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Internacional

Governo Trump proíbe Harvard de matricular estudantes estrangeiros

Alunos com os vistos do tipo F ou J serão obrigados a se matricular em outra universidade ou perderão o direito de estar no país


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O governo Donald Trump suspendeu nesta quinta-feira (22) a autorização da Universidade Harvard para receber estudantes estrangeiros, uma grave escalada da disputa do presidente dos Estados Unidos com a instituição de ensino pelo que a Casa Branca chama de ineficácia em combater antissemitismo.

"Com efeito imediato, a certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio da Universidade Harvard é revogada", escreveu a secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, em uma carta à instituição, referindo-se ao principal sistema que permite aos estudantes estrangeiros estudar nos EUA.

Segundo Noem, alunos com os vistos do tipo F ou J serão obrigados a se matricular em outra universidade ou perderão o direito de estar no país. A decisão cria profunda incerteza para os milhares de estrangeiros que estudam em Harvard -não está claro que prazo eles terão para realizar a transferência ou o que acontece com aqueles prestes a se formar.

Nas últimas semanas, o governo Trump congelou ou rescindiu contratos e subsídios federais à universidade que somam quase US$ 3 bilhões. Somente na terça-feira (20), o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA cortou US$ 60 milhões em repasses federais destinados à instituição de ensino.

Agora o governo americano ameaça interferir com uma das principais fontes de renda de Harvard. Estudantes estrangeiros representam 27% do total de matriculados na universidade, mas muitos deles vêm de famílias ricas e pagam por completo as altas mensalidades da instituição -ajudando, inclusive, a subsidiar bolsas para americanos de baixa renda. No total, havia 6.700 alunos internacionais em Harvard em 2024.

Na carta que enviou à instituição, Noem disse que "Harvard teve ampla oportunidade de fazer a coisa certa, mas se recusou". A secretária afirma que a proibição de aceitar alunos estrangeiros se justifica por ser uma resposta a supostas ações da universidade que "perpetuam um ambiente no campus que é hostil a estudantes judeus, apoia o [grupo terrorista palestino] Hamas e utiliza políticas racistas de diversidade".

Segundo o Departamento de Segurança Nacional, a decisão foi tomada depois que Harvard se recusou a entregar dados detalhados sobre os estudantes estrangeiros, incluindo imagens de suposta participação de alunos de outros países em protestos pró-Palestina.

Em nota, Harvard disse que a suspensão de matrículas de estudantes estrangeiros é ilegal. "Estamos comprometidos com manter nossa capacidade de receber alunos e docentes internacionais, que vêm de mais de 140 países e enriquecem nossa universidade e o país imensamente", afirma o texto. "Estamos trabalhando para acolher os membros da nossa comunidade. Essa ação [do governo] pode causar sério dano a nosso país e mina a missão acadêmica e de pesquisa de Harvard."

A disputa de Harvard com Trump e com outras universidades de elite nos EUA tem origem nos protestos estudantis pró-Palestina em 2024, quando alunos ocuparam prédios em vários campi do país exigindo o fim da cooperação das instituições com Israel como forma de se posicionar contra a guerra na Faixa de Gaza.

Trump afirmou que as universidades não agiram com a firmeza que deveriam contra os protestos, que classificou de antissemitas. Quando voltou ao poder, começou uma campanha contra essas instituições -em especial contra a Universidade Columbia, em Nova York, palco dos maiores protestos.

Especialistas apontam que a cruzada de Trump contra as universidades tem razões mais profundas e seria motivada, principalmente, pelo desdém que ele e seus apoiadores alimentam contra essas instituições -vistas como isoladas da sociedade, locais de propagação de ideologia de esquerda e cuja razão de ser (e de financiamento público) já não se justifica.

No geral, as exigências feitas pela Casa Branca às universidades de elite são as mesmas: cortes em programas, departamentos e linhas de pesquisa que se voltem para diversidade ou que abordem uma interpretação da história americana menos que heroica -ou seja, tratem de momentos pouco lisonjeiros, como o extermínio de indígenas, a escravidão e a segregação racial.

O governo também costuma exigir expulsão de alunos que participaram de protestos e intervenções em programas que estudam o Oriente Médio -Columbia concordou com essas exigências, mas desde então viu a pressão do governo apenas subir. A Casa Branca agora fala em intervenção direta na universidade, diz a imprensa americana.

Em abril, Harvard anunciou que não cederia às exigências e processou o governo Trump para tentar barrar o corte de verbas. A instituição argumentou que cumprir as medidas implicaria ceder ao governo federal o controle sobre processos de contratação, admissões e diretrizes da universidade, ferindo as liberdades de expressão e acadêmica.

A reportagem procurou instituições que oferecem bolsas de estudo para brasileiros em Harvard. A Fundação Estudar afirma que está em contato permanente com os bolsistas e aguarda um posicionamento oficial da universidade para orientar os beneficiários.

Já Denis Mizne, CEO da Fundação Lemann, que já financiou mais de 280 bolsistas em Harvard, diz que a decisão do governo "é preocupante, mas muito recente e não definitiva, já que a universidade ainda pode se manifestar".

Mizne diz que a fundação tem interesse em manter os estudantes brasileiros no exterior. "É fundamental que essas universidades tenham estudantes de diferentes nacionalidades e culturas, trazendo pluralidade na produção de conhecimento, estudos e pesquisas acadêmicas", diz.

Questionada pela reportagem, Harvard não informou quantos brasileiros estão matriculados neste ano. Um portal da universidade contabiliza 123 estudantes do Brasil, com a ressalva de que esse número pode não refletir a estatística oficial.

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