Educação financeira nas escolas
Com atividades lúdicas, alunos das cooperativas educacionais aprendem a poupar dinheiro e comprar com consciência
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O cooperativismo está desconstruindo o mito de que o dinheiro é coisa de adulto. O modelo de negócio tem como base a economia compartilhada e ensina as novas gerações a lidar com as finanças desde cedo. Nas cooperativas educacionais do Espírito Santo, os alunos aprendem isso de forma lúdica.
O programa Cooperjovem, por exemplo, trabalha quatro eixos temáticos: educação cooperativista, empreendedora, financeira e ambiental. No eixo da educação financeira, alunos do 1° ao 9° ano do ensino fundamental aprendem a gerenciar gastos e poupar dinheiro. O intuito é estimular as crianças e adolescentes a tomarem decisões financeiras mais assertivas e a pensarem no seu futuro.
Atualmente, a iniciativa é adotada pelas cooperativas educacionais CEL, Coopeducar, Cooperação, Coopesg e Coopesma. Cada escola possui um coordenador. O Sistema OCB/ES – organização que representa o cooperativismo capixaba - capacita esses profissionais para que eles possam conhecer o passo a passo da metodologia.
“As cooperativas buscam proporcionar segurança financeira e qualidade de vida para as pessoas. Por meio do Cooperjovem, disseminamos esses valores dentro das salas de aula”, explica o presidente da instituição, Dr. Pedro Scarpi Melhorim.
A metodologia é aplicada por meio do Cooperjogo, uma jornada gamificada dividida em cinco fases e que acontece ao longo de um ano letivo. Em cada fase, os alunos têm missões para cumprir e são incentivados a desenvolver um sonho coletivo, ou seja, planejar uma ação que beneficie a escola ou a comunidade da qual participam, o que envolve pensar em recursos financeiros.
Na Coopesg, em São Gabriel da Palha, os estudantes consultaram a comunidade local e arrecadaram fundos para criar uma ilha ecológica destinada à coleta de materiais recicláveis. O local será inaugurado no dia 5 de junho deste ano, no Dia Mundial do Meio Ambiente.

Cuidar do dinheiro virou disciplina na sala de aula
Sensibilizar os jovens sobre a necessidade de cuidar do próprio dinheiro foi uma preocupação tão forte na Coopesma, que incentivou a cooperativa a implantar uma disciplina de educação financeira.
Ela entrou em vigor este ano e é ofertada uma vez por semana para alunos do 1º ao 8º ano. Nas turmas dos anos finais, a disciplina é desenvolvida junto com o programa Cooperjovem, mas com foco total nas finanças.
“A educação financeira ensina a importância de gastar de maneira responsável, refletindo sobre as escolhas de consumo e como elas impactam o meio ambiente e a sociedade. Isso pode levar os jovens a se tornarem consumidores mais conscientes e solidários”, destaca Zenilza Pauli, diretora pedagógica da Coopesma.
Jamille Santos é responsável por ministrar as aulas e reconhece a relevância da disciplina na formação dos alunos. “Falar sobre finanças na educação básica é fundamental para o desenvolvimento das crianças e adolescentes, pois oferece ferramentas e conhecimentos que impactarão diretamente a vida pessoal e profissional delas no futuro”, constata.
Cooperativas de crédito dão exemplo
Cooperativas de crédito também promovem a educação financeira dos pequenos. O Programa Financinhas nas Escolas, desenvolvido pelo Instituto Sicoob e aplicado pelo Sicoob Espírito Santo no estado, estimula hábitos financeiros saudáveis em alunos da educação básica.
Em 2024, o programa atendeu 13.854 estudantes do ensino fundamental no estado, contemplando 142 escolas e 25 municípios. Para este ano, as expectativas são de crescimento. A previsão da coop é atender 23.780 mil alunos, 240 escolas e 45 municípios.
Outra iniciativa é a Jornada da Educação Financeira nas Escolas, do Sicredi, que desperta a consciência financeira em crianças. No Espírito Santo, o programa é colocado em prática pela Sicredi Interestados RS/ES, no município de Montanha. Por lá, nove escolas e 1.284 estudantes já foram contemplados.
Além disso, o programa promove a capacitação de professores com uma metodologia alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), interdisciplinar e com um olhar voltado à equidade social. No Espírito Santo, 79 professores já foram formados.

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