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Carnaval 2025

Noite dos Tambores Silenciosos junta nações de maracatu no Pátio do Terço

Cerca de 40 grupos prestaram a tradicional homenagem aos antepassados escravizados, emocionando o público presente


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Imagem ilustrativa da imagem Noite dos Tambores Silenciosos junta nações de maracatu no Pátio do Terço
A Noite dos Tambores Silenciosos celebra a ancestralidade |  Foto: Ueni/PCR

Na noite da segunda-feira de Carnaval (3), o Pátio do Terço, no bairro de São José, no Recife, foi palco de um dos momentos mais marcantes e emocionantes da folia pernambucana: a 61ª edição da Noite dos Tambores Silenciosos.

O evento, que faz parte da programação oficial do Carnaval da cidade, reuniu cerca de 40 nações de maracatu de baque virado, entre grupos mirins e adultos, em um ritual de reverência à ancestralidade africana.

Pela primeira vez, a cerimônia foi conduzida por Mãe Lu de Oxalá, Iyá-Kekere da Casa de Raminho de Oxóssi, e por Jorge de Bessen, babalorixá Jejê-Nagô.

Para Jorge de Bessen, assumir essa responsabilidade foi um momento de forte emoção e conexão espiritual, especialmente por suceder seu pai, Tata Raminho de Oxóssi, que por décadas esteve à frente do ritual e faleceu em 8 de dezembro do ano passado.

“Foi uma mistura de saudade e gratidão. Meu pai sempre me preparou para esse momento, mas estar aqui sem ele é difícil. Ao mesmo tempo, sinto sua energia em cada toque de tambor, em cada olhar que me cerca. Sei que ele está comigo, e isso me dá força para seguir honrando seu legado”, afirmou emocionado.

O ponto alto da cerimônia aconteceu à meia-noite, quando todas as luzes do pátio foram apagadas, e os tambores, que durante todo o Carnaval ecoam em ritmos vibrantes, silenciaram por cerca de 30 minutos.

Esse momento simboliza o respeito aos negros escravizados e a memória dos antepassados. Centenas de pessoas acompanharam o ritual em silêncio, refletindo sobre a força e a resistência da cultura afro-brasileira.

Mãe Lu de Oxalá, Iyá-Kekere da Casa de Raminho de Oxóssi, destacou a importância da Noite dos Tambores Silenciosos como um momento de conexão espiritual e reafirmação do legado ancestral.

"Essa celebração não é apenas um ritual, é um compromisso com aqueles que vieram antes de nós. Carregar esse legado é uma grande responsabilidade, pois estamos aqui para honrar a memória dos nossos ancestrais, reforçar nossa fé e garantir que essa tradição continue viva para as futuras gerações. O silêncio dos tambores é um grito de resistência e de respeito à nossa história", afirmou.

CORTEJO

Durante o cortejo, tochas foram acesas e levadas até a porta da Igreja de Nossa Senhora do Terço, onde foram entoados cânticos em homenagem a Nossa Senhora do Rosário e à orixá Iansã, que simboliza o vento e a conexão entre os mundos espiritual e terreno.

Em seguida, quatro pombas brancas foram soltas, representando a paz e a ligação com os espíritos dos ancestrais.

Criada na década de 1960, a Noite dos Tambores Silenciosos foi idealizada por Maria de Lourdes Silva, conhecida como Badia, moradora do Pátio do Terço.

O evento nasceu como uma homenagem aos negros escravizados que passaram pelo local, que, no período colonial, serviu como mercado de escravizados e um dos primeiros espaços de prática do candomblé nagô em Pernambuco.

Inicialmente, a cerimônia tinha um caráter teatral e era encenada pelo grupo de teatro Equipe. Com o tempo, tornou-se um dos rituais mais importantes do Carnaval do Recife, reunindo nações de maracatu e fiéis das religiões de matriz africana.

A Noite dos Tambores Silenciosos mantém viva uma tradição que remonta aos tempos da escravidão, quando os negros aproveitavam a segunda-feira de Carnaval para celebrar sua cultura e reafirmar sua identidade.

Com o passar dos anos, o ritual cresceu e se tornou um dos momentos mais emblemáticos da folia pernambucana, reunindo maracatus, lideranças religiosas e fiéis em um ato de fé e resistência.

"Esse ritual sempre existiu. Antigamente, os negros celebravam a liberdade na segunda-feira de Carnaval. Hoje fazemos isso de forma ainda maior, mas mantendo o respeito e a fé dos nossos ancestrais", destacou João Jhadyell, de 15 anos, que participou da cerimônia pela primeira vez como ogã, responsável por tocar os ilús, instrumentos sagrados do candomblé.

Para quem acompanha a cerimônia, a experiência é única e transcende o tempo. "O silêncio que ecoa, os tambores que falam, as rezas que nos envolvem… é como se os ancestrais nos tomassem pelas mãos e nos conduzissem por um caminho sagrado. Aqui, não somos apenas espectadores, somos parte viva dessa história, sentimos o axé pulsar em cada batida", descreveu a jornalista Germana Accioly, que sempre prestigia o evento.

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