasse a mortandade com a dragagem do porto. Inclusive, paramos a draga por dias na semana passada, trabalhamos a semana todinha lá e não encontramos nenhuma mudança no estuário”, disse o diretor-presidente da CPRH, José Anchieta dos Santos.
Ele acrescentou que a vistoria foi realizada com as dragas paradas e com o trabalho em andamento. Em nenhum dos momentos, ele garantiu, foram encontrados animais mortos, nem indícios visuais de alteração na qualidade da água ou qualquer outra anormalidade associada.
Indagado por qual motivo pescadores anônimos tinham feito as denúncias, ele frisou não ter a "menor ideia". "Tem uma equipe contratada por Suape monitorando diariamente, que salva os animais quando é necessário. Que param as dragas se necessário. Não tenho a menor ideia (da motivação das denúncias). A CPRH não pode entrar em bate-boca com pescador".
O diretor-presidente destacou que, desde as denúncias, os trabalhos da CPRH estão sendo contínuos em Suape, porém as mortes não estão sendo causadas pela dragagem.
Posição das entidades pesqueiras
Por meio da assessoria, o Porto informou que, embora os vídeos que circulam nas redes sociais tenham sido produzidos por supostos pescadores, nenhuma das três entidades que representam o setor pesqueiro local — Colônia Z-8, Associação de Pescadores e Pescadoras Profissionais em Atividade no Cabo de Santo Agostinho e Associação Quilombola Ilha de Mercês — confirmou as denúncias nem registrou qualquer ocorrência na CPRH ou na Diretoria de Sustentabilidade de Suape sobre mortes de peixes.
O presidente da Colônia Z-8, Lailson Evangelista de Souza, explicou que, até o momento, não há registros de situações semelhantes às que vêm sendo divulgadas nas redes sociais.
“Não tenho nenhum conhecimento sobre morte de peixes, de cavalos-marinhos ou de tartarugas. A gente pede aos pescadores para observar e nos repassar algum problema. Eles filmam e mandam para mim, mas isso não aconteceu”, ressaltou.
Segundo informações do Porto, Suape implementou, sem exigência legal, um plano de assistência aos pescadores com um aporte mensal de R$ 831.864,00, durante o período da obra de dragagem.
“Pescadores e pescadoras indicados pelas três associações estão recebendo auxílio financeiro e cesta de alimentos, como medida de boa prática e responsabilidade social até o final dos serviços, previstos para serem encerrados em janeiro de 2026. A ajuda financeira de Suape contempla 548 trabalhadores, sendo 260 da Colônia Z-8; 238 da Associação Pescadores e Pescadoras Profissionais em Atividade no Cabo de Santo Agostinho; e 50 da Associação Quilombola Ilha de Mercês”.
Licenças e monitoramento ambiental
Para o diretor de Sustentabilidade de Suape, Carlos Cavalcanti, os laudos emitidos pela CPRH reforçam o compromisso da estatal com a sustentabilidade e comprovam o trabalho técnico e responsável desenvolvido no complexo ao longo de 47 anos.
Segundo ele, as dragagens realizadas no porto passam por um processo criterioso de licenciamento e autorização ambiental, acompanhado de fiscalização contínua por parte dos órgãos competentes.
“Foi elaborado o Plano de Gestão da Qualidade Ambiental (PGQA), aprovado e acompanhado de forma contínua pela CPRH, que reúne 15 Programas Ambientais e 14 condicionantes voltadas ao controle, prevenção e mitigação de possíveis impactos da obra de dragagem”, destacou o diretor, ressaltando que o que se observou em campo foi uma situação sem qualquer nexo com o que vem sendo divulgado em redes sociais. Carlos Cavalcanti, informa, ainda, que o controle ambiental da área é complementado sistematicamente por relatórios enviados pelas empresas contratadas para a execução da dragagem.
Obra e tecnologia
A obra de dragagem está sendo conduzida pelo consórcio Van Oord/Jan De Nul, responsável pela licitação, com o uso de dragas modernas que contam com tecnologia de baixa emissão de CO₂, rastreamento por satélite e sensores em tempo real — recursos que asseguram precisão nas operações, eficiência energética e alto padrão técnico.
De acordo com Suape, há fiscais embarcados acompanhando o trabalho, e a própria tripulação auxilia no monitoramento da fauna marinha. O investimento total é de R$ 217 milhões, dos quais R$ 117 milhões são de recursos próprios e R$ 100 milhões provenientes do Ministério de Portos e Aeroportos, via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3).
Prêmios e pesquisas
Suape ressaltou seu compromisso com a preservação ambiental e lembrou que já recebeu prêmios internacionais pelo trabalho desenvolvido na área de sustentabilidade.
“Teve parceria recente com o Instituto Hippocampus, que estuda cavalos-marinhos, e o projeto Megamar, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que analisou a fauna marinha no porto. Respectivamente, cada projeto recebeu aporte financeiro de R$ 300 mil e R$ 1,4 milhão”. Segundo o Instituto Hippocampus, as duas parcerias cidadas por Suape não estão mais em andamento.
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