Nadadora do Álvares Cabral conquista medalha de bronze nas Paralimpíadas
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A nadadora Mariana Gesteira trocou o Rio de Janeiro por Vitória para treinar na Associação Capixaba Paralímpica de Desportos (ACPD)/Álvares Cabral com o objetivo de melhorar a performance para subir ao pódio em Tóquio. Prestes a completar um ano dessa mudança, a paratleta alcançou a meta e conquistou a medalha de bronze nos 100m livre, na classe S9.
A prova foi disputada na manhã desta terça-feira (31) – horário de Brasília. Mariana nadou os 100 metros com o tempo de 1min03s39, apenas três centésimos na frente da britânica Toni Shaw, quarta colocada com 1min03s42.
Essa foi a primeira medalha conquistada por Mariana em Paralimpíada e foi dedicada ao treinador Leonardo Miglinas, da ACDP/Álvares Cabral, que não pode ir para Tóquio pelas restrições impostas devido a pandemia.
“Para mim, foi muito difícil esses cinco anos [ciclo olímpico]. Tive uma piora na minha deficiência e então tive que me reinventar para voltar a nadar os tempos que estou nadando aqui, que fazia cinco anos que eu não nadava. Tudo isso devo ao meu técnico, que não pode estar aqui. A gente conseguiu. Em menos de um ano de trabalho, olha aí o resultado. Eu estou muito feliz”, vibrou ela, que tem a síndrome de Arnold-Chiari, que atinge o sistema nervoso e provoca dificuldade de equilíbrio.
Mariana se mudou para o Espírito Santo em setembro de 2020 para treinar no ACPD/Álvares Cabral com a meta de subir ao pódio em Tóquio. “A foto do meu celular, há mais de um ano, é a medalha”, revelou ela.
“É o sonho da minha vida. Por cinco anos, eu acordei e dormi pensando nisso. Fazer tudo em prol disso. Hoje, está aqui, ganhando uma medalha. É absurdo, eu quero muito mais. A sensação é maravilhosa”, comemorou ela.

A conquista emocionou Leonardo, que acompanhou tudo pela televisão. “Para gente foi uma conquista muito importante em função de toda a dificuldade que a gente teve. Um período muito complicado por conta da pandemia. Ela tinha passado por uma cirurgia na cabeça, após o Parapan de Lima, em 2019. Depois, veio a pandemia e uma lesão no ombro, que fez ela ficar mais uns meses sem treinar. Um período muito complicado”, lembrou ele.
O trabalho realizado há quase um ano por Mariana e Leonardo aproximou a nadadora das melhores marcas alcançadas por ela em toda a vida antes das dificuldades aparecerem.
“Ela nadou tempos maravilhosos. Fez o melhor da vida nos 50m livre [terminou em quinto lugar] e, agora, foi medalhista na Paralimpíada, que é inédito com um tempo muito perto do melhor da vida dela. Esse foi o segundo melhor tempo da vida dela”, festejou Leonardo.
O ouro ficou com a neo-zelandesa Sophie Pascoe (1min02s37) e a prata para Sarai Gascon (1min02s77.
Foto no celular e tempos nas paredes
O treinador Leonardo Miglinas revela que Mariana é uma nadadora determinada e o objetivo de conquistar a medalha Paralímpica não estava exibido apenas na foto do celular dela.
“Na casa dela tem as marcas que ela que fazer nas paredes, na porta da geladeira, no quarto. Ela é muito determinada. Todas as metas que ela colocou lá, a gente traçava junto e ela conseguiu todas elas, inclusive, a foto do celular, que ela já chegou com ela aqui em Vitória”, conta o treinador.
Leonardo foi um dos técnicos da equipe brasileira de natação no Parapan de Lima, em 2019, e foi lá que os dois se aproximaram, levando Mariana a trocar o Rio de Janeiro pelo Espírito Santo para os treinos com foco em Tóquio.
Ele explica que nas provas sempre fica com ela no bloco de partida para ajudá-la por conta do desequilíbrio. Desta vez, o treinador não pode acompanhá-la na competição. Pelo menos de forma presencial.

“O tempo todo, ela acordava de manhã lá, aqui era à noite, e começava a falar com ela. Ia com ela até a meia-noite. Ela treinava e me passava o feedback com o treinador. Eu passava para ela o treino para o dia seguinte”, disse ele.
Um dos ajustes foi a virada na piscina que resultou na melhora do tempo em relação à eliminatória – com o tempo de classificação para a final, Mariana ficaria fora do pódio, explicou Leonardo.
Patrícia fica muito perto de mais um pódio
Bronze no revezamento misto 4x50m de até 20 pontos, a nadadora capixaba Patrícia Pereira dos Santos bateu na trave e ficou muito perto de subir novamente ao pódio em Tóquio.
A nadadora ficou na quarta colocação da final dos 50m peito da classe SB3, com o tempo de 1min01s82, apenas 22 centésimos atrás do pódio.
A espanhola Marta Infante conquistou a medalha de ouro ao marcar 58s21. A prata foi para a atleta do Comitê Paralímpico Russo, Nataliia Butkova, com 1min00s54, e o bronze para Nely Herrera, do México, com 1min01s60.
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