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Crítica

Curta brasileiro discute identidade cultural e concorre à palma de ouro em Cannes

Filme foi selecionado entre mais de 4.420 obras inscritas e disputa a palma em Cannes


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“Amarela”, o curta-metragem escrito e dirigido pelo nipo-brasileiro, André Hayato Saito, está concorrendo à Palma de Ouro no 77º Festival de Cannes. O filme foi selecionado entre mais de 4.420 obras inscritas e disputa a palma em Cannes.

André Hayato Saito é nipo-brasileiro e vive entre estes dois mundos. Em entrevista diz que sempre se sentiu japonês demais para ser brasileiro e brasileiro demais para ser japonês.

A busca por uma identidade está presente em sua obra.

"Amarela" é uma ferida aberta não só do povo nipo-brasileiro, mas de todos os filhos das diásporas ao redor do globo que se conectam a esse sentimento de serem estrangeiros no próprio país. A personagem Erika, interpretado pela atriz Melissa Uehara, protagonista do curta, representa o desejo de encontrar nosso lugar no mundo. Para realizar o filme, ele compôs uma equipe e elenco majoritariamente nipônicos.

“Amarela” se passa em São Paulo, no dia da final da Copa do Mundo contra a França. Erika é uma adolescente nipo-brasileira, de 14 anos,  que rejeita as tradições de sua família japonesa, está ansiosa para comemorar um título mundial pelo seu país. Em meio a tensão que progride durante a partida, Erika sofre com uma violência que parece invisível e adentra em um mar doloroso de sentimentos.

“Amarela” é a terceira parte da trilogia de curtas da produtora MyMama Entertainement com Saito, que investiga sua ancestralidade japonesa a partir de um olhar autoral e íntimo. Tal busca identitária teve início com o curta “Kokoro to Kokoro”, que abordou os laços de amizade entre sua avó paterna e sua melhor amiga japonesa.

O filme foi eleito melhor documentário no Roma Short Film Festival, sendo exibido também em importantes festivais como o 40º Festival Internacional do Uruguai, o 24º Festival do Rio, o Tokyo International Film Festival (onde ganhou Menção Honrosa), o Hollywood Brazilian Film Festival e a Mostra Internacional de Cinema Atlântico.

A trilogia seguiu com “Vento Dourado”, obra que tem como personagem principal sua avó materna, Haruko Hirata, que aos 94 anos se encontra no limiar do existir. O cineasta explora a relação entre as gerações em um ensaio sobre a morte e a convivência íntima da matriarca com sua filha Sumiko, sua cuidadora por 18 anos.

O curta fez sua estreia em abril deste ano no histórico 46º Festival Internacional de Cinema de Moscou e terá sua estreia europeia no 31º Sheffield DocFest, que acontece em junho de 2024.

“Amarela” será o ponto de partida para o primeiro longa-metragem do diretor “Crisântemo Amarelo”, projeto que sintetiza a trilogia e está em processo de captação.

Saito será este ano uma grande esperança para o cinema brasileiro e poderá trazer para casa esta tão cobiçada palma em curta-metragem.

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