Homem que morreu carbonizado em carro era empresário de 38 anos
“Fui ajudar a socorrê-lo. Dentro do carro ele batia os braços me pedindo pelo amor de Deus para eu tirá-lo dali”. Esse é o relato de Wendel Vieira, 46 anos, a primeira pessoa que foi ajudar a socorrer um empresário, que morreu carbonizado após a explosão de um carro.
O acidente aconteceu na avenida Adalberto Simão Nader, em Vitória, na tarde dessa sexta-feira (30). O carro, modelo Jeep Compass branco, explodiu enquanto trafegava na região do novo Aeroporto de Vitória. Havia apenas o motorista no veículo.
A vítima foi identificada como Ricardo Portugal Moura Guedes, de 38 anos. Segundo a família, que não quis dar mais detalhes, ele era empresário e proprietário do carro.
Uma câmera de videomonitoramento flagrou o momento em que o carro explodiu sozinho. Além disso, vídeos que foram gravados por populares mostram a tentativa frustrada de salvar o motorista.
“Ele estava andando devagar, acho que havia acabado de passar pelo sinal e de repente explodiu. As chamas foram bem altas e fortes”, disse Rodrigo Bonatti, de 33 anos, que presenciou as cenas.
Segundo Bonatti, houve duas explosões. “Teve a primeira explosão, ele andou uns 20 metros, bateu em uma árvore e quando parou, já em chamas, teve a segunda explosão, que foi mais fraca”.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e ajudou a controlar as chamas, mas não foi possível salvar a vítima. De acordo com o capitão do Corpo de Bombeiros, Vinícius Pedroni, as causas do acidente serão investigadas.
“Ainda não sabemos dizer exatamente o motivo, nossa equipe da perícia está apurando as causas. O que podemos adiantar é que o veículo não possuía GNV (Gás Veicular), o que causa um pouco mais de estranheza”, disse o capitão.
Pedroni disse ainda que será adotada uma metodologia científica para chegar a uma conclusão. “A perícia vai pegar as filmagens das câmeras que flagraram o momento da explosão, relatos de testemunhas, olhar a carcaça do veículo para identificar a forma como ela estufou, os objetos que foram estilhaçados e tentar chegar em uma possível causa”, explicou.
Segundo a Polícia Civil, o corpo da vítima foi encaminhado ao Departamento Médico Legal (DML) para ser liberado pelos familiares.
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Principal causa de explosão é por mau uso de gás
O capitão do Corpo de Bombeiros, Vinicius Pedroni, disse que as explosões mais comuns em veículos é por conta do uso inadequado do Kit GNV (Gás Natural Veicular). Porém, esse não foi o caso do carro que explodiu na avenida Adalberto Simão Nader, no início da tarde de ontem.
“Temos, inclusive, casos recentes, em que o carro utilizava o gás de forma inadequada e por isso houve uma explosão, seja na utilização de um cilindro enfraquecido ou o aumento de pressão por conta de um incêndio que já esteja acontecendo dentro do carro que atinge o cilindro”, explicou.
O vazamento de gasolina também colabora para a explosão de veículos. “Caso exista algum vazamento de gás, se alguém acender um fogo ou gerar alguma faísca; vazamento de gasolina, se o incêndio começar e aquele vapor se expandir; tudo isso se torna uma possibilidade para acontecer uma explosão”, contou.
Para evitar que esse tipo de caso aconteça, Pedroni orienta que faça sempre a manutenção rotineira do veículo. “Lembrar que temos várias explosões por falta de manutenção, problemas elétricos, que inclusive existe indicação no painel, mas a pessoas não se preocupa, tem que estar atento”, disse.
Todos os anos dezenas de pessoas se envolvem em explosões acidentais com veículos, onde não é necessariamente identificado como uma combustão, mas qualquer processo que gere um volume de gases relativamente grande em um espaço limitado e em um curto intervalo de tempo.
Investigação de possível explosivo
A possibilidade da vítima estar levando explosivos dentro do carro não foi descartada pela perícia do Corpo de Bombeiros.
“O carro não tinha Gás Natural Veicular, estamos trabalhando com todas as possibilidades e não descartamos que ele possa estar com explosivos”, disse o capitão do Corpo de Bombeiros, Vinícius Pedroni.
O capitão explicou ainda que se trata de um material sensível ao manuseio e armazenagem, que se de fato a vítima estivesse levando explosivos, de forma ilegal, não poderia ser feito esse transporte de qualquer maneira e nem ser exposto em uma temperatura inadequada.
Disse ainda que esses materiais possuem regulamentação para uso e o acesso não pode, em hipótese alguma, ser feita de maneira ilegal.
“A população não tem acesso fácil, ele é controlado. Não existe nem dica para o manuseio, porque só quem mexe com explosivos são pessoas treinadas para isso, como a Polícia Militar, que possui esquadrão antibomba”, orientou.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que o caso foi encaminhado para a Divisão Especializada de Delitos de Trânsito, que instaurou um inquérito para saber as causas do acidente. O automóvel, onde ocorreu o incêndio, foi periciado e o prazo de conclusão para saber o motivo da explosão é de 30 dias.
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