Brasil e EUA pedem relação detalhada de votos na Venezuela
Diversos líderes questionaram o resultado das eleições que reelegeu Nicolás Maduro
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Diversos líderes reagiram à reeleição para o terceiro mandato do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciada na madrugada desta segunda-feira (29) pelo Conselho Nacional Eleitoral do país, órgão controlado pelo chavismo —a maioria para questionar o resultado.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, expressou "grave preocupação" com a possibilidade de o resultado não refletir a vontade da população e pediu uma apuração "justa e transparente".
Ao manifestar-se no final da manhã desta segunda, o Brasil, que havia se reaproximado de Caracas após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que aguarda a publicação de "dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito". Nos últimos dias, o petista trocou farpas com Maduro, que vinha aumentando o tom contra a oposição e chegou a falar em um "banho de sangue" no caso de derrota.
Outros líderes de esquerda na região, como Gabriel Boric (Chile) e Gustavo Petro (Colômbia), também demonstram cautela. Enquanto o chileno falou que os resultados eram "difíceis de acreditar", o chanceler colombiano, Luis Gilberto Murillo, pediu a "contagem total dos votos".
Já o ditador Nicarágua, Daniel Ortega, o líder de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e a presidente de Honduras, Xiomara Castro, parabenizaram Maduro, assim como os representantes da China e da Rússia, que mantêm laços estreitos com o país latino-americano.
As principais pesquisas do país apontavam que o favorito na corrida pelo Palácio Miraflores era Edmundo González Urrutia, candidato que concorreu no lugar da popular líder opositora María Corina Machado, impedida de concorrer pelo regime por uma inabilitação política.
A vitória de Maduro o mantém no cargo que ocupa desde 5 de março de 2013, após a morte de Hugo Chávez. À época, Maduro estava a menos de cinco meses no cargo de vice-presidente, e recém havia deixado a chefia do ministério das Relações Exteriores venezuelano, que comandava desde 2006.
Veja abaixo reações de líderes da América Latina e do mundo à vitória de Maduro.
"O Secretário-Geral apela à total transparência e encoraja a publicação oportuna dos resultados eleitorais e sua desagregação por centros eleitorais" Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres
ESTADOS UNIDOS E EUROPA
"Estamos preocupados com alegações de graves irregularidades na contagem e nos resultados declarados da eleição presidencial de domingo na Venezuela. Pedimos a publicação rápida e transparente dos resultados completos e detalhados para garantir que o resultado reflita os votos do povo venezuelano." Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, em comunicado
"O povo da Venezuela votou sobre o futuro de seu país de forma pacífica e em grande número. Sua vontade deve ser respeitada. Garantir total transparência no processo eleitoral, incluindo a contagem detalhada dos votos e acesso aos registros de votação nos postos de votação, é vital", Josep Borrell, Chefe da diplomacia da União Europeia
"Estamos preocupados com alegações de graves irregularidades na contagem e nos resultados declarados da eleição presidencial de domingo na Venezuela. Pedimos a publicação rápida e transparente dos resultados completos e detalhados para garantir que o resultado reflita os votos do povo venezuelano" Ministério das Relações Exteriores, em comunicado
"Queremos uma total transparência e por isso pedimos a publicação das atas mesa por mesa. Queremos que se garanta a transparência. A chave é essa publicação dos dados mesa por mesa para que possam ser verificáveis." José Manuel Albares, Ministro espanhol das Relações Exteriores
"Tenho muitas dúvidas sobre o desenvolvimento regular das eleições na Venezuela." Antonio Tajani, Chanceler italiano
AMÉRICA LATINA
"O governo brasileiro saúda o caráter pacífico da jornada eleitoral de ontem na Venezuela e acompanha com atenção o processo de apuração. Reafirma ainda o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados. Aguarda, nesse contexto, a publicação pelo Conselho Nacional Eleitoral de dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito" Ministério de Relações Exteriores do Brasil, em nota
"O regime de Maduro deve compreender que os resultados são difíceis de acreditar. A comunidade internacional e especialmente o povo venezuelano, incluindo os milhões de venezuelanos no exílio, exigem total transparência das atas e do processo. [...] Do Chile não reconheceremos nenhum resultado que não seja verificável" Gabriel Boric, Presidente do Chile
