O grão que virou país
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Sempre achei curioso como o milho faz parte da nossa rotina sem fazer alarde, não é mesmo, caro leitor. Está ali no cuscuz da manhã, na pamonha do fim de tarde, na pipoca do cinema, no combustível do carro. A gente consome, planta, exporta e transforma — muitas vezes sem nem perceber a potência que esse grão carrega.
A gente cresceu achando que o milho era coisa de festa junina e curau de domingo. Mas o tempo mostrou que ele é muito mais que isso. O milho virou combustível, virou proteína, virou renda, virou exportação. Virou pauta de Congresso, de cientista, de produtor e até de presidente em exercício.
Esses dias estive num evento em Brasília que reuniu gente de todo canto do País. O assunto? Ele mesmo: o milho. E ali, sentado entre especialistas e agricultores, me caiu uma ficha importante. Aquele grão que eu via como coadjuvante virou protagonista de uma revolução silenciosa no campo.
Enquanto a gente discute petróleo e energia solar, tem milho virando etanol e alimentando caminhão. Tem milho alimentando gente, bicho, indústria. E tem agricultor pequeno, médio e grande fazendo dele o motor da própria vida.
O mais curioso? Essa revolução não grita. Ela trabalha em silêncio, numa lavoura ali no interior de Goiás, num silo no Mato Grosso, numa feira do interior do Maranhão. Milho é movimento. Não tem glamour, mas tem constância. E isso me comove.
Do ponto de vista técnico, os números impressionam: 130 milhões de toneladas previstas nesta safra. Mas pra mim, o que importa mesmo é o que esse grão carrega: autonomia. Segurança alimentar. Transição energética. Inovação com raiz.
Fico pensando em quantas vezes subestimamos aquilo que é comum demais. O milho tá no prato, no tanque, na ração do gado, na conversa entre vizinhos. E talvez seja esse o segredo: ele é acessível. Simples por fora, mas poderoso por dentro. Tem coisa mais brasileira que isso?
A gente costuma se perder tentando entender o futuro. Mas, de vez em quando, ele tá ali… crescendo na beira da estrada, empilhado nas feiras, estalando na panela da nossa história.
E talvez, só talvez, o Brasil que a gente tanto busca esteja guardado dentro de um grão de milho.
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