Sesc Glória recebe sinfonia afro-americana com a Oses e soprano capixaba
Os concertos acontecem na quarta-feira (30) e quinta-feira (31) com regência de Dino Nugent com participação da soprano Lorena Pires
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Palco de risos, aplausos e emoção, o Teatro Sesc Glória já recebeu de tudo: do humor afiado às coreografias marcantes. Agora, o espaço abre novamente as cortinas para a música. No fim deste mês, é a vez do estilo clássico tomar conta do palco com mais uma apresentação da Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo (Oses), que se apresenta na próxima quarta-feira (30) e quinta-feira (31), às 20 horas, no Centro de Vitória, pelas séries Pré-estreia e Concertos Sinfônicos.
A Oses chega com a temática “The Afro-American Symphony”. Os dois dias de concerto contam com a presença da soprano Lorena Pires e regência do maestro panamenho Dino Nugent.
Para os amantes da música orquestral, os ingressos já estão à venda na bilheteria do Sesc Glória e também pela internet através deste link com os respectivos valores: R$ 20,00 - inteira, R$ 15,00 - conveniado, R$ 12,00 - cartão empresário e R$ 10,00 a meia-entrada para comércio ou mediante apresentação de um quilo de alimento não perecível.
A realização é da Cia de Ópera do Espírito Santo (Coes), Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo (Oses), Governo do Estado do Espírito Santo, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria da Fecomercio/Sesc e apoio institucional da Rede Gazeta.
Veja uma das apresentações da Oses
Sobre o maestro
Formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil) com Bacharelado em Composição e Bacharelado em Regência Orquestral, Dino Nugent é regente, pianista, compositor e arranjador. Nugent também obteve um Mestrado em Música na Universidade de Rutgers, no estado de Nova Jersey, através de uma bolsa do prestigiado Programa Fulbright (Departamento de Estado, EUA). Como compositor, criou música para concertos, filmes, ballet e publicidade, que alcançaram audiências em todo o mundo. Foi fundador e diretor da Rede de Orquestras e Coros Juvenis do Panamá. Sua colaboração com figuras renomadas da música latino-americana o levou a participar de várias produções discográficas das quais cinco foram premiadas com os Grammy Award e Latin Grammy.
Sobre a soprano
Sendo a primeira brasileira ser admitida na prestigiada Academia de Ópera de Paris, a capixaba Lorena Pires estuda sob orientação do baixo-barítono Licio Bruno e foi vencedora no 2º Concurso de Canto Joaquina Lapinha (2023), em São Paulo e foi vencedora do 2º lugar na categoria 18 a 25 anos no 2º Concurso de Canto Natércia Lopes, em Vitória (2023). Interpretou Lauretta (Gianni Schicchi, de G. Puccini) no TMRJ, Arbace (Catone in Utica, de A. Vivaldi), com o grupo A Trupe Barroca; Zweite Dame (Die Zauberflöte, de W. A. Mozart) no Ópera Studio Coletivo das Artes e Anna (Nabucco, de G. Verdi) no TMSP em 2024.
Notas sobre o repertório
Escrita em 1932 pela compositora norte-americana Florence Price (1887-1953), Ethiopia’s Shadow in America (A Sombra da Etiópia na América) trazia em seu programa original um roteiro feito pela própria compositora. Os títulos dos movimentos no manuscrito original descrevem a jornada de vida de tantos africanos que foram transportados para os Estados Unidos e escravizados . “A Chegada do Negro à América quando trazido aqui pela primeira vez como escravizado”, “Sua Renúncia e Fé” e “Sua Adaptação, uma fusão de seus impulsos nativos e adquiridos” contribuem para a narrativa da obra e sua compreensão.
Já no ano de 1934, Summertime foi uma das primeiras composições de George Gershwin (1898-1937) para sua ópera Porgy and Bess. A canção, inspirada no jazz, é uma canção de ninar que Clara, uma jovem mãe, canta para seu bebê na tentativa de embalá-lo para dormir ao entardecer.
A composição de Travesias, de Dino Nugent, deu-se por meio de uma encomenda do Programa de Dança Moderna do Balé Butler, da Universidade Butler, de Indianápolis, Indiana. Nesta obra, Nugent explora uma ideia que tem sido uma motivação recorrente em algumas de suas composições: a união de elementos melódicos e rítmicos (até mesmo emocionais) das primeiras raças ou etnias que deram origem à diversidade cultural pan-americana, que são os indígenas americanos, os caucasianos europeus e os negros africanos. Apresentada pela primeira vez em 31 de julho de 2019, no Teatro Balboa, na Cidade do Panamá, pela Orquestra Sinfônica Nacional do Panamá, sob a regência do próprio compositor e nos EUA, em 2023.
A Afro-American Symphony (Sinfonia Afro-Americana), de William Grant Still (1895-1978), começou a ser esboçada em 1924, porém ele interrompeu o trabalho, retomando-o em 1930. A obra foi estreada em outubro de 1931, pela Filarmônica de Rochester. Nela, Grant Still une o gênero do blues com o da música sinfônica. A maneira como Grant Still construiu este encontro de dois gêneros musicais foi engenhosa e inovadora do início ao fim. O primeiro movimento em forma de sonata livre, apresenta uma estrutura comum de três partes na qual duas melodias são introduzidas, desenvolvidas e repetidas ao longo do movimento. A primeira melodia, tocada por um trompete surdina, sobrepõe-se ao padrão harmônico instantaneamente reconhecível do blues de 12 compassos. Com seu arco abrangente e síncope suave, a segunda melodia, introduzida pelo oboé, lembra um negro spiritual. Os dois movimentos seguintes capturam estados de espírito distintos com material melódico emprestado do primeiro movimento é transformado em novos contextos. Com seus timbres sombrios, o segundo movimento é uma clara expressão de tristeza. O terceiro movimento, que acrescenta um banjo para obter um colorido único, é um salto de alegria. O quarto movimento inicia-se com uma melodia pungente que apresenta algumas das mais belas composições orquestrais de Still. Uma passagem longa e comovente finalmente dá lugar a uma reminiscência do tema original do blues em uma coda impetuosa.
Serviço
Série Pré-estreia e Concertos Sinfônicos | The Afro-American Symphony
- Data: Quarta-feira (30) e quinta-feira (31)
- Hora: Às 20 horas
- Local: Sesc Glória | Av. Jerônimo Monteiro, 428 - Centro, Vitória - ES, Brasil
- Ingressos: A partir de R$ 10,00
*Estagiária sob supervisão de Weslei Radavelli.
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