Conheça o sertanejo que já compôs mais de 20 hits em Vila Velha
Raffa Torres aproveita a tranquilidade da Praia da Costa, em apartamento do cantor Bruno Caliman, para criar sucessos da música sertaneja
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Um apartamento em Vila Velha se tornou o refúgio do cantor e compositor sertanejo Raffa Torres, 34, para compor boa parte de suas músicas. Longe da correria de São Paulo, o local – que tem o cantor Bruno Caliman, 48, como proprietário – é um verdadeiro berço de hits.
Dessa colaboração entre os dois letristas nasceram os sucessos nacionais “Água com Açúcar” (Luan Santana), “Eu Era” (Marcos e Belutti), “Quase” (Cleber e Cauan), “Contrato” (Jorge e Mateus) e “Bom Rapaz” (Fernando e Sorocaba).
“Nasci em São Paulo, fui com 40 dias para Vitória da Conquista, na Bahia, e depois voltei. Vila Velha se tornou a minha terceira casa por conta desses encontros mensais com o Bruno. Pelo menos umas 20 canções que foram top 1 no Brasil a gente escreveu lá na Praia da Costa”, revelou Raffa, ao jornal A Tribuna.
A reportagem esteve em São Paulo no mês passado para participar da coletiva que antecedeu a gravação de seu mais novo audiovisual “Alma”, que contou com as participações de nomes como Dilsinho, Marcos e Belutti, Gustavo Mioto, João Gomes e do próprio Bruno Caliman.
E têm músicas criadas especialmente para esse novo projeto de Raffa que foram feitas em Vila Velha! Entre elas estão “Predisposição”, “Intercâmbio” e “Tadinha”, gravada pelo anfitrião junto com João Gomes.
“Quase tudo que escrevo com o Caliman é feito lá. Em São Paulo a gente fica mais falando da vida dos outros e rodando. Trabalhar mesmo é no Espírito Santo”, brincou Raffa.
Bruno Caliman, que atendeu a reportagem enquanto esperava sua vez de cantar com o amigo e parceiro musical, revelou que há canções do projeto que foram escritas cerca de 10 dias antes da gravação.
“Esse é o ritmo normal das coisas: Tem muita produção e o trabalho de achar a música certa. Vou cantar com ele e Mestrinho, um músico maravilhoso de acordeon da nova geração, a música 'Querendo e Não Podendo'. E me deram logo a parte que tem um trava-língua, estou nervoso pra caramba”, entregou.
Nos bastidores, a reportagem acompanhou o primeiro encontro pessoal entre Caliman e Mestrinho, ambos indicados ao Grammy Latino.
“Eu que dei a ideia de trazer o Mestrinho para a música, enquanto eu e Raffa estávamos num trailer comendo. Falei que ele daria uma luz impressionante”.
“Não tem essa pressa maluca”
A Tribuna - Como começou essa parceria entre você e o Raffa Torres?
Bruno Caliman - Conheci o Raffa em 2014, no estúdio do Sorocaba. Ele se sentou do meu lado, tocou violão, umas músicas bem legais. Depois, ficamos um tempo sem nos vermos, até que surgiu a oportunidade de eu convidar ele para ir ao “601”, meu apartamento, em 2016. E aí ele foi, lembro que ele tinha medo de avião pra caramba.
Sério isso?
Ele tinha um pouco de medo de avião, mas ele começou a ir para Vila Velha de 15 em 15 dias. Então, o Raffa praticamente perdeu o medo indo para Vila Velha para compor comigo. A gente acertou muita música que foi escrita lá.
Ambos estão virando intérpretes, artistas de palco, e saindo dos bastidores...
Cara, é um processo natural. É muito estranho você deixar uma música dentro da gaveta. Você quer ver a criatura viva, né? Então, o compositor compõe e vê aquele monte de música na gaveta, gritando para sair e fala: “me dá aqui”. Pega o microfone e vai cantar.
Por que essa parceria entre vocês deu tão certo?
Acho que pelo respeito, e ele era um cara que se dizia meu fã, me chama de “Brunoídolo”. E a gente tem o mesmo ritmo de compor, sabe? Não é muito apavorado.
A gente vai comer um açaí e volta para fazer um refrão, vai à praia e volta para fazer outra parte da música. Não tem essa pressa maluca que o mercado exige. As pessoas pensam que todo compositor é frenético, que faz mil músicas por dia.
Não! Ele passava períodos de cinco dias lá, e escrevia duas músicas, mas duas músicas que aconteciam no País inteiro. Talvez tenha dado certo por sermos dois baianos, né? É o mesmo ritmo. (Risos) E deu muitos frutos.
Como é a estadia do Raffa em Vila Velha?
Todos os artistas que ficarem no apartamento dão uma volta na rua, na praia. Tato, do Falamansa, Paulo Ricardo... Só com o Luan Santana que é um pouquinho difícil de sair. (Risos) Mas os outros artistas dão uma volta e ficam apaixonados por Vila Velha.
Eles chegam e falam: “cara, eu não acredito que existe esse lugar com essa praia, essa paz, esse bairro arborizado. Mano, você mora num paraíso”. E eu falo: “Pois é, achei o meu canto”. (Risos)
Para quem vive o ritmo de São Paulo, como o Raffa, é muito diferente. É até um escape para ele ir pra lá e ficar hospedado no “601”. É um apartamento feito para a música acontecer.
Foi você que escolheu participar da música “Querendo e Não Podendo”?
Cara, a lei é a seguinte: o dono do DVD escolhe tudo. Até a roupa que você vai vestir. A gente é só uma máquina que chega lá e canta. Vai ficar bonito, cara.
Para o DVD, o Raffa regravou algumas composições que ficaram famosas na voz de outros artistas. Pretende trazer hits de sua autoria para o seu pop rock?
Estou planejando gravar um DVD ao vivo e com público em outubro. Aí vou gravar em rock os hits “Oi” (Léo Magalhães), “Péssimo Negócio” (Dilsinho) e “Cobaia” (Lauana Prado), já registrada para o meu atual álbum, “Calimanismo”.
Eu quero gravar num porão, sabe? Quero colocar um tatuador tatuando, bem underground mesmo, bem pauleira. Mais rock and roll, porque é a minha influência. Os sertanejos pegaram os meus rocks e fizeram sertanejo. (Risos)

Jura?
Sim. Quando ouvi “Oi”, falei: “cara., mas ela é um rock”. Mas maneiro. E foi assim com “Péssimo Negócio”, que virou um pagode, e com “Domingo de Manhã” (Marcos e Belutti) e “Escreve Aí” (Luan Santana) também.
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