Ataque atinge metrô lotado em Kiev, e Moscou vive caos aéreo
Forças russas lançaram um mega-ataque com 426 drones e 24 mísseis contra o país vizinho, matando 2 pessoas e ferindo outras 15, além de provocar danos
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Enquanto não expira o ultimato de Donald Trump a Vladimir Putin para chegar a uma trégua na Guerra da Ucrânia, o conflito teve uma de suas noites mais intensas de ataques aéreos de lado a lado nesta segunda-feira (21).
Ao mesmo tempo, segundo o presidente Volodimir Zelenski, a nova rodada de negociações diretas entre Moscou e Kiev deverá ocorrer nesta quarta (23), em Istambul, palco das duas reuniões anteriores.
Ao longo da noite e madrugada, as forças russas lançaram um mega-ataque com 426 drones e 24 mísseis contra o país vizinho, matando 2 pessoas e ferindo outras 15, além de provocar danos extensos em várias regiões.
Em Kiev, centenas de pessoas que procuraram abrigo à noite na estação de metrô Lukianivska, no centro da cidade, viveram cenas de terror quando um drone russo atingiu a entrada do local, que ficou cheio de fumaça e detritos.
Os moradores foram obrigados a sair à rua com o ataque aéreo em andamento. Incêndios atingiram pelo menos quatro distritos da cidade. Segundo Zelenski, foram atingidos prédios residenciais e um jardim de infância.
As forças ucranianas disseram ter abatido os 24 mísseis, incluindo 5 modelos hipersônicos Kinjal, e 403 drones. Ainda assim, o estrago em solo foi grande.
Na mão contrária, Kiev lançou centenas de drones de longa distância contra alvos na Rússia. O Ministério da Defesa de Putin disse ter derrubado 117 deles, embora nunca dê os números totais disparados.
A ação, uma das maiores dos últimos tempos, provocou caos aéreo em Moscou, cidade que tem quatro aeroportos principais. No mais movimentado deles, Cheremtievo, passageiros passaram parte da noite dormindo em bancos e no chão, enquanto filas se acumulavam devido ao cancelamento de voos.
No terminal, ao menos 170 voos foram cancelados nesta segunda. Ao todo, desde a sexta-feira (18) foram cerca de mil cancelamentos lá e nos outros aeroportos da capital, em plena temporada de turismo russa.
A Aeroflot, principal empresa aérea do país, forneceu passagens de trem para os passageiros que estavam em São Petersburgo para voltar a Moscou. Um voo entre as duas maiores cidades russas leva cerca de uma hora e meia, enquanto há opções férreas de alta velocidade que duram cerca de 4 horas e, outras, mais lentas, de até 8 horas.
O conflito se desenrola enquanto é contado o prazo dado por Trump a Putin, que vence em setembro. Nesta segunda, antes do anúncio de Zelenski, o Kremlin voltou a dizer que está disposto a negociar com a Ucrânia, mas apontou dificuldades. "Os memorandos [com as propostas de lado a lado para a paz] são diametralmente opostos", disse o porta-voz Dmitri Peskov.
Se Putin não aceitar uma trégua, Trump disse que aplicará sanções à Rússia e, principalmente, a países que compram petróleo do país —o que afeta diretamente China, Índia e Brasil, que importa 60% do óleo diesel que consome dos russos.
Nesta segunda, o secretário de Comércio americano, Scott Bessent, disse que, no caso de as sobretaxas de importação serem aplicadas, Washington espera que os governos europeus façam o mesmo.
Após uma aproximação com Putin que alienou os aliados do clube militar da Otan, a aliança militar ocidental, Trump mudou sua orientação na semana passada, dizendo-se frustrado com a falta de empenho do russo nas negociações.
Até aqui, tudo indica que Moscou continuará com a guerra em alta intensidade, até pelos avanços que tem feito não só em três de quatro regiões anexadas que não controla totalmente, mas também em três áreas que não constam em sua lista de desejos entregue a Kiev.
Trump, por sua vez, acertou com europeus um esquema para acelerar o envio de defesas antiaéreas a Kiev, mas o processo é lento —podendo levar mais tempo para uma bateria Patriot chegar aos ucranianos do que o ultimato a Putin expirar.
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