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Filmes e Séries

Entenda como atriz pode ter indicação ao Oscar invalidada pela Academia

A última vez que o Oscar desqualificou uma indicação foi em 2014


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Entre as comemorações e surpresas do anúncio dos indicados ao Oscar deste ano, na última terça-feira (24), uma nomeação em particular vem dando o que falar em Hollywood.

A presença de Andrea Riseborough na categoria de melhor atriz, lembrada por seu trabalho no filme "To Leslie", despertou acusações de violação das regras do prêmio. O caso, que será discutido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, envolve a campanha da artista, o qual apontam como responsável pela ausência de atrizes negras na categoria em 2023. A organização afirmou nesta sexta (27) estar investigando o caso.

Lançado no festival South by Southwest do ano passado, "To Leslie" é uma produção americana independente de Michael Morris, diretor que trabalhou em episódios de séries conhecidas como "Better Call Saul", "13 Reasons Why" e "House of Cards".

A produção acompanha Riseborough no papel de uma mulher que sofre para reorganizar a vida depois de gastar um prêmio vencido na loteria, lutando contra o vício no álcool e pela relação conturbada com o filho.

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Por ser um longa de orçamento pequeno e distribuído por uma empresa menor do mercado do país, a Momentum Pictures, a obra em tese não teria os meios financeiros para bancar uma campanha de divulgação para alcançar os votantes das premiações.

Membro do elenco, Marc Maron chegou a reclamar da falta de empenho da produtora para vender o filme em dezembro, classificando o trabalho da Momentum como "incompetência grosseira".

O que aconteceu a partir daí é que a campanha foi assumida pela atriz de origem britânica e a agência que a representa, a CAA -uma das principais empresas de representação artística de Hollywood. No mesmo mês de dezembro, ancorada pela indicação ao prêmio de atriz no Spirit Awards, Riseborough organizou exibições e pagou anúncios em veículos para vender seu trabalho aos votantes.

Mais surpreendente, porém, é que celebridades do meio começaram a postar elogios à sua atuação nas redes sociais, em uma manobra que se intensificou no período de votação do prêmio da Academia. Artistas como Cate Blanchett, Edward Norton, Jennifer Aniston, Courteney Cox, Demi Moore, Mia Farrow e Charlize Theron publicaram mensagens de apoio à atriz, e Kate Winslet e Amy Adams moderaram debates com Riseborough durante a reta final de escolha dos indicados.

A campanha não passou batido pelas redes sociais, que transformou em piada o volume de elogios dados à atriz e sua atuação. Em especial após Gwyneth Paltrow publicar em seu Instagram uma foto com a atriz, Morris e Cox, destacando que Riseborough deveria "ganhar todo prêmio que existe e todos aqueles que ainda não foram inventados."

A confirmação da nomeação de "To Leslie" dividiu a indústria, porém, sobretudo a partir da confirmação de quem os votantes preteriram em favor do filme. Até então vistas como favoritas a participar da premiação este ano, as veteranas Viola Davis, por "A Mulher Rei", e Danielle Deadwyler, por "Till -A Busca por Justiça", ambas atrizes negras e ancoradas em campanhas de grandes estúdios, acabaram esnobadas na categoria, que conta ainda com Cate Blanchett, Ana de Armas, Michelle Williams e a favorita Michelle Yeoh -primeira mulher auto-identificada como asiática a ser indicada no prêmio.

Em sua conta no Instagram, Chinonye Chukwu, diretora de "Till", comentou o caso. "Vivemos em um mundo e trabalhamos em indústrias que são agressivamente comprometidas em defender o embranquecimento e perpetuar uma misoginia ousada e direcionada a mulheres negras."

Além da questão de diversidade, a campanha ainda atraiu críticas internas, que acusam os envolvidos de violarem as regras da Academia. Chama a atenção a postura de Jason Weinberg, agente de Riseborough, que teria assediado incansavelmente indivíduos para que demonstrassem apoio pela atriz.

Ele chegou a escrever e-mails pedindo que as pessoas postassem diariamente sobre o filme nas redes, o que rompe com o regulamento da premiação sobre lobby. A organização proíbe no artigo dez que se aborde membros diretamente para divulgar candidaturas.

Outro "ativista" do filme que despertou incômodo na indústria foi a atriz Frances Fisher. Em uma publicação de seu Instagram, agora deletado, a artista escreveu que Riseborough poderia garantir uma indicação "se 218 (de 1302) atores no braço de votantes da categoria a nomeassem em primeiro lugar", além de comentar que Davis, Deadwyler, Yeoh e Blanchett "estariam garantidas por seu trabalho fenomenal". A implicação dos nomes de concorrentes é outra manobra que fere o regulamento da premiação, agora no artigo 11.

Em nota oficial, a Academia diz que tem como meta garantir que a competição seja conduzida de forma justa e ética, além de comprometida em viabilizar uma premiação inclusiva. "Estamos conduzindo uma investigação dos procedimentos de campanha sobre os indicados deste ano, garantindo que nenhuma diretriz tenha sido violada, e garantindo se mudanças às mesmas serão necessárias nesta nova era de redes sociais e comunicação digital."

Uma reunião entre os diretores de cada braço da organização estaria marcada para a próxima terça-feira, 31 de janeiro, onde se espera que a questão da campanha seja debatida.

A última vez que o Oscar desqualificou uma indicação foi em 2014, quando a canção "Alone Yet Not Alone", de Bruce Broughton, foi descartada do prêmio mesmo depois de figurar na categoria. Na ocasião, a Academia alegou contato impróprio do compositor com votantes, um problema aprofundado pelo fato dele ter sido anteriormente um diretor da organização.

A cerimônia de premiação do Oscar acontece no dia 12 de março no Dolby Theatre, em Los Angeles.

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