Vicência sofre alagamento agravado por córregos entupidos e alerta pouco eficiente
Enxurrada rápida destrói pertences de moradores e expõe problemas estruturais na cidade; Prefeitura e Estado anunciam medidas emergenciais
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No município de Vicência, a 87,2 quilômetros do Recife, no interior de Pernambuco, uma enxurrada invadiu casas, arrastou móveis e deixou dezenas de famílias desabrigadas. No total, 101 famílias foram atingidas pela enchente.
A situação, descrita por moradores como “cenário de guerra”, poderia ter sido menos grave se um sistema de alerta eficiente estivesse em operação e as galerias da cidade não estivessem obstruídas.
O cenário nas ruas da cidade era desolador. Em bairros como Rua da Areia e Maria Vicência, colchões, eletrodomésticos e móveis estão espalhados pelas calçadas. Segundo a Defesa Civil, três ruas próximas ao córrego que corta a cidade foram as mais atingidas.
"A força da água invadiu cerca de 100 casas. Felizmente, não há relatos de vítimas, mas os prejuízos materiais são imensos", afirmou o coronel Clóvis Ramalho, secretário-executivo da Defesa Civil do Estado.
Segundo apurou a TV Tribuna/Band, cinco pessoas ficaram feridas, duas em estado grave, tendo sido levadas para o Getúlio Vargas e Hospital da Restauração, no Recife.
Dona Maria, que mora na Rua da Areia, contou que nunca havia enfrentado uma enchente dessa magnitude. "Minha casa nunca tinha alagado antes. Vi vizinhos perderem tudo em questão de minutos", relatou. Assim como ela, outros moradores descrevem a rapidez com que a água subiu e desceu, dificultando qualquer tentativa de salvar pertences.
A prefeitura, em parceria com o governo estadual, iniciou ações emergenciais. Abrigos estão sendo organizados para as famílias que não podem retornar às suas casas, enquanto outras receberão auxílio-aluguel.
O prefeito Éder (PSDB) contou que acordou de madrugada com raios e trovões e começou a perceber a situação grave da cidade.
"Estamos alugando casas para os que preferirem sair das áreas de risco e distribuindo cestas básicas, colchões e água potável", destacou o prefeito Eder. Além disso, foi anunciado um auxílio financeiro de R$ 2 mil para ajudar na recuperação dos imóveis danificados. “Estamos providenciando”.
Embora a chuva tenha sido intensa, a falta de manutenção das galerias pluviais e a ausência de um sistema de alerta eficiente contribuíram para ampliar os danos. O córrego estava obstruído, e isso potencializou o impacto da enxurrada. Uma moradora, por sua vez, disse que uma equipe da prefeitura passou por lá, mas não fez fotos dos estragos de sua casa, pelo fato de ela não ter votado nele. O prefeito garantiu. “Não é tempo de politicagem”.
A governadora Raquel Lyra (PSDB) mobilizou equipes de diferentes órgãos estaduais para atuar no socorro às vítimas e na limpeza das áreas atingidas. Caminhões foram enviados para desobstruir ruas e realizar vistorias em imóveis que podem estar comprometidos estruturalmente.
Apesar dos esforços, a população de Vicência segue enfrentando desafios. Além dos danos materiais, muitos relatam o impacto psicológico da tragédia. "Mais do que perder móveis, documentos e roupas, as pessoas perderam a tranquilidade. É algo que vai levar tempo para superar", lamentou um voluntário.
A tragédia em Vicência reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura e planejamento urbano para evitar que eventos climáticos extremos causem destruição em áreas vulneráveis.
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