Canaletas quebradas provocam quedas e causam larvas em crianças do Recife

Zilda de Albuquerque Melo ficou com um ferimento na perna semelhante a uma mordida de tubarão |  Foto: Imagem de reprodução da TV Tribuna PE

Moradores da Rua do Viveiro, no Bairro de Santo Amaro, no Recife, estão sofrendo quedas em dias de chuva e sendo contaminados por bactérias e larvas devido ao esgoto a céu aberto e canaletas quebradas. O Ministério Público de Pernambuco está acompanhando o caso de perto.

A equipe da TV Tribuna PE esteve mais uma vez na localidade e nenhuma solução a longo prazo foi oferecida pelas autoridades..

As tampas dos bueiros têm a logomarca da Compesa. Já as canaletas são de responsabilidade da Emlurb. Quase todas possuem rachaduras e estão encaixadas em falso, causando quedas em idosos e crianças da comunidade, principalmente em dias de chuva.

O transbordamento da água do esgoto, por sua vez, provoca doenças nas crianças, segundo o líder comunitário Fábio Araújo. Uma das mães enviou ao Tribuna Online, um vídeo do filho ferido e contaminado com larvas na cabeça - imagem que não será exibida para não expô-la.

De acordo com Fábio, outra criança que teve contato com a água suja e algum tipo de ferimento foi contaminada por larvas e adoeceu. As imagens são chocantes.

“Eles poderiam pelo menos colocar equipes aqui para fazer a limpeza do esgoto. Até quando os moradores vão ficar adquirindo doenças e levando quedas?”, indagou o líder comunitário. “O pessoal quando vem aqui é só para fazer paliativo. Tem um menino daqui, que tem três anos, e está internado porque está com larvas na cabeça”, protestou.

Raissa, 10 anos, teve um ferimento grave na perda por cair em uma canaleta da Rua Viveiro |  Foto: Imagem de reprodução e de arquivo pessoal autorizado pela mãe

Raísa, de 10 anos, é uma das vítimas de canaletas em falso. Ela andava pela rua coberta de água, caiu e um ferro cortou sua coxa. Raísa deu entrevista com autorização da mãe.

“Eu estava passando e tinha um buraco aberto no meio da canaleta, eu não vi, e minha perna entrou no meio e foi atingida por um ferro”, disse a menina.

Os acidentes têm sido frequentes. A água não somente entra na casa dos moradores, como alaga a rua, tirando a visibilidade de buracos.

Uma mulher também mostrou à equipe imagens de um ferimento na perna quando voltava para casa. A rua estava alagada e o bueiro quebrado quando ela caiu.

“Estava chovendo demais. Eu não vi e caí num buraco que estava cheio de garrafas e outros objetos”, disse a mulher que teve o tornozelo e a batata da perna rasgados. O ferimento ficou tão exposto que parecia uma mordida de tubarão. “Fiquei um mês e dois dias internada no Hospital da Restauração. Todos os medicamentos foram pagos por mim”, acrescentou Zilda de Albuquerque Melo, 58 anos.

Criança de 3 anos, que teve contato com esgoto a céu aberto, precisou passar po procedimento cirúrgico para retirar as larvas da cabeça |  Foto: Imagem enviada pela família da vítima

A Prefeitura do Recife enviou uma nota para falar sobre o assunto, mas o texto praticamente diz respeito a uma comunidade vizinha e a construções irregulares no canal da Vovozinha que impactam na Rua Viveiro. O comunicado não diz, por exemplo, quais providências serão tomadas para que idosos e crianças parem de sofrer acidentes e contaminações. 

Veja o que diz a Prefeitura do Recife

A Prefeitura do Recife informa que vem mantendo diálogo junto ao Ministério Público de Pernambuco para a remoção das famílias e posterior demolição das construções irregulares sobre o canal da Vovozinha em Santo Amaro.

As construções irregulares prejudicam o escoamento das águas, apesar das ações constantes de limpeza feitas pela Emlurb.

A Secretaria Executiva de Controle Urbano informa que existem construções consolidadas com moradia no entorno e que está aplicando medidas, tanto de fiscalização para possível ação judicial, como de parceria com os demais órgãos da administração para eventuais soluções.

A Secretaria de Habitação já fez a selagem, que é a notificação do número de moradias e traçou a planta da área. Além disso, a equipe social da Prefeitura realizou o cadastro das 42 famílias e avalia a possibilidade de futuras políticas habitacionais e de urbanização para a localidade.

Veja, abaixo, a matéria na 1ª edição do Jornal daTribuna, comandado por Moab Augusto.