MC Poze é solto e fãs fazem festa na porta de presídio no Rio
Cantor havia sido preso sob suspeita de apologia ao tráfico e envolvimento com o Comando Vermelho
Escute essa reportagem

O cantor MC Poze do Rodo foi solto nesta terça-feira (3) após a Justiça conceder um habeas corpus em seu favor. Ele havia sido preso na quinta (29), sob suspeita de apologia do tráfico e de envolvimento com o CV (Comando Vermelho).
Poze foi recebido por cerca de 300 fãs e familiares na saída do Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio. Ele saiu a pé, com os advogados. Fãs se aglomeravam desde a madrugada esperando sua saída. Um carro de som foi levado para a frente do presídio, e o público que se aglomerou cantava suas músicas.
Tumulto marca saída de MC Poze do Rodo do presídio de Bangu 3 #BandJornalismohttps://t.co/XvPXI96aHx
— Band Jornalismo (@BandJornalismo) June 3, 2025
Viviane Noronha, mulher do cantor, também está presente. Ela foi alvo, nesta terça, de operação da Polícia Civil que visa desarticular o núcleo financeiro do CV, que seria responsável pela lavagem de mais de R$ 250 milhões. Essa investigação não tem relação com a prisão de Poze.
Cerca de 40 minutos antes de Poze sair, MC Oruam, filho de Marcinho VP, subiu em um ônibus, sapateou e causou o primeiro início de tumulto. A polícia usou balas de borracha, porretes e gás lacrimogêneo para dispersar quem tentava subir nos coletivos. Oruam desceu do ônibus e foi protegido pela população.
O batalhão de choque foi chamado, e a saída de Poze só ocorreu após a chegada da unidade de contenção de tumultos.
Ao sair do portão do presídio, Poze foi abraçado pela mulher. "Eu não sou bandido, sou artista, porra", gritou.
Cerca de cem motoqueiros parados faziam barulho com os motores das motos, na entrada do complexo prisional. A polícia interveio novamente, dispersando a multidão. Poze, então, deixou o local de carro em direção à avenida Brasil, seguido pelos motoqueiros.
A defesa do funkeiro comemorou a decisão e disse que Poze não tem qualquer vínculo com atividades criminosas. " A decisão dá espaço à única presunção existente no direito, a de inocência", disse o advogado Fernando Henrique Cardoso Neves.
A defesa alegou que a prisão era desproporcional e que o cantor sempre esteve à disposição da Justiça para colaborar com as investigações.
A decisão de soltura impôs algumas medidas cautelares, como a proibição de manter contato com outros investigados, a restrição de frequentar determinados locais e a obrigação de comparecer periodicamente à Justiça.
Em trecho da decisão, o desembargador Peterson Barroso Simão fez críticas à forma da prisão do artista. "Há indícios que comprometem o procedimento regular da polícia. Pelo pouco que se sabe, o paciente teria sido algemado e tratado de forma desproporcional, com ampla exposição midiática, fato a ser apurado posteriormente", escreveu.
Além disso, o magistrado também argumentou que Poze já tinha sido investigado em outro processo semelhante e absolvido em primeira e segunda instância.
"É preciso prender os chefes, aqueles que pegam em armas e negociam drogas. O alvo da prisão não deve ser o mais fraco —o paciente, e sim os comandantes de facção temerosa, abusada e violenta, que corrompe, mata, rouba, pratica o tráfico, além de outros tipos penais em prejuízo das pessoas e da sociedade", afirmou Simão.
Segundo a Polícia Civil, as investigações apontam que o artista se apresentava em comunidades dominadas pelo CV, com a presença ostensiva de traficantes armados que fariam a segurança dos eventos.
Um dos vídeos anexados ao inquérito mostra Poze cantando músicas que exaltariam chefes da facção criminosa durante um baile funk na Cidade de Deus, em 17 de maio. Na plateia, um homem com um fuzil grava a apresentação. Dois dias depois, o policial civil José Antônio Lourenço, da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), foi morto com um tiro na cabeça na mesma comunidade.
Durante a operação que resultou na prisão, a polícia também apreendeu um carro de luxo do cantor, uma BMW X6 avaliado em cerca de R$ 1 milhão. Segundo os agentes, o veículo estava com a cor alterada, em desacordo com o documento, o que configura infração administrativa.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários