Precursor da Axé Music, músico baiano Paulinho Camafeu morre aos 73 anos
Camafeu compôs sucessos como "Que bloco é esse" e "Fricote"
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O cantor e compositor baiano Paulinho Camafeu morreu na noite desta segunda-feira, 29, aos 73 anos, em Salvador. Conhecido como um dos criadores da Axé Music, ele estava internado em uma unidade de saúde da Capital desde o dia 18 de novembro devido a problemas cardíacos.
Na última terça-feira, 23, o quadro de saúde do artista se agravou após sofrer o primeiro infarto enquanto seguia para fazer a hemodiálise e, em seguida, precisou ser intubado. Já nesta segunda, o músico sofreu uma nova parada cardíaca, chegou a precisar de doações de sangue, mas não resistiu.
"Estava em uma batalha para fazer esse tratamento; era diabético, uma situação muito difícil. Quando foi hoje às 20h, veio a óbito", contou Geraldo Badá, produtor cultural e amigo de Camafeu, ao jornal O Estado de S. Paulo. Por conta da diabetes, ele amputou um dos pés há 7 anos.
Conforme Badá, o corpo do músico deverá ser sepultando na tarde desta terça-feira, 30, no Cemitério Campo Santo, em Salvador, onde seu pai também foi enterrado. Camafeu era casado há 34 anos com Lígia Bacelar.
Despedidas
Nascido em Salvador, em 1948, Camafeu fez parte das antigas escolas de samba e também participou dos "blocos de índio", inciando a carreira artística como compositor no Apaches do Tororó, mais antiga agremiação carnavalesca de inspiração indígena do Carnaval da capital da Bahia.
Em 1974, ele compôs a música "Ilê Aiyê (Que Bloco é Esse)", um dos maiores símbolos do pioneiro bloco afro Ilê Aiyê. Em 1985, ao lado de Luiz Caldas, deu início à chamada Axé Music com a canção "Fricote". É dele também a música "Menina do Cateretê", sucesso de Chiclete com Banana.
Em entrevista jornal O Estado de S. Paulo, o cantor Caetano Veloso lamentou a partida do amigo. "Como já disse de público uma vez, o autor de 'Que Bloco é Esse" abriu uma nova era na Cidade do Salvador - e iluminou o Brasil. Anunciou o Ilê Aiyê, que anunciava a amplificação da cultura popular baiana. O gesto de a Bahia autodeclarar-se negra pelos versos de Paulinho - nunca esqueceremos, nunca poderemos esquecer esse fato", reforçou.
Camafeu também foi responsável pela canção "Mundo Negro", interpretada por Gilberto Gil. O ex-ministro da Cultura prestou uma homenagem ao compadre nas redes sociais. "Perdemos Paulinho Camafeu, nosso querido amigo, que me deu o prazer de gravar essa canção", escreveu ao reproduzir a faixa "Ilê ayê", presente no seu álbum Refavela. O cantor e compositor Luiz Caldas se manifestou ao saber da notícia. "Oxalá te receba de braços abertos, 'Paulinho de Camafeu', meu parceiro de vários sucessos. Descanse em paz, amigo", desejou.
Daniela Mercury também se despediu do colega de profissão. "Adeus para nosso querido e genial músico e compositor Paulinho Camafeu. Ele era um dos grandes do Axé. Fez tantas músicas maravilhosas e importantes para nós. Paulinho deixou um legado de luta e beleza."
Além dos citados, nomes como Sarajane, Carlinhos Brown, Pepeu Gomes, Paulinho Boca, Timbalada, Fafá de Belém, Sergio Mendes, Cheiro de Amor e Bell Marques gravaram canções do músico.
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