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Internacional

Cidadania italiana mais difícil. Veja o que pode mudar

Parlamento italiano vai votar um projeto de lei que dificulta a concessão de cidadania para os descendentes


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Imagem ilustrativa da imagem Cidadania italiana mais difícil. Veja o que pode mudar
Georgia Meloni, primeira-ministra tem apoio da maioria parlamentar |  Foto: Instagram

Parlamento da Itália começou a analisar um projeto de lei que limita a obtenção da cidadania para descendentes.

O texto, proposto por um senador do Irmãos da Itália (Fratelli D'Italia), partido de ultradireita fundado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, determina que o reconhecimento sem necessidade de morar no país seja feito até a terceira geração (bisnetos), desde que se comprove que o requerente fale o idioma italiano. Não há previsão para a votação em plenário.

Apresentado em junho do ano passado por Roberto Menia, o projeto ficou parado até o fim de janeiro, quando foi incluído na pauta da Comissão de Assuntos Constitucionais do Senado, o primeiro passo da sua tramitação.

Dias antes, prefeitos e integrantes do Judiciário do norte da Itália haviam reclamado publicamente da sobrecarga causada, nos serviços de registros civis e nos tribunais, por pedidos de cidadania de brasileiros ligados a antigos emigrados.

O texto, que altera uma legislação de 1992, estabelece que a cidadania por direito de sangue (ius sanguinis, em latim, como é chamado) seja reconhecida àqueles que descendem em linha reta até o terceiro grau do cidadão italiano ?ou seja, até quem for bisneto ou bisneta.

Se o parentesco superar a terceira geração, o solicitante precisaria, morar por pelo menos um ano na Itália, antes de apresentar o pedido na cidade em que reside. Nos dois casos, será exigido certificado de conhecimento da língua.

Se aprovada, a mudança deverá impactar os brasileiros de origem italiana que pretendem ter acesso à cidadania por sangue, atualmente reconhecida sem limite de gerações.

A Embaixada da Itália no Brasil estima que existam 30 milhões de descendentes no país, um dos reflexos do movimento de massa ocorrido entre 1870 e 1920, quando 1,4 milhão de italianos entrou no Brasil.

Embora outras propostas com intenção parecida tenham circulado no Parlamento nos últimos anos, a inclusão do projeto na pauta de uma comissão do Senado aumenta as chances de ele avançar em seu percurso legislativo.

Proposta de inclusão de condições para manter direito

Para o deputado Fabio Porta, os processos que envolvem as cidadanias podem ser melhorados, mesmo sem mudar o direito de reconhecimento dos descendentes. Em vez de colocar limites, ele se diz favorável a incluir condições, como o conhecimento da língua italiana, da história e da Constituição.

Autor do projeto de lei, o senador Roberto Menia afirma que a intenção é acabar com o “mercado indigno de cidadanias e passaportes”, especialmente na América Latina.

Passaporte

Há quem, por causa de dez gerações atrás, diga ser italiano e ter direito ao passaporte italiano, que permite ir a Miami e entrar na União Europeia”, disse o político em junho do ano passado, ao comentar a proposta.

“A cidadania é uma coisa séria, assim como o pertencimento nacional e a italianidade. Significa aderir a uma série de princípios não escritos que passam pelo modo de ser, os valores em que você acredita e a língua que fala”, afirmou Menia.

Partido do governo é dominante

O partido da primeira-ministra Georgia Meloni é maioria no Senado, com 63 cadeiras, e garante a maioria absoluta dos votos com as outras siglas da coligação.

Além de o projeto de lei ser iniciativa de um senador governista, o Irmãos da Itália ocupa a presidência tanto da comissão em que começou a tramitação quanto a do Senado.

Na Câmara, para onde o projeto seguirá se aprovado, o governo também tem situação confortável. Em uma estimativa otimista, a tramitação nas duas Casas pode durar mais de um ano.

“Se houver vontade política da parte do governo, é possível que a lei seja aprovada”, afirma o deputado italiano Fabio Porta, eleito na América do Sul pelo Partido Democrático, de oposição.

“Alguns erroneamente pensavam que um governo de direita fosse ser mais amigo dos ítalo-descendentes e fechasse as portas aos imigrantes da África ou da Ásia. Eu sempre disse que um governo que não vê com bons olhos a imigração afetaria também os ítalo-descendentes”, diz Porta.

Eleita em 2022, Meloni fez uma campanha com forte discurso anti-imigração e mantém o tema como uma das bandeiras do governo, apesar de não ter conseguido frear a chegada de estrangeiros irregulares pelo mar Mediterrâneo.

A reportagem apurou que, mesmo antes da chegada de Meloni ao poder, a limitação já era vista com simpatia pelo Ministério das Relações Exteriores.

Nesse caso, seria uma forma de desafogar o trabalho dos consulados em países como o Brasil. Normalmente, os descendentes reclamam de excesso de burocracia que faz com que a obtenção de cidadania seja demorada e, em alguns casos, sendo necessária contratação de advogados.

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