Preocupação ambiental em Boa Viagem: bolhas no mar podem indicar poluição de esgoto

O mar estava turvo, com cor esverdeada/amorronzada e, quando a onda vinha, bolhas se formavam, como se água estivesse fervendo |  Foto: Prio Dantas/Cortesia

O aparecimento de bolhas no mar de Boa Viagem e a mudança da cor da água, que ficou entre marrom e esverdeada, pode ser esgoto. Muitos banhistas que estavam nas imediações do Hotel Radisson, número 1906, ficaram assustados. 

"Aquela coisa era a coisa. Não tinha odor", disse a empreendedora e jornalista Priu Dantas, que registrou as imagens. Ela estava numa barraca de praia perto do local. 

A avaliação preliminar foi feita pelo biólogo e oceanógrafo Múcio Banja, pesquisador associado do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação - IATI. Porém, o estudioso fez a ressalva de que a conclusão só pode ser feita quando o material for analisado em laboratório.

O especialista descartou, no entanto, a presença de maré vermelha, que atingiu o litoral pernambucano em janeiro. 

“Provavelmente, é material de esgoto (que assemelhava-se a bolhas fervendo) mesmo ou material de alga que se estragou. A gente está com ventos muito fortes, muito fortes, eles estão jogando juntando tudo na margem. O litoral todo está muito estranho por conta disso, o material de esgoto não se dispersa, fica muito próximo da orla”.

Ventos podem estar acumulando material orgânico na costa

De acordo com Múcio Banja, a aparência também pode ser provocada por material orgânico que saiu de algum canal desse ou do rio, de modo que os ventos não deixaram dispersar, deixando muito próximo da costa.

“Vamos aguardar. Só pegando mesmo uma amostra e coletando. Você tem que levar para o laboratório e fazer uma análise de material orgânico, amônia, nitrato, para saber que tipo de nutriente é esse. Se tiver amônia muito alta é porque é material de esgoto mesmo”, declarou, uma avaliação que não deixa de ser assustadora para quem ouve e vê.

A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, enviou uma brigada para fiscalizar se houve alguma agressão ao meio ambiente, mas deve se posicionar nesta quarta-feira (16). Ainda não houve pronunciamento oficial.

O que diz a Marinha sobre o mistério?

Marinha diz não ter encontrado substâncias oleosas em 4 quilômetros de praia |  Foto: Bruno Takahashi/Cortesia

Por meio da assessoria de imprensa, por sua vez, a Marinha disse que uma equipe de Inspeção Naval (IN) da Capitania dos Portos de Pernambuco (CPPE) atuou na manhã desta terça-feira, na Praia de Boa Viagem, em frente à Rua França Pereira.

Segundo o comunicado, houve realização de coleta de amostras de água do mar, para verificar a informação sobre o aparecimento de vestígios de substância oleosa na praia a pedido da Companhia Pernambucana de Controle da Poluição Ambiental e de Administração de Recursos Hídricos (CPRH) - Agência Estadual de Meio Ambiente.

Marinha diz não ter encontrado substâncias oleosas em 4 quilômetros de praia

“Ao chegarem ao local da ocorrência, os militares verificaram presença de vegetação marinha (algas), coletando, entretanto, algumas amostras de água e areia, aparentemente sem vestígios de presença de substância oleosa, ao longo de faixa de praia com cerca de quatro quilômetros da posição registrada nos vídeos”.

A Marinha acredita que o registro das imagens que tomaram as redes sociais ocorreu na segunda-feira (15), um dia antes de eles coletarem as amostras. No entanto, a jornalista Priu Dantas confirmou que foram feitas no feriado desta terça (16).

A Marinha pediu que, caso seja avistado óleo nas praias, o banhista deve se comunicar discando o 185 – Emergências Marítimas.