Boni diz que diante de provas demitiria José Mayer e Marcius Melhem
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Ex-diretor da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira, o Boni, 84, foi o convidado do Roda Viva desta segunda-feira (14).
Ao ser questionado se demitiria o ator José Mayer, acusado de assédio sexual, e o humorista Marcius Melhem, que deixou a emissora após denúncias de assédio moral, o empresário disse que se as queixas fossem comprovadas "certamente demitiria".
"Aqui, de longe, eu não mandaria embora porque são pessoas extraordinárias. Agora, trabalhando lá dentro, teria detalhes, fatos, que pudessem comprovar isso", disse.
Boni ainda fez críticas ao politicamente correto. "Eu tenho pavor do julgamento precipitado. Eu acho que, hoje, com as pressões das redes sociais, preocupação com o politicamente correto, se pune e se usa essas questões todas para atingir alguém", afirmou.
Em relação ao movimento MeToo, campanha que teve início em Hollywood e escancarou os abusos sexuais nas produções, Boni afirmou que é preciso ter cuidado.
"Temos que pensar que há muito folclore", disse. "No meu tempo, eu não acredito que houvesse outro critério que não fosse talento ou capacidade. Se, eventualmente, fizessem alguma coisa, a gente mandava embora", disse ele. Boni afirmou ainda que nunca ouviu denúncias de abuso.
"Nunca ninguém entrou na minha sala dizendo 'eu fui assediada', no sentido de permutar o trabalho", disse ele, que ponderou que a falta de denúncias possam ter diversos motivos, como receio, naturalização ou por ser tratar de uma época diferente.
O empresário começou a trabalhar na Globo em 1967 e comandou as operações da emissora por mais de 30 anos. Foi ele quem criou a grade da programação do horário nobre, constituída por três novelas -sendo que, entre a segunda e a terceira, é transmitido o Jornal Nacional. Além disso, Boni também promoveu a reconfiguração da teledramaturgia para que os enredos se aproximassem do cotidiano brasileiro.
Desde 2003, ele é sócio da TV Vanguarda, afiliada da Globo no interior de São Paulo. Hoje, ele disse que tem mais contato com os funcionários, já que lida com menor número de pessoas.
"Temos um compliance bastante rígido. Mesmo porque somos signatários dos regulamentos da TV Globo. Na Vanguarda, eu tenho como falar um a um, de forma que, estando mais próximo deles, é mais fácil receber queixas e reclamações", afirmou.
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