Polícia apreende objetos na casa de médico após morte de advogada Maria Eduarda
Corpo foi achado em posição atípica para afogamento, segundo apurou a TV Tribuna
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A Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa do médico Seráfico Pereira Cabral Júnior, de 55 anos, namorado da advogada Maria Eduarda Carvalho de Medeiros, de 38, que morreu após o naufrágio de uma lancha na praia de Suape, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. Os dois namoravam há seis meses.
Segundo o colunista Raphael Guerra, titular da coluna Segurança, a ordem judicial autorizou a apreensão de celulares, computadores e outros dispositivos eletrônicos na residência do médico, no bairro da Jaqueira, Zona Norte do Recife.
A Delegacia do Cabo de Santo Agostinho apura se ele pilotava a embarcação sem habilitação e sem oferecer coletes salva-vidas. As apreensões foram feitas na última terça-feira (24), Dia de São João, no mesmo dia em que acharam o corpo da advogada.
O acidente ocorreu na tarde do sábado (21). Estavam na lancha Seráfico, Maria Eduarda e o seu cachorrinho, que não foi localizado. Após o barco naufragar, o médico contou que teria nadado por cerca de três horas até chegar à costa, onde foi socorrido por equipes do Corpo de Bombeiros. O cachorro não foi encontrado, nem restos do pequeno veleiro onde o casal estava.
O corpo de Maria Eduarda foi achado apenas na manhã da terça-feira (24), em Calhetas, também no Cabo. O casal estava junto há cerca de seis meses e seguia para Muro Alto, onde o médico tem um flat. A volta estava prevista para o domingo.
Corpo da Maria Eduarda estava em posição atípica à de afogamento
Apuração da TV Tribuna PE/Band, revela que o corpo da advogada foi encontrado em uma posição considerada incomum para casos de afogamento.
Fontes próximas à investigação explicaram que, nesses casos, é comum que o corpo apresente a chamada “postura de boxeador”, com os braços projetados para frente e enrijecidos.
É importante destacar que a “posição de boxeador” não ocorre em todos os casos de afogamento. Mas é uma padrão esperado e relatado com frequência em laudos e perícias, especialmente quando a morte foi acidental e a vítima se debateu antes de perder a consciência.
Veja também: Luto e silêncio envolvem o velório da advogada morta em naufrágio no último sábado
No entanto, Maria Eduarda foi achada com uma das mãos voltada para trás, a outra de lado, bem como uma das pernas em posição não condizente com afogamento.
A configuração corporal chamou atenção dos investigadores e pode indicar que outras circunstâncias tenham influenciado o afogamento. Outras informações sobre o corpo serão preservadas pela reportagem.
O caso segue sendo tratado como “morte a esclarecer”. Isso acontece porque a polícia reconhece que ainda não tem elementos suficientes para afirmar com segurança o que aconteceu.
Esse termo é propositalmente neutro e abre margem para múltiplas possibilidades. É uma expressão técnica usada com cautela — e, muitas vezes, estratégia — para não antecipar conclusões.
A polícia não descarta nenhuma hipótese. Até agora, não há informações oficiais sobre o depoimento do médico à polícia. O advogado dele também não foi localizado.
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Conduzir um veleiro exige conhecimento técnico e habilitação
Mesmo embarcações de pequeno porte, como veleiros de recreação, exigem habilitação náutica específica e preparo técnico para navegação segura, segundo informações da Marinha Brasileira.
No Brasil, quem deseja conduzir um veleiro no oceano precisa ter, no mínimo, a Carteira de Habilitação de Amador (CHA) na categoria de Mestre-Amador ou Capitão-Amador , ambas emitidas pela Marinha.
A habilitação é obrigatória para operar qualquer embarcação motorizada ou à vela em águas interiores e costeiras. Para obtê-la, é preciso fazer um curso preparatório e passar por prova teórica, além de apresentar atestado médico.
A condução de veleiros apresenta desafios adicionais em relação a lanchas motorizadas, pois a propulsão depende da manipulação correta da vela em resposta aos ventos. Isso exige conhecimento sobre:
- Direção e intensidade do vento
- Manobras de vela (como cambar e orçar)
- Estabilidade da embarcação
- Correntes marítimas e obstáculos costeiros
Além disso, a legislação exige coletes salva-vidas para todos os ocupantes e outros itens de segurança a bordo, como âncora, apitos, luzes de navegação e, se houver motor auxiliar, também extintor de incêndio.
Navegar sem habilitação, sem equipamentos de segurança ou sem conhecimento técnico suficiente pode colocar vidas em risco e configurar negligência em caso de acidente com vítimas.
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