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Qualidade do ar

Cientista estuda soluções para emissão de poluentes

Pesquisa sobre a influência da indústria na qualidade do ar é realizada em parceria entre a UFMG e a empresa ArcelorMittal


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Imagem ilustrativa da imagem Cientista estuda soluções para  emissão de poluentes
Taciana Toledo, professora universitária e pesquisadora: simulação de cenários de emissões atmosféricas |  Foto: Divulgação

Os impactos das medidas adotadas por grandes empresas para controlar as emissões de poluentes no ar da Grande Vitória são objeto de estudo de pesquisadores.

A pesquisa denominada “Influência de Emissões Atmosféricas Industriais na qualidade do ar de regiões urbanas por modelagem computacional” é uma parceria entre o Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a ArcelorMittal unidade Tubarão.

Quem coordena a investigação é a professora da UFMG Taciana Toledo, que é doutora em Ciências Atmosféricas com ênfase em Poluição Atmosférica.

“Por meio dessa cooperação, estamos simulando diferentes cenários de emissões atmosféricas considerando as ações de melhoria firmadas no Termo de Compromisso Ambiental (TCA). Assim, investigaremos os potenciais efeitos da adoção das medidas”, disse.

O TCA é um acordo firmado entre órgãos estaduais, Ministério Público Estadual e Federal, ArcelorMittal e Vale, que estabelece compromissos entre empresas para investimentos em controle ambiental e melhorias na qualidade do ar.

Entre as ações das empresas que atuam na Grande Vitória estão a instalação de barreiras de vento – chamadas de wind fences – e o uso de canhões de névoa.

O professor Aurélio Barreto, doutor em Ciências e docente de Engenharia Sanitária e Ambiental do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), explicou que, enquanto as barreiras reduzem a velocidade dos ventos, os canhões de névoa liberam gotículas de água sobre os pátios das empresas.

“Nos dois casos, o resultado é uma menor suspensão dos materiais. Isso faz uma diferença significativa quando se trata de empresas que armazenam minérios e carvão, por exemplo. As grandes empresas que atuam na Grande Vitória implantam, periodicamente, medidas gerenciais e introduzem tecnologias para reduzir as emissões de poluentes”.

Outras iniciativas que ele destacou como eficazes são o confinamento de alguns processos industriais e a troca do uso de óleo diesel como combustível pelo gás natural. “Medidas de gestão, que são mais simples de serem implementadas, também fazem a diferença, como a lavagem de pistas e das rodas dos veículos”.

Moradores são fundamentais na vigilância, diz promotora

A participação da sociedade civil é apontada como peça-chave para o monitoramento e melhoria da qualidade do ar na Grande Vitória, segundo representantes do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e do Ministério Público Federal (MPF).

A promotora de Justiça Bruna Legora de Paula Fernandes, dirigente do Centro de Apoio Operacional da Defesa do Meio Ambiente do MPES, reforçou a importância dos moradores no debate.

“Temos buscado a preparação da sociedade civil no processo de entendimento e discussão da qualidade do ar para uma ação mais efetiva nos processos decisórios, considerando que são as comunidades que absorvem os impactos e benefícios da qualidade do ar”.

O promotor de Justiça Marcelo Lemos, que é também coordenador de Monitoramento da Qualidade do Ar do MPES, diz que o órgão tem estimulado moradores a se organizarem, por meio de um comitê representativo, para participarem das reuniões da Comissão de Acompanhamento dos TCAs.

Para o procurador da República André Pimentel Filho, a mobilização popular motiva avanços concretos. “A sociedade é importantíssima e é a titular do direito ao meio ambiente equilibrado. É ela que nos provoca e faz a pressão necessária para que as coisas melhorem”.

Comunidades de Vitória já fiscalizam as ações de grandes empresas. De acordo com a presidente da Associação de Moradores da Ilha do Frade, em Vitória, Talita Guimarães, há muita troca de informações entre moradores e as empresas.

“Nós enviamos fotos e vídeos do pó preto nas nossas casas, avisamos se há uma piora eventual, e as empresas nos recebem com frequência para mostrar o que tem sido feito. É um diálogo muito aberto. Alguns moradores já percebem uma melhora no ar”, declarou.

Já o vice-presidente da Associação de Moradores de Santa Lúcia, Hector Siqueira, afirmou que, no bairro, a percepção da efetividade das ações varia. “Muitas pessoas valorizam iniciativas genuínas e com redução efetiva de emissões. Mas há ceticismo quanto ao ‘greenwashing’ – ações que aparentemente são sustentáveis, mas são superficiais”.

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Talita Guimarães: diálogo aberto |  Foto: Divulgação

“Pó preto não é o maior vilão”

O pó preto não é o maior vilão para a saúde quando falamos de qualidade do ar. É o que afirma o professor Aurélio Barreto, doutor em Ciências e docente do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).

Ele explicou que o termo pó preto é usado popularmente para se referir à poeira sedimentável (PS), que é composta por material particulado (MP) de diversas fontes, como materiais da construção civil, minério de ferro, carvão e resíduos de emissões veiculares.

“Essa é uma classe de material particulado atmosférico representada por um conjunto de partículas sólidas ou líquidas com mais de 10 micrômetros de diâmetro, que ficam suspensas no ar por pouco tempo e podem ser coletadas por sedimentação”.

De acordo com o pesquisador, os maiores vilões para a saúde não são essas partículas maiores, que formam o que é chamado de pó preto, mas sim as menores, que não são visíveis, em especial, as classificadas como MP10 e MP2,5.

Ele destacou que a legislação determina a quantidade de material particular que pode haver no ar e classifica essas partículas pelo tamanho e não pela composição.

“São as MP10 e MP2,5 que fazem mal aos seres humanos, às plantas e aos animais. Essas partículas podem ser tão pequenas que conseguem entrar pelos alvéolos pulmonares e passar para a corrente sanguínea, podendo provocar doenças”, explicou o professor.

Aurélio disse ainda que tais partículas podem conter diversos materiais, como pólen, areias, argilas e até sal, dentre outros minerais.

O Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) faz o monitoramento da poeira sedimentável na Grande Vitória desde 2009. Em geral, a taxa de sedimentação está abaixo do limite da legislação estadual, que é de 14 gramas por metro quadrado em 30 dias.

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Aurélio Barreto, professor universitário e doutor em Ciências, explica que partículas não visíveis são mais prejudiciais à saúde |  Foto: Gabriel Lordêll

Saiba Mais

Ferramentas contra a poluição do ar

Principais Medidas

  • Wind Fences: barreiras que reduzem a velocidade dos ventos e, consequentemente, a dispersão de partículas sedimentares.
  • Canhões de névoa: lançam microbolhas de água sobre materiais como pelotas de minério de ferro e carvão, reduzindo a dispersão de partículas desses materiais.
  • Confinamento de processos industriais: áreas de armazenamento de materiais e a realização de alguns processos, que, antes, ocorriam em pátios e áreas abertas, passam a ser realizados em ambientes confinados, reduzindo a dispersão de partículas pelo vento.
  • Troca do óleo diesel por gás natural.
  • Lavagem de pátios.
  • Lavagem de pneus: algumas vezes, feita por lavadores automáticos, evita que sedimentos sejam levados dos pátios das empresas para as ruas das cidades.

Fonte: Especialistas entrevistados.

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