Muricy vai da aposentadoria no Fla à chance de taça inédita no São Paulo
Muricy Ramalho foi "promessa" de campanha de Eduardo Bandeira de Mello, que buscava a reeleição
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Muricy Ramalho decidiu colocar um ponto final na vitoriosa carreira como treinador na passagem pelo Flamengo. No São Paulo, clube onde é ídolo, voltou ao futebol e iniciou na função de coordenador. E, justamente contra o Rubro-Negro, pode conquistar um título ainda inédito na galeria do Morumbi.
Flamengo e São Paulo decidem a Copa do Brasil. Os cariocas buscam o penta, enquanto os tricolores nunca venceram a competição.
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Multicampeão como treinador do São Paulo, Muricy Ramalho está como coordenador do clube desde 2021.
Ele assumiu a função mais de quatro anos depois de se aposentar da beira do gramado.
O adeus como técnico aconteceu em 2016, quando estava no Flamengo.
PASSAGEM PELO FLAMENGO
Muricy Ramalho foi "promessa" de campanha de Eduardo Bandeira de Mello, que buscava a reeleição.
Coincidentemente, à época, a chapa rival, que contava com Rodolfo Landim, indicou um acerto prévio com Sampaoli.
Bandeira venceu o pleito e Muricy foi anunciado. A chegada do treinador tetracampeão brasileiro -três com o São Paulo e um com o Fluminense — era recheada de expectativa por parte da torcida.
"O Muricy era um profissional vitorioso e consagrado. Nossa expectativa quanto ao sucesso da contratação era enorme e tenho certeza de que também era essa a visão da parte dele", lembrou Bandeira.
O então técnico, porém, teve diagnosticado uma fiblrilação atrial, uma espécie de arritmia cardíaca. Durante a internação na UTI, repensou e decidiu por uma pausa na carreira. Sua passagem pelo Fla durou apenas 29 jogos.
"Ele adoeceu e os médicos recomendaram que ele interrompesse a carreira de treinador. Foi uma pena, mas não havia outra alternativa. Fico feliz em saber que ele leva uma vida normal e altamente produtiva. Só sinto falta das agradáveis conversas e registro que, mesmo em uma convivência curta, aprendemos muito com ele", contou o ex-presidente rubro-negro.
"Naquele momento, fiquei muito sozinho. E quando você está sozinho, reflete sobre tudo. Repensa a sua vida, ainda mais cheio de tubo: 'Meu, o que eu estou fazendo aqui? Já trabalhei muito no futebol, ganho um puta dinheiro e não posso desfrutar de nada. Não posso ir para a praia e para o sítio, coisas que eu gosto. Não posso ver minha família, não tenho mais amigos", disse Muricy, em entrevista ao UOL publicada em meio de 2019.
Sem Muricy, o clube da Gávea cogitou Abel Braga. As negociações não avançaram. Zé Ricardo, então campeão da Copinha com o sub-20, embalou e foi efetivado.
VOLTA AO SÃO PAULO
Muricy se aposentou como técnico, mas não deixou o futebol. Foi comentarista do Grupo Globo e deixou a empresa no fim de 2020.
Em janeiro do ano seguinte, foi anunciado como coordenador de futebol do São Paulo, com a missão de ser uma ponte entre jogadores e comissão técnica com a direção.
O ritmo de trabalho, porém, é até maior, segundo o próprio Muricy disse ao UOL em março. À época, ele vinha sendo questionado em meio à crise do técnico Rogério Ceni com o elenco.
"Se eu quisesse fazer nada, poderia me aposentar e ficar na praia em Riviera. Ter uma rotina mais tranquila como comentarista no SporTV entrando ao vivo da minha varanda. Recebi muitos convites, o Tite foi até a minha casa me chamar para trabalhar com eles na Copa do Mundo, tive outras propostas, mas fiquei no São Paulo porque o São Paulo é a minha vida, é a minha paixão", afirmou.
"Por causa da saúde não sou mais técnico, mas ainda tenho essa paixão e sei que posso ajudar. Eu trabalho muito, só que eu não apareço, né? Aí pode parecer que não sou importante. Trabalho mais que quando era técnico e não tenho férias, porque quando jogadores tiram férias, dirigente trabalha mais", afirmou Muricy, em março.
Em abril pediu licença para cuidar de um quadro de arritmia cardíaca, mas já no dia seguinte se encontrou com Dorival Júnior e prometeu voltar aos trabalhos no Tricolor. O que, de fato, se concretizou.
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