Atriz desabafa: “A maternidade precoce me afastou do meu grande sonho”
Atriz que foi mãe na adolescência conta que demorou 15 anos para voltar a trabalhar com o que realmente gosta, que é a atuação
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Ser mãe ainda é o sonho de muitas mulheres. Mas não era exatamente o da atriz Kenny Alberti , 41 anos, que aos 15 teve que largar a escola, as aulas de teatro e sua adolescência por conta de uma gravidez precoce.
“A maternidade precoce me afastou do meu grande sonho por 15 anos, então isso foi pauta de terapia até eu decidir voltar a atuar”, contou em entrevista para o jornal A Tribuna.
Mesmo passando todos os perrengues que uma jovem mãe pode passar, a atriz é apaixonada pela filha, Mylena Alberti, de 26 anos, que é formada em Psicologia.
“Ganhei uma parceria de vida incrível que me apoia muito em tudo que faço. Somos muito amigas e nossa relação é ótima!”, diz.
A Tribuna- Você foi mãe aos 15 anos. Como foi essa experiência? Quais foram os desafios?
Kenny Alberti- Sim, tive uma gravidez na adolescência e foi tudo muito desafiador. Você é obrigada a amadurecer 10 anos em nove meses e mesmo tendo o apoio da família acaba prejudicando muito o desenrolar natural da vida.
Eu ainda estava no ensino médio, tive que parar com o curso de teatro para trabalhar, foi muito desafiador. Mas hoje em dia agradeço, pois ganhei uma parceria de vida incrível que me apoia muito em tudo que faço. Somos muito amigas e nossa relação é ótima! Ninguém acredita quando dizemos que somos mãe e filha, dizem que parecemos irmãs pela pouca diferença de idade (risos).
Como foi retornar à carreira artística aos 30 anos? Sentiu dificuldade?
Sim, foi um processo longo de aceitação, a pressão da idade pesou bastante, pois na época me sentia “velha” para recomeçar, uma bobagem, pura insegurança. Mas de fato o etarismo existe e não tem muitas oportunidades para quem “está começando” aos 30.
Precisei trabalhar e estudar muito para compensar os anos parada. É normal darem oportunidades a jovens justamente porque estão começando, já para quem está com 30 ou mais existe uma obrigação velada de já ter um caminho, isso é bem triste, pois acaba afastando muitos artistas do mercado.
O que fez durante esse período fora dos palcos e da TV?
Trabalhei com várias coisas, iniciei aos 16 como estagiária de banco, depois fui para o mercado de eventos, no qual fiquei durante muitos anos e atuo até hoje, pois ainda não é possível viver apenas da minha atriz.
Fui também vendedora de loja e administradora de uma pequena empresa familiar. No ramo de eventos fiz de tudo, desde demonstração de produtos até coordenação de eventos de grande porte, tanto em Curitiba como no Rio de Janeiro.
Se pudesse mudar seu passado, com que idade gostaria de ter sido mãe?
Isso é interessante, pois eu provavelmente não seria mãe. Durante muitos anos essa foi uma questão para mim, afinal, a maternidade precoce me afastou do meu grande sonho por 15 anos, então isso foi pauta de terapia até eu decidir voltar a atuar. Eu me perguntava sempre o “porquê” até o dia que, num sonho, descobri que ela era uma missão para mim nessa vida, que tinha que ser cedo justamente para sermos parceiras dessa jornada, e tudo fez sentido. Sou de família pequena, infelizmente tive que lidar com perdas precoces também, não sei como teria sido sem ela, pois ter ela sempre trouxe sentido para “continuar”.
Mas nunca tive o desejo de ser mãe, apesar de ter tido muito êxito como mãe, ela é um ser humano incrível e eu morro de orgulho. Mas entendo que a maternidade precisa ser um propósito de vida, as pessoas têm filhos no automático ou para suprir seus vazios e não é por aí, filho é projeto de vida! Para o resto da vida! Você tem a responsabilidade de criar e educar um ser humano! É muito trabalhoso e exige muita dedicação.
Você esteve em cartaz na peça “Na Hora do Adeus”, que fala sobre saúde mental e tem mensagens de superação. Para você, qual a importância de falar sobre esse assunto?
Esse foi um projeto lindo onde fiquei em cartaz por mais de quatro anos. O trabalho falava sobre como continuar após uma grande perda e isso me fez refletir muito sobre os desafios da vida. A verdade é que ninguém quer falar ou pensar na morte, mas isso é um processo natural de todo ser vivo na terra.
Acredito que precisamos desmistificar a morte e conversar mais sobre isso, justamente para quando tivermos que lidar com ela, termos mais força para enfrentar. O palco é esse lugar onde podemos falar abertamente sobre tudo, afinal, muitas pessoas caem em depressões profundas ao perderem alguém, acabam perdendo também o sentido na própria vida, e isso é isso é muito triste.
O que a peça trouxe para você de ensinamento?
Me fez entender melhor todo esse processo sobre saúde mental e depressão que muitas vezes não sabemos muito como lidar, trazendo a importância da empatia e um olhar mais amoroso para quem está passando por esse processo.
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