Kelly Slater vê 'chama se apagando' e, aos 51, aproxima-se do adeus
Na segunda etapa do ano, em Sunset Beach, também na havaiana Oahu, o undecacampeão teve forças para ir até as oitavas
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Vencedor da primeira etapa da temporada 2022 do Mundial de surfe, nas lendárias ondas de Pipeline, em Oahu, no Havaí, Kelly Slater afirmou, menos de uma semana antes de seu aniversário de 50 anos: "Talvez eu possa ser campeão do mundo".
Mais tarde, já no segundo semestre, diante das dificuldades de uma disputa exaustiva, admitiu: "Não sei que parte do meu cérebro acha que eu deveria ter parado em Pipe".
Teria mesmo sido um fim apoteótico para a carreira do maior nome da história da modalidade. "A melhor vitória da minha vida", disse, emocionado, aquele que acumula triunfos em 56 etapas do circuito de elite e 11 títulos mundiais.
A glória de Kelly no Havaí é o tema do episódio de abertura da segunda temporada da série "Make or Break", disponível na Apple TV+ desde a última sexta-feira (17). A vitória sobre o havaiano Barron Mamiya, no estouro do cronômetro, e a batalha decisiva com o também havaiano Seth Moniz -que nasceu em 1997, quando Slater já estava em seu oitavo ano na elite- são pintadas com tintas épicas.
"Dediquei minha vida a isto. Odiei boa parte", diz Slater, durante a campanha em Pipe, explicando que a "obsessão" foi o que o levou tão longe no esporte. "Sinto essa luz se apagando, sabe?", afirma, exausto na celebração: "Estou cansado para c...!".
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O norte-americano da Flórida não conseguiu na sequência manter o nível exibido na primeira perna do circuito. Terminou a competição na 15ª posição, sem lugar entre os cinco finalistas que decidiram o título nas ondas de Lower Trestles, em San Clemente, nos Estados Unidos.
O certame de 2023 começou novamente em Pipeline, novamente com a aposentadoria do craque no horizonte. Desta vez, ele não repetiu a glória obtida oito vezes na mesma praia. Parou na fase anterior às oitavas de final, com 1,23 e 1,20 como suas notas de pontuação, derrubado pelo brasileiro Yago Dora.
"Estou empacado, não consegui achar um ritmo", reconheceu, entre as baterias que disputou.
Enquanto competia, Kelly recebeu a notícia da (segunda) despedida do grande nome de outra modalidade. Tom Brady, 45, o maior do futebol americano, um ano depois de ter anunciado o adeus e desistido, resolveu pendurar de vez as chuteiras e o capacete.
"Para as pessoas que fizeram por muito tempo algo que amam, a coisa vai além do dinheiro que elas ganham, vai além. Vira amizades, estilo de vida, família e tudo mais. Não é uma decisão fácil, ainda mais quando a habilidade ainda está lá. Não acho que haveria um jogador na liga hoje que falaria que o Brady não poderia ganhar um Super Bowl hoje", afirmou.
"Então, é difícil ver essa possibilidade e não querer ir em frente. Posso me relacionar com isso, depois de todo esse tempo. Eu amo surfar. Mas sinto a vela meio que se apagando para mim, já faz um tempo. Acho que vou surfar até quando estiver tudo feito, eu realmente não me importar mais e querer ser outra pessoa", acrescentou.
Na segunda etapa do ano, em Sunset Beach, também na havaiana Oahu, o undecacampeão teve forças para ir até as oitavas. Ele tem dito que pretende fazer uma temporada completa antes de parar, o que parece estar próximo. Como tem falado, repetidamente, "a chama está se apagando".
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