Putin projeta ferrovia na área anexada da Ucrânia, parte da 'nova Rússia'
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Fortalecido por mais uma eleição que lhe garantiu um quinto mandato de seis anos como presidente da Rússia, Vladimir Putin afirmou nesta segunda-feira, 18, em um discurso na Praça Vermelha, que o território ucraniano da Crimeia 'voltou para casa' quando foi anexado em 2014. Já as áreas anexadas no Donbas, após a invasão da Ucrânia, fazem agora parte, segundo ele, da 'nova Rússia'. Ele anunciou a construção de uma ferrovia em área ocupada.
O evento na Praça Vermelha foi organizado para marcar os dez anos da anexação da Crimeia. "Ao longo de décadas, eles carregaram fé em sua pátria. Eles nunca se separaram da Rússia e foi isso que permitiu a Crimeia regressar à nossa família comum", disse Putin, segundo reportagem da rede britânica BBC. Os outros três candidatos derrotados na eleição presidencial, todos aliados, também discursaram.
Putin acrescentou que uma nova rede ferroviária está sendo construída em partes da Ucrânia ocupada, afirmando que essas regiões "declararam o seu desejo de regressar às suas famílias nativas". Segundo reportagem da BBC, a nova linha ferroviária irá da cidade russa de Rostov-on-don à Crimeia, passando por territórios ucranianos ocupados. A Rússia ocupa a Crimeia desde que invadiu a península em 2014. Uma ponte que a liga ao continente russo foi inaugurada em 2018, mas foi atacada pelos ucranianos e forçada a fechar duas vezes desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. A nova linha ferroviária, segundo Putin, será "outra estrada alternativa".
Ameaças
O presidente russo lembrou que a Crimeia é conhecida como "um porta-aviões indestrutível" e que seus habitantes nunca esqueceram seus laços históricos com a "mãe Rússia", embora pertencessem à Ucrânia desde 1954.
Quando tomou a Crimeia, em 2014, Putin disse que alertou os líderes ocidentais a ficarem de fora, lembrando a eles das capacidades nucleares de Moscou. É um aviso que ele tem repetido, especialmente após o início da sua invasão em grande escala da Ucrânia. Na semana passada, ele voltou a dizer que utilizaria esse arsenal se a soberania da Rússia fosse ameaçada.
Para a pesquisadora do Carnegie Russia Eurasia Center (Berlim) Tatiana Stanovaya essas ameaças têm criado "uma impressão assustadora de uma espiral desenfreada". A analista diz que Putin está se sentindo mais confiante do que nunca diante "da crescente fé do Kremlin na vantagem militar da Rússia na guerra e de um sentimento de fraqueza e fragmentação ocidental".
Zona de exclusão
No seu discurso de vitória, na noite de domingo, 17, Putin afirmou que Moscou não cederá na Ucrânia e que pretende criar uma "zona-tampão" para ajudar a impedir os ataques ucranianos de longo alcance e transfronteiriços.
As forças do Kremlin progrediram no campo de batalha enquanto as tropas de Kiev lutam com uma grave escassez de projéteis de artilharia e unidades da linha de frente exaustas após mais de dois anos de guerra.
Essa linha da frente estende-se por mais de 1 mil km pelo leste e sul da Ucrânia. Os avanços têm sido lentos e dispendiosos, e a Ucrânia tem utilizado cada vez mais o seu poder de fogo de longo alcance para atingir refinarias e depósitos de petróleo no interior da Rússia. Esta "zona de segurança", disse Putin, "seria muito difícil de se penetrar utilizando os meios de ataque fabricados no estrangeiro à disposição do inimigo".
Navalni
Putin afirmou que apoiava a ideia de libertar o líder da oposição Alexei Navalni, seu mais ferrenho adversário, em uma troca de prisioneiros com países ocidentais, poucos dias antes de sua morte, em 16 de fevereiro.
"Acontece. Não há nada que você possa fazer sobre isso. É a vida", afirmou o presidente no domingo sobre a morte do dissidente, em uma entrevista coletiva, em sua primeira declaração sobre Navalni desde sua morte. Ontem, sem oferecer provas, Putin voltou a falar do opositor, afirmando que "certos colegas" falaram com ele sobre "trocar Navalni por detidos em instalações em países ocidentais". A fala coincide com declarações de aliados de Navalni, no mês passado, sobre a possibilidade de uma troca de prisioneiros envolvendo o opositor. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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