Bernie Sanders sai em defesa de Joe Biden em meio à crise na campanha democrata
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O senador Bernie Sanders, líder progressista e principal rival de Joe Biden nas prévias democratas de 2020, saiu em defesa do presidente americano, que tem sido pressionado a desistir da campanha à reeleição, com a sua aptidão para o cargo colocada em dúvida.
Em artigo para o The New York Times intitulado "Joe Biden para presidente", o senador escreveu que, apesar das divergências políticas, como o apoio a Israel na guerra em Gaza, ainda o considera a melhor chance dos democratas contra Donald Trump, a quem chamou de "demagogo e mentiroso patológico".
Citando como exemplo o caso da França, onde a frente de esquerda venceu as eleições legislativas e bloqueou o avanço da direita radical, o senador disse que o partido precisa encerrar as discussões sobre as falhas de Biden e se unir em torno da campanha. "É hora de os democratas pararem de brigar e criticar."
Sanders, de 82 anos, um independente que concorre com os democratas, argumentou que, apesar do desempenho desastroso no debate, Biden tem um histórico de realizações do seu governo, e pode derrotar Trump com uma campanha eficaz, que "se dirija às necessidades das famílias trabalhadoras".
"Sim. Eu sei: Biden é velho, propenso a gafes, anda de forma rígida e teve um debate desastroso com Trump", escreveu. "Mas isso eu também sei: uma eleição presidencial não é um concurso de entretenimento. Não começa nem termina com um debate de 90 minutos."
Sanders, que busca o quarto mandato no Senado, é parte do grupo de progressistas que saiu em defesa de Joe Biden, no momento em que o presidente luta para se manter na disputa. A lista inclui Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova York, Ilhan Omar, de Minnesota, e Ayanna Pressley, de Massachusetts.
A defesa dos progressistas vem no momento em que o número de democratas a apelar pela substituição de Joe Biden nas cédulas cresce a cada dia. Até a tarde deste sábado (13), 19 deputados e um senador pediram publicamente ao presidente que desista de tentar a reeleição, segundo monitoramento do New York Times.
O foco está agora nas principais figuras do partido, especialmente na ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi e no ex-presidente Barack Obama. A primeira insistiu nesta semana para que Joe Biden "tome uma decisão", uma maneira sutil de indicar que ela não necessariamente considera a decisão de permanecer na disputa a mais adequada. Já Obama, de quem Biden foi vice-presidente, permanece em silêncio até o momento.
Biden tenta virar o foco para Trump
Apesar da pressão, Biden insiste que seria o mais capacitado para enfrentar Donald Trump e negou que tenha intenção de desistir durante comício em Michigan, Estado decisivo para as eleições. "Tem havido muita especulação ultimamente. O que Joe Biden vai fazer? Ele vai seguir na corrida? Vai desistir? Esta é a minha resposta: sou candidato e vamos vencer", disse para a multidão de apoiadores que gritava "não desista".
Durante o discurso, Biden prometeu virar os holofotes para o rival, no esforço para superar o desastre do debate. Ele admitiu ter cometido erros, mas disse que está sendo "martelado" por confundir nomes enquanto Trump teria "passe livre". Na véspera, ele havia apresentado o presidente ucraniano Volodmir Zelenski como o seu rival na guerra, o russo Vladmir Putin. Horas depois falou "vice-presidente Trump" quando referia-se a Kamala Harris, sua companheira de Casa Branca.
"Ao invadir a Ucrânia, eis o que Trump disse - não estou inventando isso: ele chamou Putin de gênio e disse que foi maravilhoso", lembrou Biden. "Mas as pessoas preferem falar sobre como eu confundo os nomes. Acho que elas não se lembram que Trump chamou Nikki Haley de 'Nancy Pelosi'", concluiu, citando as gafes do rival.
Biden reafirmou que Trump representa uma "ameaça" aos Estados Unidos e evocou o "Projeto 2025", programa de governo da extrema-direita do qual Trump tenta se distanciar, apesar de ter sido elaborado por seus aliados.
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