Wallace é suspenso pelo COB após sugerir 'tiro na cara' de Lula
O atleta deve ficar afastado até a última análise do processo
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O Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB) suspendeu provisoriamente o jogador Wallace de Souza, medalhista olímpico com a seleção brasileira de vôlei, por sugerir um "tiro na cara" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com o parecer divulgado nesta sexta-feira (3), o atleta deve ficar afastado até a última análise do processo e terá cinco dias úteis até ser notificado para apresentar sua defesa.
"No caso em análise, as ofensas, as incitações ao crime e as ameaças - ainda que algumas delas veladas já que postas em forma de pergunta ou interpretáveis por se tratar de imagem - foram todas elas praticadas contra a autoridade máxima do País, que ocupa o posto em razão de processo eleitoral democrático e escorreito. Fica justificada processualmente, dessa forma, a intervenção da Advocacia Pública nesse feito. Assim, fica acolhida a participação processual da Advocacia Geral da União nos termo solicitados. Demais disso, é importante analisar o ato - confessadamente praticado - para fins de aplicação de medida emergencial", diz um trecho do despacho assinado por Ney Bello, relator do caso no Conselho de Ética.
O documento ressalta a responsabilidade de atletas olímpicos, sobretudo campeões, perante a sociedade, pois a sua conduta "exerce influência em toda a juventude" e deve estar de acordo com os "princípio éticos e morais de toda uma coletividade". O parecer cita Pelé, Roberto Dinamite, Maria Esther Bueno e Maria Lenk como grandes exemplos.
"Sugerir, perguntar, incitar o uso de armas e, pior, a detonação no rosto da autoridade máxima do país - por nenhuma razão e sob nenhum critério - se amolda ao comportamento esperado, exigido e aguardado de um campeão olímpico. Em tempos de hipercomunicação através de redes sociais, muitas vezes sentimentos ruins e até criminosos saem dos teclados e ganham o mundo, não raro com consequências desastrosas. A sociedade civil, e mais que tudo o mundo do olimpismo necessita ficar distante da violência e da irracionalidade sugerida em postagens como essa", diz outro trecho.
ENTENDA O CASO WALLACE DE SOUZA
No dia 31 de janeiro, Wallace de Souza fez uma série de postagens nos stories de sua conta no Instagram sobre a sua experiência em um stand de tiro, compartilhando inclusive a arma que mais gostou de usar. O atleta abriu a caixa de perguntas aos seguidores e foi questionado se ele "daria um tiro na cara do Lula". O jogador respondeu com uma enquete. "Alguém faria isso: sim ou não?", junto de um emoji sorrindo com uma auréola sobre a cabeça, em tom irônico.
O atleta é apoiador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas urnas pelo petista nas eleições de 2022 e entusiasta da ampliação do acesso a armas pela população. Após a publicação ganhar repercussão, ele apagou a enquete. Horas depois, o Sada Cruzeiro lamentou a atitude de Wallace e anunciou seu afastamento da equipe por tempo indeterminado.
Paulo Pimenta (PT), ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, afirmou em publicação nas redes sociais que acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) e que o Planalto vai tomar todas as atitudes necessárias. "Não vamos tolerar ameaças feitas por extremistas e golpistas!"
Por sua vez, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) afirmou em nota que "repudia qualquer tipo de violência ou incitação a atos violentos, e entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como o respeito, a tolerância e a igualdade".
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Depois de anunciar a sua aposentadoria da seleção brasileira, Wallace de Souza retornou ao time nacional no ano passado, aos 35 anos, quando ajudou a equipe comandada por Renan Dal Zotto a conquistar a medalha de bronze no Mundial. O oposto também foi medalhista na Olimpíada do Rio, em 2016, e prata nos Jogos de Londres-2012. Com o Cruzeiro, o atleta foi campeão mineiro, da Supercopa, do Mundial de Clubes, do Sul-Americano e da Superliga
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