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Internacional

Netanyahu visita EUA em momento polarizado e tenta ganhar mais apoio para Israel; entenda


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O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, visita Washington esta semana em um momento delicado para os Estados Unidos, em plena campanha presidencial. Com discurso no Congresso previsto e reuniões com políticos e funcionários do governo, o premiê israelense chega com a esperança de obter avanços entre os americanos nos seus planos para a guerra na Faixa de Gaza.

A visita ocorre no momento em que o número de palestinos mortos em ataques israelenses se aproxima dos 40 mil, e numa semana em que houve mais mortes entre reféns mantidos pelo Hamas desde o 6 de outubro, quando o grupo entrou em Israel, matou cerca de 1,1 mil pessoas e sequestrou centenas. Entre os reféns, há americanos.

Netanyahu planejou a viagem há semanas, antes do cenário político dos EUA se agitar de maneira inesperada, o que inclui o atentado contra o ex-presidente e candidato republicano Donald Trump, no dia 13, e a desistência de Joe Biden de disputar a reeleição, no domingo, 21, e a sua substituição pela vice-presidente Kamala Harris.

Trata-se da primeira visita de Netanyahu aos EUA depois do início do conflito em Gaza, em 6 de outubro, e dos EUA viverem uma onda de protestos pró-Palestina em universidades em abril. Nesta quarta-feira há protestos marcados no Capitólio, onde Netanyahu deve discursar. Saiba mais:

Por que Netanyahu nos EUA?

Netanyahu chega aos EUA isolado e com baixa popularidade em Israel, e a visita, pelo menos à princípio, foi avaliada como a chance de se mostrar um estadista global, bem-vindo pelos políticos e líderes do maior aliado de Israel e da maior superpotência mundial.

O presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, ajudou a promover o discurso de Netanyahu aos deputados e destacou o firme apoio do partido ao líder israelense. Netanyahu teve estranhamentos com Biden desde que a guerra em Gaza iniciou, apesar do apoio militar e diplomático do governo a Israel.

O premiê e o presidente americano devem se encontrar nesta quinta-feira. A vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris também se encontrará com Bibi em uma reunião particular, marcada para o mesmo dia.

Segundo o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, o plano de Biden era encontrar o que é necessário para que os EUA, Israel e os outros países envolvidos nas negociações de guerra cheguem a um acordo de libertação de reféns e cessar-fogo.

Na segunda-feira, Biden chegou a afirmar para pessoas próximas que acredita estar "à beira" de acabar com a guerra. Netanyahu, no entanto, apontou para questões de longo prazo a serem discutidas com Biden, que envolvem a guerra em Gaza e o confronto com outras milícias armadas da região, como o Hezbollah, no Líbano, e os Houthis, no Iêmen, os dois pró-Irã.

Por que a visita de Netanyahu é controversa?

A guerra de Israel tem dividido os Estados Unidos, o que estimulou protestos e resultou em prisões nas universidades de todo o país. Tanto eleitores pró-Palestina quanto eleitores pró-Israel têm se mostrado insatisfeito com Biden, e os protestos prejudicaram os esforços de Biden para encerrar o combate.

A viagem também levanta questionamentos sobre o pedido de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o premiê israelense por possíveis crimes de guerra na Faixa de Gaza, realizado em maio. Israel, no entanto, afirma que não cometeu o crime e os EUA não são signatários do TPI.

Mas a pressão não é somente internacional. Em Israel, Netanyahu é acusado de evitar um acordo de cessar-fogo e de libertação de reféns para permanecer no poder, enfurecendo a maioria dos israelenses.

E há ainda a controvérsia das críticas de Bibi aos governos democratas nos EUA, incluindo o atual. Em 2015, o premiê usou o discurso na Câmara e no Senado americanos para tentar influenciar o apoio ao acordo nuclear dos EUA com o Irã, promovido pelo governo Obama. Jake Sullivan disse que o governo não espera que algo semelhante se repita.

Por que o momento da viagem não parece adequado?

Netanyahu chega aos EUA imerso na eleição presidencial de novembro, modificada após o atentado contra Trump e a desistência de Biden. O foco de repente passou a ser a vice do democrata, Kamala Harris, enquanto ele se recuperava em Delaware de covid-19.

Por ser vice-presidente, Kamala Harris também preside o Senado nos EUA. Normalmente, ela estaria próxima a líderes estrangeiros que vão ao Senado, mas estará ausente nesta quarta por causa de uma viagem a Indianápolis, agendada antes de se tornar a candidata democrata à presidência no fim de semana.

Donald Trump deve se reunir com Bibi na sexta, segundo anunciou no Truth Social, e afirmou que o encontro é parte de sua "Agenda PAZ ATRAVÉS DA FORÇA" no exterior. Durante o seu governo, o republicano teve uma relação mista com Bibi, ora mais próximos, ora mais distantes. Uma das maiores insatisfações do ex-presidente é o fato de Bibi ter reconhecido rapidamente a vitória de Biden em 2020.

Haverá protestos nos EUA?

O discurso de Netanyahu ao Congresso será um pouco diferente dos discursos anteriores, em parte devido à oposição entre os democratas à conduta israelense na guerra em Gaza. Muitos afirmaram que não vão estar presentes.

Do lado de fora, vários protestos pró-Israel e pró-Palestina estão planejados. Em comum, os dois lados devem pressionar Netanyahu a chegar a um acordo de cessar-fogo e libertar reféns.

Cercas foram colocadas em torno dos pontos de entrada do Capitólio e do hotel ao longo do rio Potomac, onde Netanyahu está hospedado. A Polícia do Capitólio e o Serviço Secreto saíram em maior número, intensificando a triagem e a proteção para a visita do líder israelense.

O Departamento de Polícia Metropolitana anunciou uma série estendida de fechamentos de ruas que durarão a maior parte da semana.

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