"Ditador Maduro, fora! Os venezuelanos decidiram acabar com a ditadura comunista de Nicolás Maduro. Os dados apontam uma vitória acachapante da oposição e o mundo espera o reconhecimento desta derrota depois de anos de socialismo, miséria, decadência e morte. A Argentina não vai reconhecer outra fraude e espera que as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular desta vez" Javier Milei, Presidente da Argentina
"Fazemos um apelo para que se faça, o mais breve possível, a contagem total dos votos, sua verificação e auditoria de caráter independente. Os resultados eleitorais de uma jornada tão importante devem contar com toda a credibilidade e legitimidade possíveis para o bem da região e, sobretudo, do povo venezuelano" Luis Gilberto Murillo, Ministro das Relações Exteriores da Colômbia
"Assim não! Era um segredo aberto. Eles iriam "ganhar" independentemente dos resultados reais. O processo até o dia da eleição e o da apuração claramente estava viciado. Não se pode reconhecer uma vitória se não se confia na forma e nos mecanismos utilizados para chegar a ela" Luis Lacalle Pou, Presidente do Uruguai
"Condeno em todos os seus extremos a soma de irregularidades com intenção de fraude por parte do governo da Venezuela. O Peru não aceitará a violação da vontade popular do povo venezuelano" Javier González-Olaechea Ministro das Relações Exteriores do Peru
"O governo da Costa Rica rejeita categoricamente a proclamação de Nicolás Maduro como presidente da República Bolivariana da Venezuela, que consideramos ser fraudulenta. Trabalharemos com os governos democráticos do continente e organizações internacionais para que a vontade sagrada do povo venezuelano seja respeitada" Rodrigo Chaves, presidente da Costa Rica
"Panamá se junta ao rechaço generalizado em relação ao resultado eleitoral na Venezuela. Esperávamos que a vontade popular fosse respeitada e essa situação foi ignorada. Vamos agir individual e coletivamente a favor da democracia venezuelana. Anunciaremos medidas que adotaremos de acordo com as regras interamericanas nas próximas horas" José Raúl Mulino, Presidente do Panamá
"Venezuela merece resultados transparentes, precisos e em linha com a vontade de seu povo. Recebemos com muitas dúvidas os resultados anunciados pelo CNE. Por isso, são essenciais os relatórios das missões de observação eleitoral, que hoje, mais do que nunca, devem defender o voto dos venezuelanos." Bernardo Arévalo, Presidente da Guatemala
"Não há dúvida: ganhou a resistência democrática e o povo se pronunciou com sua voz estrondosa. Maduro está pressionando para que, em poucos minutos, o CNE o declare ganhador sem expor as atas de sua brutal derrota. Têm preparado um convite ao 'diálogo' e à 'reconciliação' enquanto despojam o povo de sua vontade e buscam que os governos de Colômbia, Brasil e México sejam os primeiros a reconhecer semelhante atrocidade." Iván Duque, Ex-presidente da Colômbia
"Acompanhamos de perto este festival democrático e saudamos o fato de que a vontade do povo venezuelano nas urnas foi respeitada. Queremos ratificar nossa disposição de continuar fortalecendo nossos laços de amizade, cooperação e solidariedade com a República Bolivariana da Venezuela" Luis Arce, Presidente da Bolívia
"Nicolás Maduro, meu irmão, sua vitória, que é a do povo bolivariano e chavista, derrotou de forma limpa e inequívoca a oposição pró-imperialista. Eles também derrotaram a direita regional, intervencionista e monroísta. O povo falou e a revolução venceu" Miguel Diaz-Canel, Líder de Cuba
"Nossos parabéns especiais e saudações democráticas, socialistas e revolucionárias ao presidente Nicolás Maduro e ao bravo povo da Venezuela por seu triunfo incontestável, que reafirma sua soberania e o legado histórico do comandante Hugo Chávez." Xiomara Castro, Presidente de Honduras
OUTRAS PARTES DO MUNDO
"A China parabeniza a Venezuela pela eleição presidencial tranquila e parabeniza o presidente Nicolás Maduro por sua reeleição bem-sucedida. [Nossos países] são bons amigos e parceiros que se apoiam mutuamente. A China está pronta para trabalhar com o lado venezuelano para enriquecer continuamente a parceria estratégica entre os dois países e oferecer mais benefícios aos dois povos." Lin Jian, Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China
"A Maduro nossa homenagem e saudação, em honra, glória e por mais vitórias". Daniel Ortega, Ditador da Nicarágua
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