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A força das mulheres italianas na história da imigração no ES

Além de fazer todos os serviços domésticos, a mulher imigrante tinha de cuidar da educação dos filhos e ajudar o marido no dia a dia


Imagem ilustrativa da imagem A força das mulheres italianas na história da imigração no ES
Mulheres descendentes de famílias italianas participaram da simulação da partida da Itália para o Estado |  Foto: kadidja Fernandes/at

Quando se fala sobre a imigração italiana, a figura que constantemente recebe destaque na história é a masculina. Os homens tiveram sim contribuições relevantes tanto no movimento migratório como no desenvolvimento do Espírito Santo. Mas, igualmente importante foi a atuação das mulheres italianas.

Além de fazer todos os serviços domésticos, a mulher imigrante tinha de cuidar da educação dos filhos e ajudar o marido em quase todas as atividades da roça.

Também era responsabilidade dela cozinhar as refeições, confeccionar e remendar as roupas de todos os membros da família, cultivar a horta, ordenhar as vacas e cuidar da criação.

Rotina semelhante à vivida pela família da empresária e descendente de italianos, Irani Francischetto: “Era um trabalho duro, porque além de ter esse controle da casa e ter que produzir no trabalho, havia a responsabilidade com a alimentação. Minhas avó e bisavó levantavam cedo e iam tirar leite para o café da manhã. Muitas vezes já preparavam o almoço. Começavam de madrugada, para dar tempo de ajudar na roça. E essa comida tinha de ir junto. Quando voltavam, ainda precisavam preparar o jantar”, comenta.

Apesar de, muitas das vezes, terem sido consideradas apenas um braço a mais nos serviços da roça, as mulheres desempenhavam um trabalho pesado, que exigia o mesmo - ou até mais - esforço físico que os homens. “Minha avó dizia o seguinte: ‘Na roça não existe viagem vazia. Você sobe levando peso, almoça e ajuda no trabalho. Quando volta, volta carregando lenha, cacho de banana, saco de café, feijão, menino’. Quantas vezes minha avó falava que ela ia para a roça trabalhar com o meu avô, acompanhada de crianças ainda de colo. Minha avó teve nove filhos”, relata o escritor e historiador Rodrigo Paste.

As imigrantes italianas ajudaram também no desenvolvimento econômico das comunidades em que pertenciam, pois, além do serviço árduo nas lavouras, elas começaram a produzir itens para comercialização, gerando renda extra para toda a família.

“Fora do âmbito de cozinhar, lavar, costurar, cerzir, remendar, as mulheres tinham todo um trabalho que ajudava não só na subsistência, mas na economia doméstica. Elas começaram a vender a produção caseira como queijos, pães, biscoitos e outros alimentos, para ajudar a família a conseguir mais renda. Tanto que muitas das produções que nós temos nesse eixo de Venda Nova, no sul do Estado, e no norte de Santa Teresa, começaram de forma caseira, nas mãos das mulheres”, destacou Irani Francischetto

Comando dos negócios

Muitas famílias, descendentes de imigrantes italianos, principalmente no agroturismo, têm mulheres à frente dos negócios. Algumas características mais aguçadas das empreendedoras enriquecem a gestão e contribuem para o sucesso dos negócios, tais como colaboração, comunicação clara e eficaz, gerenciamento de conflitos, capacidade de adaptação e sensibilidade aos detalhes.

É o que afirma Patrícia Gonçalves Cangussu, gerente da Unidade Regional Serrana do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ES).

“É comum observarmos mulheres à frente de empreendimentos do agroturismo, que é forte em nossa região, principalmente em Venda Nova do Imigrante, que foi reconhecida oficialmente como a Capital Nacional do Agroturismo”.

O Sebrae/ES tem oferecido ações como consultorias individualizadas, capacitações coletivas, acesso a mercado e apoio à participação em feiras. Um exemplo é a conquista da Indicação Geográfica (IG) do Socol, tradicional carne defumada produzida em Venda Nova. A associação local teve papel fundamental na obtenção desse reconhecimento, trabalhando em colaboração com o Sebrae.

Famílias e sobrenomes que entraram para a história

Centenas de sobrenomes italianos fazem parte das famílias de descendentes espalhadas pelo Brasil e com forte presença no Espírito Santo. Meneguelli, Lorenzon, Zandonadi, Dalla Berladina, entre outros, entraram para a história do Estado e seguem fortes com as gerações que os herdaram.

Referência no cooperativismo brasileiro, o presidente do Sicoob ES, Bento Venturim, é neto de italiano e conta com orgulho a origem e a trajetória de sua família.

“Meu avô veio de Veneto, norte da Itália, em 1882, para a região de Aldredo Chaves, até ir para Venda Nova do Imigrante. Ele é o primeiro imigrante italiano da cidade, ou seja, Francisco Venturim é o italiano que dá nome ao ‘imigrante’ de Venda Nova”, afirma.

De acordo com Bento, o meio familiar foi uma importante influência na escolha profissional. “O italiano tem vocação forte para o cooperativismo. Fazíamos tudo por meio do associativismo. Meu pai, em Venda Nova do imigrante, fazia parte de uma cooperativa agropecuária que, na época, era a maior do Espírito Santo. Ele participava do conselho fiscal e, por isso, eu já estava presente nas reuniões e assembleias”, explica.

Outra capixaba que é referência no ramo em que atua e que tem descendência de imigrantes italianos é a Irani Francischetto, cofundadora do Cedoes – centro de pesquisa e diagnóstico pioneiro no Espírito Santo na área de Densitometria Óssea.

Nascida no município de Castelo, Irani saiu de casa aos 15 anos para prosseguir seus estudos na capital Vitória, onde cursou Odontologia, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Mais tarde, concluiu o mestrado em Periodontia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A busca pelos estudos era valorizada e incentivada pela família.

Durante sua jornada profissional, Irani criou e coordenou os primeiros cursos de pós-graduação em sua área de especialização (Periodontia), ministrou cursos e palestras, organizou eventos científicos, publicou artigos e há 24 anos está à frente do CEDOES Pesquisa Clínica, o primeiro centro privado desta área no Estado.

Imagem ilustrativa da imagem A força das mulheres italianas na história da imigração no ES
Busca da cidadania italiana
“Meus pais não passaram do primário, mas decidiram que a educação seria o objetivo maior para os seus filhos, independente do sacrifício que isto exigiria deles” , Irani Francischetto, empresária
Imagem ilustrativa da imagem A força das mulheres italianas na história da imigração no ES
Família de imigrantes já estabelecida no Estado |  Foto: Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES)

Além de carregar importantes histórias ao longo dos anos, os sobrenomes italianos têm grande valor na hora de adquirir um documento muito visado pelos descendentes: a cidadania italiana.

“A cidadania é uma condição legal que habilita o descendente a pertencer à nação da Itália. Ele adquire direitos como os de morar e estudar no país. É como se ele tivesse nascido na Itália. O Passaporte italiano foi eleito no ranking de 2024 o mais poderoso do mundo, que permite ter acesso a 194 destinos, sem a necessidade de visto prévio”, explica o advogado Washington Moscon

Moscon destaca, ainda, o que é necessário para obter a cidadania. “Não existe limite de gerações. É preciso que alguém da família tenha nascido na Itália e que haja condições de provar esse vínculo, fazendo toda a organização da árvore genealógica, para conectar o ente que nasceu lá até a pessoa que deseja a cidadania”.

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